Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A revelação do percurso da
Volta a França 2026 dividiu opiniões entre especialistas e adeptos, mas para
Ned Boulting, uma das vozes mais reconhecidas e respeitadas na cobertura da
corrida, o traçado ficou aquém das expectativas. No seu habitual tom direto, o
comentador britânico lamentou a ausência de contrarrelógios longos, de
elementos diferenciadores e de etapas com terreno mais imprevisível.
“Parece muito
contra-intuitivo, depois de anos a lutar contra isto, mas agora anseio pelo
tempo em que havia um contrarrelógio individual plano de 50 ou 60 quilómetros”,
afirmou Boulting no podcast Never Strays Far.
A edição de 2026 contará
apenas com 27 quilómetros de contrarrelógio individual, num percurso irregular
e técnico, o que segundo Boulting retira espaço aos verdadeiros especialistas
da disciplina.
Desvantagem
para Evenepoel, vantagem para Pogacar
A escassez de quilómetros ao cronómetro poderá complicar as ambições de Remco Evenepoel, que se estreará na Red Bull – BORA – hansgrohe em 2026, mas encontrará um traçado pouco favorável às suas características.
“Penso que o Remco Evenepoel
ficará legitimamente desiludido por não ter sido incentivado a vir à Volta a
França e a lutar pela vitória, porque o tipo de ciclista que se destacará nesse
contrarrelógio chama-se Tadej Pogacar”, analisou.
Boulting considera que o
esloveno parte novamente como o grande favorito, independentemente das
condições.
“É um percurso em que, mesmo
que ele não esteja na sua melhor forma, dificilmente perde. Não há empedrados,
não há etapas com ventos cruzados e não há gravilha — três elementos que nos
habituámos a ver nos últimos anos. É dececionante que tenham desaparecido”,
lamentou o jornalista.
“Demasiado
Alpe d’Huez” para um só Tour
Entre os elementos que mais
têm marcado o debate sobre o percurso, destaca-se o duplo Alpe d’Huez, incluído
nas etapas 19 e 20. Para Boulting, repetir o ícone alpino em dois dias
consecutivos é um erro de conceito.
“Compreendo que o Alpe d’Huez
é central na identidade da Volta a França, mas nem sempre proporciona grandes
corridas. Por vezes, mostra a prova no seu pior. Fazê-lo duas vezes parece-me
um exagero”, comentou.
A etapa 19 será curta, com
subida integral pela vertente clássica, enquanto a etapa 20, a última de
montanha, que incluirá Col du Télégraphe, Col du Galibier, Col de la Croix de
Fer e Col de Sarenne, terminando novamente em altitude no Alpe d’Huez.
Boulting reconhece, porém, que
o final promete espetáculo.
“Não é apenas a subida de 13
quilómetros. Há uma descida, um planalto e depois a passagem pelo Sarenne, que
apesar de não ser muito exigente após o Galibier, dá mais profundidade à etapa.
Se um grupo reduzido passar o Galibier, teremos uma grande batalha pela
vitória.”
A tradicional chegada a Paris
também sofrerá alterações, com a inclusão da subida a Montmartre antes da meta,
algo que Boulting vê com bons olhos. “Estou satisfeito por terem mudado
ligeiramente o final, equilibrando de novo a questão sobre se um sprinter pode
ou não vencer em Paris. Isso torna tudo mais emocionante.”
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