A pergunta fica no ar, sabe o que é um carola ou uma carolice?
Por: José Morais
Fotos: Arquivo Revista
Notícias do Pedal
Corria o ano de 1986, quando
pela primeira vez participei num passeio de cicloturismo, bem me lembro desse
dia que me marcou, fui num passeio da “CARRIS”,
que se iniciou na Musgueira em Lisboa.
Não posso dizer que fosse uma
boa experiência, depois de muitos anos sem andar de bicicleta, a velocidade
imposta não era para mim, e 3 ou 4 quilómetros do início do passeio, tive uma
avaria, o que me impossibilitou de continuar, mas não desanimei.
Depois de participar em
diversos passeios, fui convidado a integrar a tão conhecida equipa da altura,
os “Gatos Assanhados”, que
durantes muitos anos pedalamos juntos em animados convívios cicloturisticos.
A isto, juntou-se outra grande
paixão, a de escrever e fotografar, iniciei-me então no jornalismo, na altura
no muito conhecido jornal “Duas Rodas”,
passando ao longo dos anos por muitas outras publicações, em 1999, decidi
lançar a primeira revista on-line nacional sobre ciclismo o “Notícias do Pedal”.
Ao longo de 25 anos a Revista Notícias do Pedal, tem resistido, muitas publicações ficaram pelo caminho, temos dado a voz, inicialmente ao cicloturismo, depois a todas as modalidades onde se utiliza a bicicleta, sem apoios, sem publicidade, resumindo uma “Carolice”, uma paixão pela bicicleta.
Temos feito um trabalho ao
longo dos anos de grande divulgação, muitos quilómetros na estrada, fazendo o
trabalho de quem por direito o deveria de fazer, apoiando o cicloturismo,
divulgando o mesmo, tentando sempre levar o mesmo o mais alto possível, dando
voz assim a organizadores e participantes.
Temos muito orgulho em dizer
que fomos os únicos a distinguir os melhores passeios do ano, quando em 2010
criamos o “Prémio Notícias do Pedal” distinguindo o melhor passeio do ano, o qual
realizamos de dois em dois anos, o mesmo foi realizado ainda em 2012 e 2014, a
primeira edição foi para o “Pinhal Novo”,
a segunda para o “Penteado”,
e a terceira e última para “Pombal”,
de relembrar que não apenas entregamos o primeiro prémio, como distribuímos
diversos galardões a outros passeios que ficaram em segundo e terceiro lugar.
O cicloturismo atual é
totalmente diferente, os convívios são outros, e o número de participantes
reduziu, como muitos grandes passeios a ficaram pelo caminho, em primeiro, pela
falta de divulgação de quem de direito e pelo desinteresse pela modalidade, depois
novas iniciativas surgiram com outro tipo de eventos, porem, também muitos dos
cicloturistas que se iniciaram no inicio da modalidade em Portugal também envelheceram,
e o estimulo que existia à cerca de 40 anos, sejam para mais idosos ou mais
jovens, deixou de ser prioridade para quem tinha o direito de o fazer.
Mas, e os apoios, muitas
equipas que eram apoiadas por Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia que
deixaram de subsidiar a modalidade, e ainda pela chegada da pandemia, que
afundou ainda mais o cicloturismo. porem, o mesmo continua ainda a mexer, e
felizmente ainda existem muitos passeios que vão para a estrada, com os amantes
do cicloturismo a recordarem ainda as grandes clássica que morreram.
E a pergunta que deixei no ar
no inicio, “sabe o que é um carola ou uma
carolice?”, e a resposta aqui fica, alguns que ainda acreditam,
e mantém a modalidade ainda na estrada, aqueles que lutam contra tudo e contra
todos, para anualmente levarem para a estrada pessoas a andar de bicicleta, a
promover a mesma, a incentivarem os mais jovens, e a apoiar os mais idosos, que
muitas vezes com grandes custas, e às vezes algum prejuízo, organizam passeios
de cicloturismo, sem apoios, e sem divulgação, de quem de direito deveria
apoiar os seus eventos.
Nós, temos feito o nosso
trabalho em prol da modalidade ao longo dos anos, e vamos continuar a fazer, já
reconhecemos vários passeios, e demos galardões em passeios eleitos pelos
cicloturistas, algo muito esquecido, e não estará na hora de reconhecer os “Carolas” que
por “Carolice” ainda conseguem colocar passeios na estrada?
As iniciativas como se costuma
dizer na gíria, homenagens devem de ser feitas em vida, e não depois de morrer…
Vamos pensar…
Bons passeios, boas pedaladas.
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