domingo, 9 de novembro de 2025

“José Azevedo volta à carga: críticas, calendários e o caso Mauricio Moreira “Quem devia escrever comunicados agora, não escreve”


Por: Carlos Silva

Em parceria com: https://ciclismoatual.com

Em entrevista ao podcast Sobr’Watts, o director desportivo da Efapel Cycling, José Azevedo, regressou aos temas que marcaram o final da Volta a Portugal de 2025. O antigo ciclista voltou a reafirmar as suas declarações sobre o doping, o estado do ciclismo português e a necessidade de competir no estrangeiro, reforçando que não se arrepende de nada do que disse. Azevedo abordou ainda a polémica em torno de Mauricio Moreira, que está de saída da Efapel para representar a Feirense-Beeceler em 2026.

 

“Hoje respondia exactamente igual”


Confrontado com as críticas que recebeu após as declarações no final da Volta a Portugal, José Azevedo manteve-se firme. “Sim, sim, sem dúvida, não me arrependo. Fizeram-me perguntas sobre o ciclismo português, o estado do ciclismo português e o futuro do ciclismo português e sobre o projecto Efapel. Eu respondi aquilo que eu penso. Hoje respondia exactamente igual.”

O director desportivo da Efapel considera que o tempo acabou por lhe dar razão. “Infelizmente, se calhar não estava tão errado com aquilo que disse. Apesar de ser acusado, de quase me terem insultado. Houve um comunicado que saiu que foi quase um insulto à minha pessoa. Houve alguém que se deu ao trabalho de escrever um comunicado a insultar-me como pessoa. Mas são opiniões. São posições. Mas se calhar quem escreveu esse comunicado devia agora escrever um comunicado. Agora é que devia escrever um comunicado. Agora é que era o momento de escrever um comunicado.”

Apesar das polémicas, Azevedo garante que as suas intenções sempre foram positivas. “Eu não quero fazer mal ao ciclismo. Eu não ganho nada em fazer mal ao ciclismo.” E remata: “As pessoas, se estiverem atentas, vêm que se calhar não me enganei. Eu não sou doido.”

 

“Queremos competir dentro das regras”

 

Sobre o problema do doping e o impacto que estas situações têm na modalidade, José Azevedo foi peremptório. “Deus queira que não. Não me alegra nada este tipo de situações. Não fico contente com isso. Agora, qualquer equipa em qualquer modalidade, não é só no ciclismo, queremos competir sempre havendo cumprimento dos regulamentos, havendo ética, havendo honestidade. Só assim é que se consegue competir. E quando eu falo não é porque perdi ou ganhei. Esta é a minha opinião. Não é a opinião de um perdedor.”

O responsável máximo da Efapel destacou ainda a seriedade do projecto que lidera. “Eu orgulho-me da equipa que tenho, do projecto que construí, tenho orgulho em dizer que a empresa Efapel está satisfeita com o projecto que existe há quatro anos. É um projecto sério a todos os níveis, que cumpre rigorosamente tudo. Mas queremos competir dentro das regras.”

E acrescentou, em tom crítico: “Então para que é que se fazem os regulamentos? Então não os fazemos. Andamos a perder tempo e andamos a brincar uns com os outros. Mas se for para entrar nesse jogo, eu não vou andar aqui muito tempo. Por muito que goste de ciclismo, por muito que goste do projecto que montei, eu não vou andar muito tempo a fazer figura de parvo.”

 

“O ideal era que o calendário já fosse oficializado”

 

O director desportivo aproveitou ainda para voltar ao tema do calendário nacional, uma das críticas recorrentes das equipas à Federação Portuguesa de Ciclismo. “Esse era o nosso objectivo. No entanto, a Federação, numa reunião que teve com os clubes, não sei se isso já está no regulamento ou não, mas o que nos disseram foi que a partir de 2026 as equipas portuguesas são obrigadas a cumprir todas as provas do calendário nacional com um mínimo de cinco ciclistas. Se isso for aprovado e passar a regulamento, isso vai limitar muito a possibilidade das equipas portuguesas de fazer calendário internacional.”

Azevedo explica que a medida exigirá mais meios humanos e financeiros. “A não ser que tenham capacidade para ter 14, 15 ciclistas e estruturarem-se para duas frentes. Isso obriga ao dobro dos directores, massagistas, mecânicos, ao dobro de veículos. E isso, a nível orçamental, obriga a um maior investimento. Isso vai limitar as nossas opções. Temos de cumprir as regras porque somos uma equipa portuguesa.”

