Por: Gerardo Riquelme
Entre todas as tramas
sedutoras do Giro d'Italia, que será lançado amanhã na Sicília, há um
superlativo: a tentativa de Vincenzo Nibali de se tornar o mais velho vencedor
da camisola rosa. Ele terá 35 anos e 345 dias em 25 de outubro, quando a
corrida termina em Milão, longe do recorde de Fiorenzo Magni (1924-2012), que
venceu o Giro 1955, seu terceiro, com 34 e 180 dias.
Magni foi o menos reconhecido
campeão do ciclismo italiano pós-guerra, ligado ao duelo entre Fausto Coppi e
Gino Bartali, cuja rivalidade o regime fascista de Mussolini, com o qual Magni
compôs, foi a bandeira. Mas ele também foi um revolucionário deste desporto,
pois ele foi o primeiro a trazer um patrocinador de fora do setor, nivea cremes
no ano 54.
A Toscana é mais lembrada pela
vitória corante no Giro de 1948 e pelo heroico segundo lugar em 1956, atrás de
Charly Gaul. O primeiro veio depois de ser ajudado com empurrões de seus
companheiros nas rampas dolomitas da antepenúltima etapa, uma armadilha que lhe
rendeu para resistir ao ataque de Coppi em geral.
A organização sancionou Magni,
que era um alpinista discreto, com dois minutos e o campiníssimo, considerando
que a sanção era muito menor, optou por deixar a corrida no dia seguinte. A sua
chegada a Milão veio entre vaias. Os entusiastas de Coppi eram legião e em
Magni, ele também ponderou que ele havia se juntado às Brigadas de Duce Negra
em 1943 na Guerra Civil.
Ele até havia sido julgado em
1945 pela Batalha de Valibona, da qual foi absolvido pela confissão a favor do
ciclista Alfredo Martini, que havia lutado no lado partidário. Nibali (EFE)O
segundo, no Corsa em que defendeu a vitória de 1955 e que foi sua última
edição, ganhou o respeito de todos os torcedores, no final da corrida com a
clavícula quebrada e o úmero, por caminhos caídos.
A clavícula esquerda faturou
na etapa 12, na descida de Volterra. Os médicos o convidaram-no a sair, mas
Magni aproveitou o dia de folga e foi contra o relógio de 45km entre Livorno e
Lucca. O braço esquerdo não tinha força para gerar energia com o guiador, e seu
mecânico inventou um remédio, com uma câmara de bicicleta cortada, ele criou um
sistema para puxar com os dentes, tentei atacar a Gália nos dias seguintes, mas
era impossível.
Magni,
numa entrevista dias depois
Quatro dias depois, o número
quebrou, ele perdeu a consciência, já dentro da ambulância, ele pediu para
voltar para a corrida. O pelotão esperou por ele e não perdeu tempo. Sem
raios-X, ele chegou ao estágio 18, que acabou no Monte Bondone após 242 km.
Em um dos dias mais de mais
destaque no ciclismo, com neve e frio terrível, houve 60 abandonos, incluindo o
de Pasquale Fornara, que era o líder. O Gaulês ganhou o palco e vestiu de rosa.
Magni ficou em terceiro aos 12:15 minutos e ficou às 3:27 na geral "Tentei
atacar a Gália nos dias seguintes, mas era impossível", lembrou Magni numa
entrevista. No dia seguinte à conclusão do Giro, ele soube que o úmero também
havia sido quebrado.
Durou 24 horas, ele cortou o
gesso com uma lâmina para treinar. Além disso, o italiano transcendeu por suas
três consecutivas Flanders Tours (1949 a 51) - com rodas de madeira e
não-alumínio, e por ser o ciclista que liderou o Tour de 1950 quando, na etapa
de Aspin, Bartali foi expulso após uma queda de trepadores franceses fartos do
domínio italiano, o que motivou que, no final do dia, os dois tempos transalpinos
optaram pela retirada.
Fonte: Marca
Sem comentários:
Enviar um comentário