Português, 27.º lugar na prova de triatlo, assume que a vida de atleta é "bastante instável"
Por: Record
Foto: COP
João Pereira terminou em 27º
lugar na prova de triatlo nos Jogos Olímpicos de Tóquio’2020. O atleta
considerou que foi "uma prova bastante dura" embora
tenha sido "bastante agradável trabalhar tanto e tão bem e conseguir estar
sempre a sonhar com uma medalha" mesmo com os percalços da pandemia e da
grave lesão que sofreu.
"Forcei
muito na natação, sabia que era um segmento que tinha trabalhado muito bem,
consegui responder à altura. O ciclismo foi bastante duro, bastante quente, fui
sofrendo muito nas primeiras voltas. Estava com poucos líquidos, com pouca
água, tive de gerir bastante bem. Quando entrei na corrida sabia que ia ser
bastante duro, que ia ter de me sentir bem e encontrar o meu próprio ritmo.
Consegui encontrá-lo, mas infelizmente não chegou para estar a disputar a
prova", admitiu em declarações à RTP2 após a prova.
"Nós
atletas somos muito experientes, mal metemos os pés no chão conseguimos sentir
se é possível, se não é, se podemos ir ao choque e tentar o grupo da diferente,
ou se temos de ir lentamente conseguindo arrancar. Eu tentei lentamente
conseguir arrancar, mas o calor e o facto do ciclismo ter sido muito duro foi
bastante complicado. Mas não posso deixar de estar bastante satisfeito pelo
trabalho que fui fazendo ao longo dos anos, por ir tentando ir mostrar o
triatlo e desenvolver os desportos em Portugal. Conseguir treinar estes anos
para um objetivo que era bastante complicado. Apesar de não ter conseguido,
posso dizer que estou bastante satisfeito com o caminho que fui fazendo, com a
equipa que fui fazendo, com os amigos que fui encontrando e com as pessoas
inesquecíveis que fui apanhando. Ao final do dia isso é o mais importante para
o nosso bem-estar", frisou.
João Pereira deixa conselho
aos mais novos e assume: «O que nos vai
salvando são os clubes».
João Pereira lamenta falta de
apoios: «Temos uma vida bastante instável e o
que nos vai salvando são os clubes».
O atleta português de 33 anos
afirmou ainda estar "bastante
satisfeito" pelo trabalho que foi fazendo ao longo dos
anos, não esquecendo do quinto lugar alcançado nos últimos Jogos Olímpicos. "A minha vida não acaba aqui, como é claro, mas
depois de um quinto lugar posso dizer que tive um grande 'down' psicológico.
Sabia que estava perto das medalhas, mas que naquela prova não ia dar. Estar há
quatro anos [neste caso, cinco] a sonhar com uma medalha era como se na altura
que estive perto e desperdicei e agora que queria não consegui. A vida é mesmo
assim, aprendemos grandes lições. Todos os atletas que foram competindo acho
que estão de parabéns, damos todos o nosso melhor. Temos uma vida bastante
instável e o que nos vai salvando são os clubes, porque se não a vida no alto
rendimento é muito complicada. Podemos dizer que somos sonhadores. Muitas horas
de trabalho para estarmos o melhor possível. O mais importante é que se todos
os atletas mais velhos fizeram como eu, o desporto daqui a 10 anos estará muito
melhor. Quando conseguirmos desenvolver o desporto para os mais novos, estamos
a desenvolver para nós mesmos".
João Pereira deixou ainda um
agradecimento por "todas as
mensagens" de apoio dos portugueses. "Foi muito bom perceber que não era só eu que
acreditava que era possível lutar por uma medalha. Enche-me de orgulho e estou
muito satisfeito. Estou de consciência tranquila que dei o meu melhor".
"Nós
atletas vivemos de resultados, não há dúvida. Mas sinceramente mais importante
que os resultados, e deixo este conselho aos mais novos é: divirtam-se e não
sejam completamente obstinados. Há momentos na prova que nunca hei-de esquecer,
são estes momentos que nos deixam satisfeitos. Consigo ter um momento como hoje
depois de trabalhar durante 5 anos, cheguei cá e parece que tive um exame em
que passava ou não, é mesmo assim. Consegui estudar ao longo do tempo e passar,
apesar de tudo", concluiu.
O norueguês Blummenfelt foi o
vencedor da prova desta segunda-feira a 2.29 minutos do português João Pereira.
Fonte: Record on-line
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