Sobre o planeamento da próxima temporada, o dirigente lamenta os atrasos na publicação do calendário oficial. “Mas estamos a ver algumas corridas do calendário internacional. O calendário nacional ainda não saiu. Há provas internacionais que já sabemos, o calendário UCI já saiu. As provas nacionais, pelo que se fala, vamos sabendo onde vão ser colocadas, mas oficialmente o calendário ainda não saiu. Quando ele for oficial, sabemos as datas e então vamos procurar fazer algumas provas internacionais. Estamos em novembro. O ideal é que o calendário já fosse oficializado. Estes atrasos, estes timings, não beneficiam em nada o ciclismo.”

 

O caso Mauricio Moreira: “Ele devia ter dito a verdade”

 

Azevedo falou também sobre Mauricio Moreira, que rescindiu com a Efapel. “Não me arrependo de o ter contratado. Podia ter terminado de outra maneira. Ele devia ter dito a verdade. Atirar assim acusações que soam um bocado a desculpas, não beneficiou em nada o Mauricio.”

O dirigente explica o contexto da época difícil do uruguaio. “Quando eu ouço aquelas palavras, criam-me alguma indignação. O Mauricio desde que chegou à equipa teve alguns problemas físicos. Grande parte do ano não competiu por estar lesionado. Ele correu no Beiras, que teve a infelicidade de cair logo na primeira etapa, foi transportado para o hospital e acabou por abandonar. Na semana a seguir veio fazer o Abimota limitado. Estávamos em maio, junho. Ele estava a regressar à competição, não podíamos esperar que tivesse uma grande prestação. Depois foi ao Douro, na primeira etapa acabou por se ressentir novamente da lesão e abandonou, e eu disse-lhe para parar, para não continuar a forçar, porque não sabíamos se ia agravar ou não. Voltou no GP de Torres, fez um bom prólogo, na primeira etapa descolou, na segunda etapa ao quilómetro 40 descolou. Era o último corredor em prova e o primeiro a descolar, e acabou por abandonar essa prova.”

“Uns dias depois foi para estágio com a equipa. Ao terceiro dia abandonou o estágio. Estavam os juniores lá presentes e os profissionais. Os juniores continuaram o estágio, o Mauricio abandonou. Fisicamente não estava capaz. No dia seguinte eu tive uma reunião com ele e disse-lhe que, atendendo a todas essas situações, a situação física dele não permitia que ele fosse correr a Volta a Portugal.”

Segundo o director desportivo, a decisão foi tomada por razões puramente desportivas. “Mas isso era algo lógico, visível. Não é uma acusação. Até analisando tudo o que aconteceu durante o ano, a condição física dele não lhe permitia ir correr a Volta a Portugal. Então ia levar o Mauricio sabendo que a possibilidade dele terminar a prova é reduzida, e deixar em casa um colega que está a trabalhar e dá mais garantias. Era injusto, e isso eu expliquei ao Mauricio.”

“Quando eu ouço nas declarações dele, que foi uma surpresa, eu fico perplexo. Quando alguém que me abandona um estágio ao terceiro dia diz que foi uma surpresa não correr a Volta a Portugal…”

Por fim, Azevedo deixou uma palavra sobre o médico da equipa. “O Dr. Benjamim é o médico da equipa, é a pessoa em que eu confio toda a parte médica. Eu não sou médico, não entendo nada de medicina. Sempre que o Dr. Benjamim me disser que o atleta A, B ou C não deve competir, eu irei seguir as suas palavras.”

Pode visualizar este artigo em: https://ciclismoatual.com/ciclismo/jose-azevedo-volta-a-carga-criticas-calendarios-e-o-caso-mauricio-moreira-quem-devia-escrever-comunicados-agora-nao-escreve

Sem comentários:

Enviar um comentário

Ficha Técnica

  • Titulo: Revista Notícias do Pedal
  • Diretor: José Manuel Cunha Morais
  • Subdiretor: Helena Ricardo Morais
  • Periodicidade: Diária
  • Registado: Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº: 125457
  • Proprietário e Editor: José Manuel Cunha Morais
  • Morada: Rua do Meirinha, 6 Mogos, 2625-608 Vialonga
  • Redacção: José Morais
  • Fotografia e Vídeo: José Morais, Helena Morais
  • Assistência direção, área informática: Hugo Morais
  • Sede de Redacção: Rua do Meirinha, 6 Mogos, 2625-608 Vialonga
  • Contactos: Telefone / Fax: 219525458 - Email: josemanuelmorais@sapo.pt noticiasdopedal@gmail.com - geral.revistanoticiasdopedal.com