Por: Ivan Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A Volta a França 2026 já tem o
seu percurso oficial, e as primeiras reações surgiram no podcast The Move, de
Lance Armstrong e Johan Bruyneel, dois nomes que conhecem o Tour como poucos. A
dupla elogiou o desenho do percurso e o equilíbrio entre montanha, etapas
planas e contrarrelógios, mas concentrou-se sobretudo na batalha mental e
física de Tadej Pogacar, que tentará conquistar o seu quinto título, igualando
Anquetil, Merckx, Hinault e Induráin.
“Apesar de todos sabermos que
há um grande favorito, a incerteza manter-se-á até às etapas 18, 19 e 20,
porque são extremamente duras”, destacou Armstrong.
Um Tour
com montanha desde o primeiro dia
A edição de 2026 arranca em
Barcelona, com um contrarrelógio por equipas de 19 quilómetros e duas subidas
curtas. Para Armstrong, este arranque favorece Pogacar e a UAE Team Emirates,
que podem fazer a diferença logo no início: “Esse formato dá uma vantagem a
Pogacar, porque vai ter alguém da sua equipa que pode subir essas rampas com
ele, seja Del Toro ou outro colega de equipa.”
O percurso apresenta 21
etapas: oito de montanha (cinco com final em alto), sete planas e quatro
onduladas, somando 54.000 metros de desnível positivo, mais 6.000 do que em
2025. Armstrong sublinha que as jornadas decisivas estarão bem distribuídas:
Pirinéus (etapa 6) com Aspin e
Tourmalet.
Maciço Central (etapa 10) com
terreno traiçoeiro.
Vosges (etapa 14), onde
Pogacar já brilhou.
Alpes, com o duplo Alpe d’Huez
nas etapas 19 e 20.
“Estas três etapas
consecutivas farão a diferença no final. É aí que o Tour se ganha ou se perde”,
afirmou Armstrong.
Pogacar,
o favorito absoluto
Segundo Armstrong, “o mais
forte vence”, e esse continua a ser Tadej Pogacar. O norte-americano considera
o esloveno praticamente imparável, independentemente do perfil do percurso:
“Não importa o percurso. Quando se está ao nível de ganhar o Tour, não há
terreno que nos possa parar.”
Jonas Vingegaard surge como o
principal rival, com Remco Evenepoel, Florian Lipowitz, Oscar Onley e Felix
Gall mencionados como outsiders. No entanto, Armstrong reforça o domínio
coletivo da UAE Team Emirates: “Se dissermos que Pogacar é o número um e Jonas
o segundo, o terceiro e o quarto lugares são provavelmente da equipa de
Pogacar. Isso dá-lhe um enorme reforço.”
O contrarrelógio individual da
16ª etapa, de 27 quilómetros com os primeiros 10 a subir, também é apontado
como desfavorável a Evenepoel. “Não é o tipo de percurso onde ele pode bater os
especialistas da montanha”, explicou Armstrong.
A pressão
e o desafio mental
Para Armstrong, o maior
obstáculo de Pogacar em 2026 será mental. O ex-campeão sabe por experiência
própria o peso de defender múltiplos títulos no Tour: “Não há nenhum ciclista
que possa ignorar tudo o que se passa à sua volta. É um fardo mental, mas, se
for preciso, ele é um assassino na última semana. Trata-se apenas de gerir a
pressão e as expectativas.”
Pogacar sentiu sinais de
fadiga na última semana do Tour 2025, mas mesmo assim conquistou o quarto
triunfo consecutivo. Armstrong acredita que a chave estará em controlar o
desgaste psicológico e manter o foco quando os dias decisivos chegarem aos
Alpes.
A leitura
tática de Johan Bruyneel
O antigo diretor desportivo da
US Postal e da Discovery Channel, Johan Bruyneel, partilha a opinião de
Armstrong: o percurso é “muito equilibrado” e foi desenhado para manter o
suspense até ao último fim de semana. “As etapas mais difíceis estão no final,
o que mantém a emoção até ao último dia”, afirmou Bruyneel.
Também destacou o impacto do
contrarrelógio por equipas em Barcelona, que poderá estabelecer uma hierarquia
tática desde o início: “Isso permite ver como os líderes são apoiados pela
equipa, e pode criar pequenas diferenças estratégicas logo na primeira etapa.”
Tal como Armstrong, o belga
não vê rivais consistentes à altura de Pogacar e Vingegaard: “Nos últimos anos
vimos que Pogacar e Jonas estão um passo acima dos outros. Mais ninguém tem a
capacidade de os desafiar de forma consistente.”
E acrescenta: “Se dissermos
que Pogacar é o número um e Jonas o segundo, as posições três e quatro estarão
provavelmente na equipa de Pogacar, como Del Toro ou Almeida. Isso dá-lhe muito
controlo sobre a corrida.”
O
veredito
A análise conjunta de
Armstrong e Bruyneel resume-se a uma convicção: a Volta a França 2026 é feita à
medida dos trepadores, e Pogacar parte com todas as cartas na mão para igualar
os maiores nomes da história.
As últimas três etapas de
montanha (Solaison, Alpe d’Huez e a rainha de Le Bourg-d’Oisans) serão, segundo
ambos, o campo de batalha final onde o esloveno poderá consolidar o seu nome
entre os imortais.
“O favorito é Pogacar. Em
segundo lugar, Jonas. Depois disso, os que ocupam os outros lugares do pódio
estarão provavelmente na equipa de Pogacar”, concluiu Armstrong.
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