Ciclista português da Deceuninck-Quick-Step aborda, em entrevista à própria equipa, a experiência na Volta a Itália
Por: André Antunes Pereira
Foto: EPA
João Almeida foi uma das
grandes figuras da Volta a Itália deste ano. O ciclista português da
Deceuninck-Quick-Step vestiu a camisola rosa, símbolo de líder da corrida,
durante 15 dias e terminou num brilhante 4.º lugar da classificação geral. Em
entrevista à própria equipa, o corredor das Caldas da Rainha assume que nem
estava previsto participar no Giro, mas que, logo após o contrarrelógio de
abertura, sentiu que era possível envergar a rosa.
"No início da época não
era para fazer o Giro. Sò descobri dois meses antes, em agosto, após o recomeço
da época. Naquela fase eu estava em boas condições e provei-o com os pódios da
Volta a Burgos e do Giro dell'Emilia, mas não tinha expetativas para o Giro.
Estava muito confiante e motivado, mas nunca nos meus sonhos mais loucos eu
pensei estar no pódio na primeira etapa de uma Grande Volta. Acabar em segundo
no contrarrelógio individual de Palermo foi uma loucura, com tantos
contrarrelogistas fortes presentes. Mas aquela etapa deu-me asas e fez-me
pensar que poderia ficar com a camisa rosa por alguns dias, já que o Filippo
Ganna não era trepador", começa por dizer João Almeida, que conta depois
como foi liderar a corrida durante tanto tempo.
"Aconteceu no Monte Etna,
num dia duro com muita chuva e vento, mas valeu a pena. A equipa foi incrível,
dei tudo para tentar ficar com a camisola e quando soube que consegui, por tão
pouca diferença, fiquei surpreendido e nem acreditava. A partir daí posso dizer
que todos os dias, com aquela camisola icónica nos ombros, sentia enorme
confiança, motivação e responsabilidade. Um dos meus melhores dias foi no
Piancavallo, onde me senti incrivelmente forte e subi sem esforço, mantendo a
camisola rosa no final da segunda semana. Perdi-a alguns dias depois, no
Stelvio, outra etapa que nunca esquecerei. Não a perdi porque estava fraco, mas
porque outros foram mais fortes. Foi uma subida longa e difícil, sobretudo
porque veio após vários dias exigentes que realmente me afetaram", conta o
jovem ciclista português.
Mesmo destronado da liderança,
João Almeida não desmoralizou e acabou por alcançar um resultado histórico.
"Apesar de perder a camisola continuei e consegui terminar em quarto
lugar, o que foi algo enorme para a minha primeira participação numa Grande
Volta. Fiquei feliz e orgulhoso em Milão, onde a minha família se juntou a mim,
senti que aquelas três semanas me ajudaram a melhorar mentalmente e tornar-me
muito mais forte. Também me senti privilegiado por ter vivido uma incrível
aventura com uma equipa excepcional, um grande grupo de rapazes que se viraram
do avesso por mim e contribuíram para os meus inesquecíveis 15 dias
consecutivos na 'maglia rosa'", conclui o corredor de 22 anos.
Fonte: Record on-line
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