Por: Carlos Silva
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O selecionador nacional da
Eslovénia, Uroš Murn, está convencido de que Tadej Pogacar vai conquistar os
dois únicos Monumentos que ainda lhe faltam, a Milan–Sanremo e a Paris–Roubaix,
tornando-se assim, o primeiro ciclista desde Rik Van Looy a vencer os cinco
Monumentos.
Numa entrevista ao podcast
SOS-Odmev, após o fim da temporada de 2025, Murn afirmou com confiança que o
ciclista da UAE Team Emirates – XRG acabará por completar o seu palmarés.
“Acredito genuinamente que ele vai ganhar os dois Monumentos. Talvez não na próxima
tentativa, mas eventualmente numa próxima oportunidade ele irá consegui-los.”
A afirmação pode parecer
ousada, mas é sustentada pelos números. Pogacar já venceu a
Liège–Bastogne–Liège três vezes (2021, 2024 e 2025), Il Lombardia por cinco
anos consecutivos (2021–2025) e a Volta à Flandres em 2023 e 2025. Em 2025,
terminou 2.º em Roubaix, apenas batido por Mathieu van der Poel e 3.º em
Sanremo pela segunda temporada seguida.
“Roubaix
é uma questão de tempo”
Para Murn, a vitória na
Paris–Roubaix é inevitável. “Ele já terminou em segundo numa corrida em que a
força bruta decide o resultado e ele tem força de sobra. Essa potência
traduz-se bem nos empedrados. Talvez não aconteça na próxima, mas vai
acontecer. A única barreira real é a sorte. Um furo ou um problema mecânico e
tudo muda.”
O selecionador esloveno vê na
evolução técnica e na experiência de Pogacar a chave para quebrar a
imprevisibilidade da clássica do Inferno do Norte.
Ainda assim, Murn acredita que
a primeira grande vitória que lhe escapa poderá surgir na Milan–Sanremo, uma
corrida onde Pogacar tem mostrado progressos constantes (12.º em 2020, 5.º em
2022, 4.º em 2023, 3.º em 2024 e 2025).
“Acredito que ele vai ganhar
primeiro a Sanremo”, disse. “A UAE precisa de endurecer a corrida nas subidas
de Melo, Cervo e Berta, antes da Cipressa e do Poggio. Têm de eliminar os
ciclistas mais pesados e não deixar que recuperem terreno. Se fizerem isso, o
Tadej pode vencer.”
“Não se
diz ao Tadej o que fazer, ouve-se”
Murn sublinha que o segredo do
sucesso de Pogacar está na sua inteligência competitiva e na autonomia dentro
da corrida: “Ele é um ciclista muito inteligente. Discutimos o percurso, mas no
fim, ele sabe exatamente onde pode fazer a diferença. O resto da equipa
adapta-se a ele.”
A prova dessa visão foi dada
no último Campeonato do Mundo em Kigali, onde Pogacar atacou a 104 km da meta,
no Monte Kigali, e resistiu a todos os perseguidores para conquistar a camisola
arco-íris.
“Ele sabe que quando abre um
espaço, pode mantê-lo. O Evenepoel é um melhor contrarrelogista e é muito forte
nas planícies. Mas nas subidas não o acompanha e o Tadej sabe disso. Ele nunca
ultrapassa os limites, os outros é que o ultrapassam.”
O legado
em construção
A confiança de Murn não é
cega, mas fruto de anos a observar a evolução táctica e emocional de Pogacar. O
esloveno transformou o talento explosivo da juventude numa máquina de
consistência e leitura de corrida, dominando em todos os tipos de terrenos, das
montanhas das Grandes Voltas aos empedrados da Flandres.
Com três Monumentos já
conquistados e os outros dois ao seu alcance, Pogacar tem agora a oportunidade
de juntar o seu nome aos de Van Looy, Merckx e De Vlaeminck, os únicos da
história a vencer os cinco. “Ele ainda não acabou o seu trabalho. Nem de perto”,
conclui Murn.
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