quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

“Hoje fiquei saudosista…”


Por: José Morais

Fotos: Arquivo Revista Notícias do Pedal

Hoje acordei um pouco saudosista… depois de ter passado os olhos por algumas fotos antigas, retirei três, e relembrei-me de velhos e bons tempos do cicloturismo nacional.

Reconheço de que os tempos são outros, passamos por uma pandemia, mas já antes da mesma, o cicloturismo não era o mesmo de tempos áureos de outras épocas, onde a modalidade servia muitas vezes para o interesse de muitos, fossem políticos, juntas de freguesias, câmaras municipais, e muitas outras entidades ou atividades que utilizavam a modalidade para promoção de algo de interesses próprios.

Infelizmente, alguns se esqueceram da altura em que o cicloturismo nos anos 80 e 90 começou a despertar o interesse de muitos amantes da modalidade, e o que foi o impacto do mesmo na altura, onde se conseguiram tirar muitos de certos vícios, o caso do álcool, o caso de fumadores, e mais importante, o tirar jovens da rua afastando os mesmos dos maus vícios, onde muitos que se iniciaram no cicloturismo, acabaram por ir para a competição, mas que hoje estão esquecidos e abandonados.

É certo, de que depois surgiu o btt e alguns mudaram, depois vieram mais recentemente os granfondos, um pouco diferente do tradicional passeio de cicloturismo, voltado mais para a competição, já que existem classificações, e muitos adoram competir, ao contrário de outros que querem apenas conviver, e descontrair a semana de trabalho.


Porem, a queda do cicloturismo não aconteceu só motivado por novos desafios, deu-se em primeiro, pela falta de apoios à modalidade, seja da parte de empresas ou autarquias, o envelhecimento dos seus praticantes iniciais, mas também pela falta de incentivos a participarem nos passeios, e porque, porque infelizmente muitos organizadores não evoluíram, e mantiveram sempre o mesmo tipo de passeios, talvez… a culpa não seja totalmente deles, mas de quem de direito não apoiou, não evoluiu, ficando e pensando, que ainda continuavam nos anos 80 e 90.

Com estas fotos que ilustro este artigo, e quando me sentei a escrever o mesmo, voltei ao baú das recordações e relembrei os grande eventos cicloturisticos realizados em Portugal, e fiquei triste pelos mesmos terem desaparecido, ignorados e abandonados, e quem não se lembra das grandes clássicas, falo de algumas que muitos participantes juntava, o tradicional Sesimbra/Algarve, o Caldas/Badajoz, que foi também para outras localidades da Estremadura espanhola, o Minho Florido, o Lisboa/Évora, o Porto/Lisboa, eventos que chegaram a juntar milhares de participantes em cada evento.

Mas não só estas grandes clássica realizadas em mais de um dia, existiam o passeio temáticos anuais, o caso do Pinhal Novo, que normalmente abria a época, e chegou a juntar cerca de um milhar de cicloturistas, Trajouce sempre com centenas de participantes, o passeio do Dia Internacional da Mulher, um evento muito especial e carinhoso, e ainda muitos outros passeios de renome por esse país, sempre com grande número de participantes.

Depois existiram ainda eventos muito especiais, relembro a presidência aberta do presidente Mário Soares, que em Sintra juntou cerca de três amantes da modalidade, os passeios de Sintra património Mundial com centenas e centenas de cicloturistas, os passeio do dia da Sida e dia sem Tabaco também com centenas, as primeiras edições da Etapa da Volta organizadas pela Revista Super Ciclismo que foram sem dúvida um grande sucesso, e onde foram pioneiros, já que a atual é uma cópia, não posso deixar passar em branco três outros grandes eventos, os quais tenho o prazer de dizer que foram três projetos meus, e que infelizmente ficaram pelo caminho.


O primeiro, Serra Acima, a subida ao alto da Torre, com partidas de diversos locais do distrito de Castelo Branco, realizado em dois dias, chegou a ter algumas vezes mais de seis centenas de participantes, já que superar a subida ao alto da serra era o desejo de muitos, depois o primeiro passeio do ano realizado sempre no primeiro domingo de janeiro em Lisboa, onde chegaram a participar muitas vezes quase um milhar de participantes, por fim o Lisboa/Santarém, um passeio de agrado de muitos, chegando a ter um pelotão com mais de 1600 cicloturistas que ficou pelo caminho.

Com mais de trinta anos de jornalismo, onde pedalei de maquina fotográfica às costas e gravador no bolso, ainda a participar divulgando a modalidade, recordo com alguma mágoa ao ponto que a modalidade chegou, deixando-a ao abandono, os apoios que deixou de ter, e outros interesses que deixaram para segundo plano o cicloturismo, ficando apenas as dificuldades de que a mesma possa poder vir a subir, os tempos áureos já passaram, a decadência surgiu, e outros incentivos e eventos que não vão surgindo, originam o esquecimento, e será que vai conseguir ser superado pelo cicloturismo.

A finalizar, temos de reconhecer que os tempos são outros, não só as outras vertentes atrativas, existe o envelhecimento dos participantes, com poucos jovens a não aparecerem por não estarem motivados, os apoios foram reduzidos, muitas equipas terminaram, uma falta de sensibilidade muitas vezes para quem ainda organiza por falta de informações de quem de direito poderia dar novas ideias e apoiar mais e melhor, ainda a saturação de muitos por existir sempre uma repetição, não esquecendo as dificuldades económicas de muitos, e os gastos para deslocação para irem pedalar.

Espero que possa estar enganado na queda do cicloturismo, porem temos de admitir algumas falhas na modalidade, alguns desincentivo e o descontentamento de muitos, apesar de ainda alguns carolas que tentam dar o seu melhor e tentam não deixar a modalidade morrer, e continuar com os convívio cicloturisticos, porem hoje foi tempo de recordar alguns belos eventos, que por agora são apenas velhas recordações, neste dia que estou muito saudosista…” 

Boas pedaladas.

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