Por: Ivan Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A Comissão Anti-Violência
espanhola anunciou esta semana sanções propostas a 53 manifestantes envolvidos
nas ações de protesto que marcaram a Volta a Espanha 2025, uma das edições mais
politicamente tensas de uma Grande Volta nos últimos anos.
Segundo o Ministério do
Interior, os implicados poderão enfrentar multas entre 1 500 e 5 000 euros e
proibições de entrada em recintos desportivos por períodos de três a doze
meses. As medidas resultam dos incidentes registados em três etapas da corrida,
nos quais vários manifestantes invadiram a estrada e entraram em confronto
direto com as forças de segurança.
Manifestações
no País Basco e no Norte de Espanha
Os protestos concentraram-se
sobretudo durante as primeiras semanas da prova. No País Basco, durante a etapa
com partida em Bilbau, a Ertzaintza interveio em confrontos que resultaram em
14 multas e quatro detenções.
Mais tarde, nas Astúrias e em
Pontevedra, a Guardia Civil propôs sanções contra 39 pessoas, incluindo 12
detidas por tentarem bloquear a estrada e por se acorrentarem a barreiras de
proteção durante a 13ª etapa.
A situação levou os
organizadores da Vuelta a neutralizar partes do percurso e a reforçar a
segurança em torno dos autocarros das equipas, das zonas de partida e de
chegada. O ambiente tenso foi descrito por ciclistas e membros das equipas como
“sem precedentes numa Grande Volta”.
A
tempestade política que marcou a Vuelta
A edição de 2025 ficou marcada
por protestos políticos relacionados com a guerra em Gaza, que usaram a
visibilidade da corrida como palco de reivindicação. O alvo principal dos
manifestantes foi a Israel - Premier Tech (IPT), cuja presença se tornou um símbolo
controverso.
Apesar dos apelos da equipa
para não ser usada como instrumento político, a sua participação desencadeou
debates acesos e dividiu opiniões dentro e fora do pelotão. O impacto mediático
e a visibilidade internacional transformaram a Vuelta num campo de batalha
simbólico entre ativismo político e integridade desportiva.
Nos bastidores, tanto a UCI
como os organizadores das Grandes Voltas têm vindo a discutir novos protocolos
de segurança e gestão de crises, tendo em conta o risco crescente de
manifestações em eventos de grande escala.
Repercussões
e mudanças estruturais
Em resposta à polémica, o
Israel - Premier Tech anunciou que retirará a palavra “Israel” do nome da
equipa em 2026, numa decisão apresentada oficialmente como uma reformulação
comercial, mas amplamente interpretada como um esforço para reduzir a carga política
em torno da marca.
Além disso, Sylvan Adams, um
dos principais investidores e a figura pública da equipa, afastou-se das
operações quotidianas, sinalizando uma tentativa de despolitizar o projeto.
As sanções agora propostas
pela Comissão Anti-Violência representam o primeiro desfecho jurídico concreto
dos protestos, mas novos processos poderão seguir-se, segundo fontes do
Ministério do Interior.
O
desporto no epicentro da política
Com o ciclismo cada vez mais
exposto às tensões sociais e geopolíticas globais, as Grandes Voltas enfrentam
um desafio crescente: como proteger a integridade desportiva sem ignorar as
realidades políticas que os rodeiam.
A Volta a Espanha 2025 ficará,
assim, como um ponto de viragem uma edição em que a estrada e a política se
cruzaram de forma inevitável, deixando uma reflexão profunda sobre o papel do
ciclismo num mundo em mudança.
Pode visualizar este artigo
em: https://ciclismoatual.com/ciclismo/53-manifestantes-recebem-multas-e-proibicoes-apos-confrontos-com-a-policia-espanhola-durante-a-vuelta-2025
Sem comentários:
Enviar um comentário