Português destaca Tadej Pogacar e Primoz Roglic como principais favoritos
Por: Lusa
O segredo mais bem guardado de
Ruben Guerreiro (EF Education-Nippo) tornou-o um ciclista "feliz",
com o português a estrear-se na Volta a França com o desejo de conseguir
"umas boas coisas", nomeadamente no trabalho para o líder Rigoberto
Úran.
"A
minha equipa, assim que caí na Volta a Itália, disse-me logo que se recuperasse
bem fazia o Tour. Eu é que guardei segredo",
confessou em conversa com a Lusa, detalhando que há "três semanas" que sabia que o
seu sonho de se estrear no Tour iria concretizar-se, este sábado, em Brest.
Depois do azar na última
edição do Giro, onde foi forçado a abandonar devido a uma queda na 15.ª etapa,
em 23 de maio, e não pôde defender a camisola de rei da montanha conquistada no
ano passado, o jovem português recuperou em ritmo de contrarrelógio da fratura
de duas costelas para, aos 26 anos, participar na sua primeira 'Grande Boucle'
e na sua quarta grande Volta.
"O
plano era fazer o Giro, descansar e fazer o Tour também. Era o plano inicial.
Depois, ficámos um bocado preocupados se podia recuperar ou não, mas lá foi ao
sítio. Assim que recuperei, na semana a seguir à queda, falei com a equipa e
eles mandaram-me para o estágio em altitude durante três semanas e confirmaram
que eu poderia ir", contou.
A recuperação, segundo Ruben
Guerreiro, foi dura. "Tive de descansar
bastante, tive duas semanas com pouca bicicleta e, depois, é sempre duro
treinar outra vez. O corpo habitua-se ao descanso e, realmente, custou
muito", completou.
O esforço foi recompensado com
"algo que sempre" procurou, sobretudo após as boas exibições no ano
passado na Volta a Itália, onde aliou o título de rei da montanha a uma vitória
de etapa, e na Volta a Espanha, onde foi 17.º classificado.
"Realmente,
como ciclista, estou feliz, proponho-me a outros objetivos pessoais e da
equipa. Esperamos conseguir umas boas coisas",
admitiu.
Os objetivos de Guerreiro
passam "primeiro pelos da equipa" e, depois, "com o desenrolar
da corrida, se tiver oportunidade de tentar algo", não deixará de fazê-lo.
"Mas
o principal é que o [Rigoberto] Úran está muito bem, e acho que vai disputar a
geral. E o primeiro objetivo vai ser apoiá-lo",
avançou, considerando que o colombiano da EF Education-Nippo, que até já foi
segundo no Tour em 2017, "é uma pessoa
muito especial, muito tranquila, um grande líder".
Além do seu chefe de fila, o
português de 26 anos aposta nos "protagonistas
do ano passado, os eslovenos Tadej Pogacar e Primoz Roglic, respetivamente
primeiro e segundo em 2020, como principais candidatos, além do conjunto da
INEOS, com três ou quatro ciclistas que podem ganhar também",
um deles o seu amigo Tao Geoghegan Hart, vencedor do Giro'2020, com quem se
cruzou no estágio de altitude.
"É
uma corrida muito aberta, e acho que esta primeira semana na Bretanha, com um
contrarrelógio longo, e chuva e vento, pode ser já decisiva. As etapas de
montanha são muito duras. [O percurso] pode ser menos montanhoso, mas vai de
certeza haver muito stress, os contrarrelógios - dois de 30 quilómetros - vão
fazer muitas diferenças. Já vi umas etapas no estágio em Andorra e as montanhas
que são, são duras. Qualquer dia pode fazer a diferença",
prognosticou.
O português da EF
Education-Nippo estimou que os contrarrelógios, que perfazem um total de 58
quilómetros, vão provocar "diferenças
grandes" na luta pela
geral, até mais do que a montanha, e que as etapas de vento também podem
desempenhar um papel central no desfecho da 108.ª edição, que termina em 18 de
julho, em Paris.
"A
qualidade do pelotão que está aqui é o melhor que há. Vai ser muito stress, de
certeza", pontuou.
O sempre expansivo e combativo
Guerreiro revelou que, "por acaso",
ainda nem estudou "muito bem o livro" da prova, pelo que vai dia a
dia, sem querer antecipar qual será a melhor etapa para repetir um ataque como
aquele que lhe valeu o triunfo na nona etapa do Giro'2020.
"Acho
que no fim consegui uma boa forma, sinto-me bem, consegui perder peso, o que é
importante para um trepador, e acho que pode correr bem. Vamos pouco a pouco,
ver o que dá", acrescentou.
Guerreiro, que é "muito pelo português",
referiu-se ainda à presença de outro ciclista luso, o seu amigo Rui Costa (UAE
Emirates), considerando que "é
engraçado" estar no Tour com o campeão mundial de fundo de
2013.
"Quando
vemos um português, fazemos uma festa enorme. acho que é muito bom tê-lo como
rival, mas é um amigo que está ali", concluiu.
Fonte: Record on-line
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