Aida Gonçalves diz que "se compreende a importância de defender os direitos humanos," mas lembra que era merecido o sobrinho ter a consagração na capital, milhares protestam em Madrid contra o genocídio em Gaza e interrompem a Volta a Espanha
Por: Lusa
Foto: AP
A Volta a Espanha em bicicleta
terminou hoje sem chegar à meta final de Madrid e sem a festa do pódio, mas com
uma celebração de milhares de pessoas que ocuparam o circuito "para dar
visibilidade ao genocídio em Gaza".
Pouco depois das 18:00 locais
(17:00 em Lisboa), milhares de pessoas com bandeiras e outros símbolos da
Palestina derrubaram as barreiras do circuito final da Vuelta, no centro de
Madrid, e ocuparam as vias por onde deveriam passar os ciclistas na última
etapa da prova, ao grito de "não é uma guerra, é um genocídio" e de
"vamos parar esta Volta".
Quando nos ecrãs gigantes
instalados em alguns pontos se viram os ciclistas a parar, a 56 quilómetros da
meta, milhares de pessoas celebraram a suspensão da prova.
"É uma forma de dar
visibilidade [ao genocídio em Gaza], de dizer ao mundo que sim, é possível. Uma
pessoa sozinha em casa pode pensar que não há nada a fazer, mas aqui provamos
que unidos é possível, que vale a pena protestar e sair à rua", disse à
Lusa Maria Eugenia Galán, uma advogada de 38 anos de Madrid, entre os aplausos
e muitos gritos de celebração, a meio do Passeio do Prado.
Uns metros mais acima, na
praça de Cibeles, na zona que deveria ser a meta e a da festa do pódio, Aida
Gonçalves, a tia do português João Almeida, que ficou em segundo lugar na
prova, disse à Lusa que "se compreende a importância de defender os direitos
humanos", mas é "uma pena" que os ciclistas não tenham direito
ao "registo do pódio", que conquistaram depois de "trabalharem o
ano inteiro".
"Era merecido" e uma
forma de "Portugal ver que realmente ficou em segundo", um resultado
histórico para um português, que só tinha sido alcançado uma vez, em 1974, por
Joaquim Agostinho, realçou Aida Gonçalves, que considerou que sem os protestos
pró-Palestina e contra a participação de uma equipa de Israel na Vuelta, o
sobrinho João Almeida poderia até ter conseguido melhor.
Depois da invasão das vias por
onde deveria passar o final da Vuelta, no centro de Madrid, seguiram-se cargas
policiais e as autoridades usaram gás lacrimogéneo para dispersar
manifestantes.
Às 20:00 locais (19:00 em
Lisboa), dezenas de pessoas continuavam a ocupar alguns pontos das ruas e
avenidas da cidade e não havia registo de feridos ou danos por causa das
manifestações e da resposta policial.
As manifestações pró-Palestina
e contra a participação da equipa israelita Israel-Premier Tech na prova
marcaram a edição deste ano da Vuelta, desde a primeira etapa.
Para hoje, dia da etapa final,
as autoridades espanholas tinham mobilizado mais de 1.500 polícias, num
dispositivo de segurança anunciado como o maior de sempre num evento desportivo
em Madrid e o maior desde a cimeira da NATO que decorreu na capital espanhola,
em junho de 2022.
Ainda assim, a polícia não
conseguiu travar os manifestantes, que invadiram o circuito final da etapa e
pararam o pelotão a 56 quilómetros da meta.
Fonte: Record on-line
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