Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com/
O ciclista natural de Viana do
Castelo, Iuri Leitão, trouxe para Portugal uma medalha de prata em Omnium e uma
de ouro em Madison, onde fez equipa com Rui Oliveira, nos Jogos Olímpicos de
Paris em 2024. Se a essas medalhas adicionarmos o título de Campeão Europeu de
Scratch conquistado no início do ano, é justo afirmarmos que as maiores
conquistas do desporto português foram conquistadas em cima de duas rodas.
Quando o avião que trouxe os
atletas portugueses aterrou em solo nacional, não faltaram presenças de figuras
notáveis para tirar fotografias, falar do ciclismo de pista como se
acompanhassem a modalidade há anos e falar de grandes planos para o futuro. Passados
quatro meses de Paris, o que é que mudou no ciclismo de pista? "Nada
mesmo. Esperemos que venha a mudar para melhor. Talvez seja uma questão de
tempo", afirma o jovem de 26 anos ao desportivo O Jogo.
O Centro de Alto Rendimento
continua sem obras (continua a chover na pista), as infraestruturas não
sofreram melhorias, os apoios por parte da federação são zero. "Se não
fosse o Programa Olímpico, que é financiado pelo Governo através do IPDJ, não tínhamos
qualquer tipo de financiamento. Estaríamos a competir de borla. Também não
temos nada que pagar, como é lógico, mas ser ciclista de pista, mesmo na
Seleção, não é vantajoso financeiramente", diz.
Quanto é que a Federação deu
ao Campeão do Mundo, Europeu e Olímpico?
As palavras que mais se
ouviram nas horas que se seguiram à conquista do ouro nos Jogos Olímpicos de
Paris, eram vozes que "gritavam" às entidades que gerem o desporto no
nosso país olhassem para os resultados e apoiassem os atletas, pois as medalhas
conquistam-se na base de muito trabalho e de condições, tanto financeiras como
estruturais, coisas que em Portugal são difíceis de encontrar e nessa altura
Iuri Leitão disse "Tudo se resume a dinheiro não é? O dinheiro compra
material, condições, tempo. Aquilo que nos falta é porque não temos
dinheiro"
Do IPDJ atribuiu a Iuri Leitão
e a Rui Oliveira uma bolsa de 1750 euros mensais, mas continuam à espera que a
Federação tome a iniciativa de criar o seu próprio contrato programa para o
ciclismo de pista. "Essa ideia, se não me engano, partiu do nosso
selecionador. Será muito mais organizado trabalhar dessa forma, tendo tudo bem
definido. Com um contrato programa saberíamos exactamente com o que contar e se
seria melhor para nós em termos financeiros, dando-nos alguma
estabilidade."
Olhando para a pista e para o
interesse que as medalhas suscitaram, há um maior interesse pela modalidade que
se traduz em números." Tal como a ida aos Jogos Olímpicos, tem sido um
processo. Já nos últimos anos, com os resultados que fomos tendo, tem-se notado
uma maior adesão, especialmente dos jovens, que aparecem na pista mais vezes.
Mas alguns ciclistas profissionais, que já fizeram pista, têm vontade de
regressar" reflecte.
"Acho que a tendência
será para aumentar e espero no futuro ter uma pista sempre cheia. É disso que
estamos a precisar", diz o ciclista da Caja Rural - Seguros RGA. É certo
afirmar que Portugal fica orgulhoso das conquistas dos seus atletas, mas o que
as Federações e entidades competentes lhes dão em troca é uma mão cheia de
nada. Tiago Ferreira, em setembro, expôs a vergonha a que o ciclismo de
montanha estava submetido por parte da Federação. Irá o ciclismo de pista
seguir-lhe os passos? Tem a palavra Cândido Barbosa. Que faça mais e melhor que
apenas promessas, porque os atletas não vivem de promessas, nem são as
promessas que lhes dão estabilidade a todos os níveis e põem comida na mesa ao
final do mês.
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