Vencedor da Volta ao Algarve "desfrutar um pouco mais dos últimos metros com a amarela"
Por: Lusa
Foto: EPA
Remco Evenepoel quis 'coroar' o bis na Volta ao Algarve em
bicicleta com um triunfo no alto do Malhão, mas, perante a maior explosividade
de Sergio Higuita, preferiu saborear a sua amarela, cruzando a meta a celebrar.
Com os principais favoritos
ainda agrupados à entrada do derradeiro quilómetro da 48.ª edição, o camisola
amarela atacou, mas cedo percebeu que não iria longe, preferindo, então, seguir
ao seu ritmo e assistir ao longe ao triunfo do colombiano Sergio Higuita
(BORA-hansgrohe), que bateu o compatriota Daniel Martínez
(INEOS) no 'sprint' pela quinta e última etapa.
"Eu
ataquei, mas vi que os outros conseguiam acompanhar-me e que, provavelmente,
não iam contra-atacar logo. Então, decidi impor um ritmo elevado até faltarem
200 metros [para a meta] e, quando os vi a atacar, abrandei. Sabia que a minha
vantagem era grande... Queria desfrutar um pouco mais dos meus últimos metros
com a camisola amarela, por isso é que celebrei na meta",
justificou o jovem de 22 anos, após juntar o triunfo nesta edição ao de há dois
anos.
Esperava-se uma última jornada
espetacular, de jogadas táticas e ataques de longe, como aconteceu no ano
passado, no dia da consagração de João Rodrigues, mas hoje os 173 quilómetros a
partir de Lagoa expuseram apenas as debilidades da INEOS, que hipotecou o segundo
lugar de Ethan Hayter para garantir um terceiro para o 'egoísta' Daniel
Martínez, confirmaram as aptidões do combativo Higuita, o 'azarado' da Fóia, e
um merecido pódio do 'vice' Brandon
McNulty (UAE Emirates), além da habilidade para gerir corridas da Quick-Step
Alpha Vinyl.
No sábado, após ganhar o
'crono' e vestir a amarela, Evenepoel tinha antecipado "uma corrida muito dura no início"
e o seu prognóstico confirmou-se, com a INEOS a lançar para a frente da
corrida, logo na contagem de terceira categoria de Picota (43,6 quilómetros),
Jonathan Castroviejo, que se fez acompanhar de Luís Fernandes (Rádio
Popular-Paredes-Boavista), e Jokin Murguialday (Caja Rural).
A iniciativa, contudo, não
vingou, e, já depois de Fabio Jakobsen assegurar o triunfo na classificação por
pontos, que também conquistou na edição de 2020, formou-se um grupo de 20
fugitivos, entre os quais estava o campeão olímpico e mundial de ciclocrosse, o
britânico Thomas Pidcock (INEOS), o português Ivo Oliveira (UAE Emirates), o
campeão nacional José Neves (W52-FC Porto) ou João Matias (Tavfer-Mortágua-Ovos
Matinados), o justo vencedor da classificação da montanha.
Após várias 'escaramuças' na fuga, cuja vantagem
chegou a rondar os três minutos, isolaram-se na frente, na primeira ascensão ao
Malhão, Dries de Bondt (Alpecin-Fenix), George Zimmermann
(Intermarché-Wanty-Gobert Matériaux) e Oliveira, o primeiro do trio a descolar,
numa altura em que a Quick-Step Alpha Vinyl 'cedeu' a perseguição a
BORA-hansgrohe, Groupama-FDJ e INEOS.
A formação britânica, aquela
que melhores condições tinha para destronar o jovem belga, apostou em Daniel
Martínez, o quarto da geral, para 'agitar' a corrida, com o colombiano a
protagonizar sucessivos ataques nos 2,6 quilómetros da ascensão de segunda
categoria, com uma inclinação média de 9,2%, e a 'eliminar',
na sua 'empreitada', o
companheiro Ethan Hayter, segundo à partida e 'vice' de 2021 -- no final,
haveria de pedir-lhe desculpa por um 'erro'
que relegou o britânico para o quarto lugar final.
A todos respondeu o camisola
amarela, já sem 'escudeiros' para ajudá-lo num grupo reduzido então a uma
dezena de unidades, mas que 'engrossou', nomeadamente com colegas do prodígio
belga, na descida que antecedeu a nova subida ao Malhão -- foi também aí que o
sonho de De Bondt e Zimmermann acabou.
Foi já nos derradeiros metros
da subida que McNulty atacou, Martínez respondeu e acabou ultrapassado pelo
campeão de fundo do seu país, que cruzou a meta após 04:14.53 horas, o mesmo
tempo creditado a Martínez. McNulty chegou um segundo depois, acompanhado do
vencedor na Fóia, o francês David Gaudu (Groupama-FDJ), com Evenepoel a cortar
placidamente a meta, erguido na bicicleta, com a mão a tocar na amarela.
"É
maravilhoso [voltar a ganhar]. Disse antes da prova que gostava de regressar e
fazer o mesmo que há dois anos e estou feliz por ter podido alcançá-lo. Sabia
que o contrarrelógio era a etapa mais importante para mim, dei tudo, e hoje
ainda sentia esse esforço nas minhas pernas",
confessou, antes de subir ao pódio, ladeado do norte-americano da UAE Emirates,
segundo a 01.17 minutos, e de Martínez, terceiro a 01.21.
Estava confirmado o triunfo
que o 'crono' tornou
inevitável, num dia perfeito para a formação belga, que sai do Algarve com três
camisolas -- o belga também venceu a classificação da juventude -- e três
vitórias em etapas, duas das quais de Jakobsen.
Numa 'Algarvia' para esquecer para as equipas
portuguesas, exceção feita a João Matias - Frederico Figueiredo
(Glassdrive-Q8-Anicolor) também merece uma menção honrosa pelo oitavo posto na
tirada de hoje -, o melhor dos representantes do pelotão nacional foi o
espanhol Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano), na 19.ª posição, a 06.29
minutos de Evenepoel, enquanto o melhor luso foi Ricardo Vilela (W52-FC Porto),
22.º classificado a quase nove minutos.
Fonte: Record on-line
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