Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A morte de Muriel Furrer
durante o Campeonato do Mundo de 2024, em Zurique, foi um dos episódios mais
marcantes e dolorosos da história recente do ciclismo. O acidente fatal da
jovem suíça de 18 anos voltou a colocar em evidência fragilidades preocupantes
nos protocolos de segurança da modalidade.
Furrer caiu durante a prova de
estrada feminina de juniores, numa zona florestal afastada do percurso
principal, sem que ninguém assistisse ao acidente. Sem um sistema de
localização por GPS ou comunicação por rádio, algo que não é permitido nos
Campeonatos do Mundo de estrada, a ciclista permaneceu desaparecida durante
cerca de hora e meia. Quando foi finalmente encontrada, já em estado crítico,
não resistiu aos ferimentos.
“É difícil saber se as
conclusões nos trarão paz. É evidente que foi cometido um erro grave. A Muriel
só foi encontrada 90 ou 100 minutos após o acidente. Se tivesse sido descoberta
mais cedo, talvez tivesse tido uma hipótese de sobreviver”, afirmou o pai da
ciclista, em declarações ao Le Temps.
As circunstâncias do acidente
continuam envoltas em incerteza. A investigação oficial permanece sem
conclusões definitivas e as questões sobre a demora no socorro continuam por
responder. “Muitas perguntas continuam sem resposta. Mas quando acontece um erro,
há inevitavelmente pessoas responsáveis”, acrescentou o pai, visivelmente
abalado.
A ausência de rádios de
corrida, uma regra que distingue os Campeonatos do Mundo das restantes provas
profissionais, tornou-se um dos pontos mais controversos do caso. Num contexto
onde cada segundo é vital, a falta de comunicação direta entre atletas, diretores
desportivos e organização pode ter sido determinante.
“Quando soubermos exatamente o
que aconteceu e quem tem a responsabilidade, talvez possamos evitar que uma
tragédia destas volte a acontecer”, sublinhou o pai de Furrer.
Uma
discussão mais ampla sobre segurança
A tragédia de Zurique reabriu
o debate sobre a segurança no ciclismo em várias frentes. Para muitos
especialistas, as falhas não se limitam à ausência de rádios ou sistemas de
rastreio, mas estendem-se à concepção do próprio material utilizado nas corridas.
Um dos pontos levantados pelo
pai de Muriel Furrer prende-se com os capacetes de contrarrelógio, cuja
prioridade é a aerodinâmica e não a proteção. O exemplo mais citado é o do
suíço Stefan Küng, que sofreu um violento acidente no Campeonato da Europa de
2023, terminou a prova ensanguentado e mais tarde foi-lhe diagnosticada uma
concussão.
“Precisamos realmente de
melhorar a segurança dos ciclistas. As bicicletas e os equipamentos são
concebidos para serem rápidos, não para proteger. Isso tem de mudar”, afirmou.
A morte de Muriel Furrer expôs
um problema estrutural: a discrepância entre o desenvolvimento tecnológico
focado no desempenho e a ausência de progresso equivalente na segurança. Um ano
depois, continua a faltar uma resposta clara e, sobretudo, medidas concretas
que garantam que tragédias como esta não se repitam.
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