quarta-feira, 15 de outubro de 2025

"Não me deixavam correr com os rapazes porque eu ganhava-lhes e os pais queixavam-se" - Será Paula Ostiz o futuro do ciclismo espanhol?”


Por: Ivan Silva

Em parceria com: https://ciclismoatual.com

Aos 18 anos, Paula Ostiz, natural de Pamplona, é já apontada como um dos maiores talentos emergentes do ciclismo espanhol e mundial. Em 2025, protagonizou uma época histórica ao conquistar quatro medalhas internacionais nas categorias juniores:

Ouro na estrada e ouro no contrarrelógio no Campeonato da Europa,

Ouro na estrada e prata no contrarrelógio no Campeonato do Mundo.

Em 2026, Ostiz dará o salto para o WorldTour, assinando pela Movistar Team, equipa com a qual se estreará no pelotão profissional, num contrato válido até 2028.

Em entrevista ao Mundo Deportivo, a jovem campeã falou dos seus inícios, ambições e referências, revelando uma maturidade impressionante para a sua idade.

 

Início e personalidade

 

“Dir-vos-ia que sou uma jovem de 18 anos com muita ambição na bicicleta e que gosta de desfrutar da estrada. Primeiro começaram os meus irmãos, Toni e Raúl, e o meu pai sempre foi fã do Miguel Indurain. Ele inscreveu os meus irmãos no ciclismo e, desde os quatro ou cinco anos, eu ia vê-los. Aos seis, inscreveram-me também e cresci assim”, contou.

“Lembro-me de dizer aos meus pais, com seis anos, que no dia em que me inscrevessem seria para ganhar, que não estava ali para perder tempo. Sempre disse que queria ganhar tudo, embora saiba que é preciso ir passo a passo. Agora que vou dar o salto para o WorldTour, é outro mundo.”

Desde cedo, o talento de Paula Ostiz destacou-se naturalmente. Mais do que o treino, a jovem demonstrou um instinto competitivo raro e uma predisposição natural para vencer.

 

Competitividade e evolução

 

“Não me lembro da minha primeira corrida, mas comecei nas provas de jovens e já ganhava aos rapazes. Fui crescendo nas corridas mistas até deixarem de me deixar correr com eles, porque os vencia e havia pais que se queixavam. Passei a correr com raparigas e tornou-se aborrecido”, recordou.

Em 2025, como júnior de segundo ano, consolidou o seu estatuto de fenómeno ao dominar o cenário internacional. O triunfo no Campeonato do Mundo em Kigali, aliado aos dois títulos europeus, confirmou que Ostiz está um nível acima das suas rivais.

“Eram objetivos que defini e que alcancei graças ao trabalho com o meu treinador. Foi uma alegria imensa conseguir estas vitórias, e tenho de agradecer muito ao Imanol Etxarri, que está sempre ao meu lado, nos bons e nos maus momentos.”

 

O salto para o World Tour

 

Apesar da juventude, a passagem para o World Tour era inevitável. Várias equipas de topo mostraram interesse, mas a Movistar Team assegurou a contratação da prodígio espanhola.

“Por agora, não tenho calendário definido, mas acredito que farei as clássicas e verei como me saio. Queria assinar pela Movistar. A equipa da Emirates não era o que é hoje e preferi ficar na equipa da casa, crescer aqui e aprender pouco a pouco.”

O contrato estende-se até 2028, e a estreia deverá ocorrer no World Tour Feminino.

 

Estilo e ambições

 

“Não sei bem o meu estilo, tenho de o descobrir. Na próxima época, quando entrar no World Tour, veremos onde posso melhorar. Sei que nas longas subidas ainda tenho de evoluir”, explicou.

Questionada sobre se se vê como candidata a Grandes Voltas no futuro, Ostiz foi clara: “Sim, vejo-me lá. Tenho boas perspetivas para o Giro, o Tour ou a Vuelta, mas ainda é muito cedo. Em todas as corridas gosto de me divertir, de partilhar o esforço com as colegas e com a equipa. É preciso desfrutar, senão isto perde a graça.”

 

Referências e ídolos

 

Inspirada por grandes nomes do pelotão masculino e feminino, Paula Ostiz não esconde a admiração por Alejandro Valverde, figura lendária da Movistar.

“Desde pequena que sou uma grande fã do Valverde. O facto de ele ter estado ao meu lado no dia em que ganhou o Campeonato do Mundo de 2018 foi incrível. Sempre gostei da sua ambição e da forma como nunca desistiu. Quis ganhar um Mundial e conseguiu-o aos 38 anos.”

Entre os ciclistas que mais aprecia, destaca Tadej Pogacar, Remco Evenepoel, Demi Vollering, Marlen Reusser, Lotte Kopecky e Riejanne Markus.

Com uma combinação rara de talento natural, ambição e mentalidade vencedora, Paula Ostiz representa o futuro do ciclismo espanhol. Em 2026, a sua estreia no World Tour será acompanhada com enorme expectativa e poucos duvidam de que o seu nome será, em breve, sinónimo de vitórias nas grandes voltas femininas.

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