Por: José Morais
Fotos: Arquivo Revista
Notícias do Pedal
Hoje acordei um pouco saudosista…
depois de ter passado os olhos por algumas fotos antigas, retirei três, e
relembrei-me de velhos e bons tempos do cicloturismo nacional.
Reconheço de que os tempos são
outros, passamos por uma pandemia, mas já antes da mesma, o cicloturismo não
era o mesmo de tempos áureos de outras épocas, onde a modalidade servia muitas
vezes para o interesse de muitos, fossem políticos, juntas de freguesias,
câmaras municipais, e muitas outras entidades ou atividades que utilizavam a
modalidade para promoção de algo de interesses próprios.
Infelizmente, alguns se
esqueceram da altura em que o cicloturismo nos anos 80 e 90 começou a despertar
o interesse de muitos amantes da modalidade, e o que foi o impacto do mesmo na
altura, onde se conseguiram tirar muitos de certos vícios, o caso do álcool, o
caso de fumadores, e mais importante, o tirar jovens da rua afastando os mesmos
dos maus vícios, onde muitos que se iniciaram no cicloturismo, acabaram por ir
para a competição, mas que hoje estão esquecidos e abandonados.
É certo, de que depois surgiu o btt e alguns mudaram, depois vieram mais recentemente os granfondos, um pouco diferente do tradicional passeio de cicloturismo, voltado mais para a competição, já que existem classificações, e muitos adoram competir, ao contrário de outros que querem apenas conviver, e descontrair a semana de trabalho.
Porem, a queda do cicloturismo
não aconteceu só motivado por novos desafios, deu-se em primeiro, pela falta de
apoios à modalidade, seja da parte de empresas ou autarquias, o envelhecimento
dos seus praticantes iniciais, mas também pela falta de incentivos a
participarem nos passeios, e porque, porque infelizmente muitos organizadores
não evoluíram, e mantiveram sempre o mesmo tipo de passeios, talvez… a culpa
não seja totalmente deles, mas de quem de direito não apoiou, não evoluiu,
ficando e pensando, que ainda continuavam nos anos 80 e 90.
Com estas fotos que ilustro
este artigo, e quando me sentei a escrever o mesmo, voltei ao baú das
recordações e relembrei os grande eventos cicloturisticos realizados em
Portugal, e fiquei triste pelos mesmos terem desaparecido, ignorados e
abandonados, e quem não se lembra das grandes clássicas, falo de algumas que
muitos participantes juntava, o tradicional Sesimbra/Algarve, o Caldas/Badajoz,
que foi também para outras localidades da Estremadura espanhola, o Minho
Florido, o Lisboa/Évora, o Porto/Lisboa, eventos que chegaram a juntar milhares
de participantes em cada evento.
Mas não só estas grandes
clássica realizadas em mais de um dia, existiam o passeio temáticos anuais, o
caso do Pinhal Novo, que normalmente abria a época, e chegou a juntar cerca de
um milhar de cicloturistas, Trajouce sempre com centenas de participantes, o
passeio do Dia Internacional da Mulher, um evento muito especial e carinhoso, e
ainda muitos outros passeios de renome por esse país, sempre com grande número
de participantes.
Depois existiram ainda eventos muito especiais, relembro a presidência aberta do presidente Mário Soares, que em Sintra juntou cerca de três amantes da modalidade, os passeios de Sintra património Mundial com centenas e centenas de cicloturistas, os passeio do dia da Sida e dia sem Tabaco também com centenas, as primeiras edições da Etapa da Volta organizadas pela Revista Super Ciclismo que foram sem dúvida um grande sucesso, e onde foram pioneiros, já que a atual é uma cópia, não posso deixar passar em branco três outros grandes eventos, os quais tenho o prazer de dizer que foram três projetos meus, e que infelizmente ficaram pelo caminho.
O primeiro, Serra Acima, a
subida ao alto da Torre, com partidas de diversos locais do distrito de Castelo
Branco, realizado em dois dias, chegou a ter algumas vezes mais de seis
centenas de participantes, já que superar a subida ao alto da serra era o
desejo de muitos, depois o primeiro passeio do ano realizado sempre no primeiro
domingo de janeiro em Lisboa, onde chegaram a participar muitas vezes quase um
milhar de participantes, por fim o Lisboa/Santarém, um passeio de agrado de
muitos, chegando a ter um pelotão com mais de 1600 cicloturistas que ficou pelo
caminho.
Com mais de trinta anos de
jornalismo, onde pedalei de maquina fotográfica às costas e gravador no bolso,
ainda a participar divulgando a modalidade, recordo com alguma mágoa ao ponto
que a modalidade chegou, deixando-a ao abandono, os apoios que deixou de ter, e
outros interesses que deixaram para segundo plano o cicloturismo, ficando
apenas as dificuldades de que a mesma possa poder vir a subir, os tempos áureos
já passaram, a decadência surgiu, e outros incentivos e eventos que não vão
surgindo, originam o esquecimento, e será que vai conseguir ser superado pelo
cicloturismo.
A finalizar, temos de
reconhecer que os tempos são outros, não só as outras vertentes atrativas,
existe o envelhecimento dos participantes, com poucos jovens a não aparecerem
por não estarem motivados, os apoios foram reduzidos, muitas equipas
terminaram, uma falta de sensibilidade muitas vezes para quem ainda organiza
por falta de informações de quem de direito poderia dar novas ideias e apoiar
mais e melhor, ainda a saturação de muitos por existir sempre uma repetição,
não esquecendo as dificuldades económicas de muitos, e os gastos para
deslocação para irem pedalar.
Espero que possa estar
enganado na queda do cicloturismo, porem temos de admitir algumas falhas na
modalidade, alguns desincentivo e o descontentamento de muitos, apesar de ainda
alguns carolas que tentam dar o seu melhor e tentam não deixar a modalidade
morrer, e continuar com os convívio cicloturisticos, porem hoje foi tempo de
recordar alguns belos eventos, que por agora são apenas velhas recordações,
neste dia que estou muito saudosista…”
Boas pedaladas.
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