Por: Ivan Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A Volta a França 2026 promete
um formato diferente, com um percurso mais compacto e seletivo, onde apenas um
punhado de dias poderá provocar diferenças significativas entre os candidatos à
classificação geral. De acordo com a organização, o Tour começará em Barcelona
e manterá o foco na intensidade em vez da dispersão. Apenas cinco etapas, das
21, deverão definir o vencedor da Camisola Amarela, num desenho que reserva o
clímax para o último fim de semana nos Alpes.
Ao contrário de edições
recentes, os dias realmente decisivos não estão distribuídos ao longo das três
semanas. Até à 13ª etapa, o percurso privilegia os sprinters e os atacantes,
com o primeiro grande embate entre favoritos apenas a surgir nos Pirinéus,
antes de uma segunda metade de corrida concentrada em alta montanha.
Etapa 6:
Pau → Gavarnie-Gedré
Primeiro
teste sério nos Pirinéus
Após o arranque em Barcelona e
as primeiras chegadas explosivas em Montjuïc e Les Angles, o Tour entra em
França para um fim de semana pirenaico que promete o primeiro confronto direto
entre Pogacar e Vingegaard.
A 6ª etapa, de Pau a
Gavarnie-Gedré, é um clássico de montanha com sabor histórico. A ascensão do
Col d’Aspin prepara o terreno para o inevitável Col du Tourmalet, 17 km a 7% de
média, com o topo a 2.115 metros de altitude.
O Tourmalet surge a 39 km da
meta e será o primeiro verdadeiro teste de resistência e tática. A descida
longa até Luz-Saint-Sauveur e a subida final curta em Gavarnie podem favorecer
ataques à distância. Mesmo que não se vejam diferenças de minutos, esta é a
etapa onde o Tour começará a ganhar forma.
Etapa 14:
Mulhouse → Le Markstein
Os Vosges
voltam a incendiar a corrida
O regresso à montanha acontece
na 14ª etapa, um dia desenhado para rebentar o pelotão nos Vosges. O percurso é
nervoso, repleto de pequenas armadilhas e subidas irregulares, terminando em Le
Markstein, como em 2023.
O grande destaque é a subida
final ao Col du Haag, 11 km com pendentes que ultrapassam os 10% em vários
troços, apesar de uma média “enganadora” de 7,3%. Após uma semana de etapas
planas, o regresso à montanha poderá provocar crises súbitas entre os candidatos
à geral.
“É o tipo de subida que
castiga quem perdeu o ritmo da montanha”, observou o ex-profissional Dan
Martin.
Se o tempo se mantiver
instável, como é habitual na região, poderemos assistir a um primeiro abalo
psicológico entre os favoritos.
Etapa 15: Champagnole →
Plateau de Solaison
Os Alpes
abrem as portas do inferno
A 15ª etapa marca a entrada
nos Alpes e é um prelúdio da dureza final. Com 4.500 metros de desnível
acumulado, esta jornada apresenta o perfil típico de uma etapa da Volta a
Espanha: estradas irregulares e subidas íngremes.
O Col de la Crosette (4,6 km a
11%) é um primeiro filtro, mas o duelo decisivo acontecerá na subida ao Plateau
de Solaison (12 km a 9%), uma das montanhas mais duras de toda a edição.
Esta será a etapa de
encerramento da segunda semana, e quem vacilar aqui poderá comprometer toda a
luta pela geral antes do bloco alpino final.
Etapa 19:
Gap → Alpe d’Huez
A
tradição em vésperas da etapa rainha
O Alpe d’Huez regressa na 19ª
etapa, e com ele o ambiente de festa que faz da montanha francesa um dos palcos
mais emblemáticos do ciclismo mundial.
Apesar de o perfil ser mais
curto e direto, esta etapa servirá de aquecimento emocional antes da jornada
rainha. A subida mítica não deve alterar radicalmente a classificação, mas
poderá consolidar o domínio de quem estiver em forma.
“Será um dia para os adeptos,
um espetáculo puro de ciclismo”, resumiu um membro da organização.
Etapa 20:
Le Bourg-d’Oisans → Alpe d’Huez
A etapa
rainha que fecha o Tour em alta montanha
A 20ª etapa é unanimemente
considerada a etapa rainha da Volta a França 2026. São 171 quilómetros brutais,
com encadeamentos de montanhas míticas e altitudes superiores aos 2.600 metros.
Logo na partida surge o Col de
la Croix de Fer, seguido da dupla lendária Télégraphe–Galibier, um conjunto de
subidas que totaliza mais de 30 km acima dos 7% de inclinação média. O topo do
Galibier (a 2.642 metros) surge a 61 km do fim, suficiente para abrir
diferenças abismais.
Depois, a corrida mergulha na
descida longa de Lautaret e enfrenta o Col de Sarenne (12,8 km a 7,3%), antes
de um regresso parcial ao Alpe d’Huez para uma meta digna de uma consagração.
Esta etapa junta resistência,
altitude, tradição e imprevisibilidade, e é provável que decida o vencedor
final.
“É assim que se desenha uma
etapa rainha: dureza até ao fim e esperança para todos”, escreveria um cronista
experiente.
O
veredito
O percurso da Volta a França
2026 aposta menos na variedade e mais na intensidade. Os contrarrelógios terão
um papel secundário, e as grandes diferenças deverão surgir apenas em cinco
dias-chave: Pau, Le Markstein, Solaison e o duplo Alpe d’Huez.
A luta entre Tadej Pogacar e
Jonas Vingegaard promete continuar a ser o eixo da corrida, com poucas
oportunidades para terceiros interferirem. O Tour de 2026 será, acima de tudo,
uma batalha de gestão, paciência e explosão, concentrada num punhado de dias
que decidirão tudo.
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