Ciclista português confessa que estar de regresso à Volta a França é uma "sensação muito agradável"
Por: Lusa
Foto: UAE Emirates Team
Rui Costa está de regresso à
Volta a França com o "orgulho" e a "responsabilidade" de integrar o oito da UAE Emirates que defenderá
o título de Tadej Pogacar, uma missão coletiva que condiciona objetivos
pessoais.
"Regressar
à Volta a França é uma sensação muito agradável. Eu adoro fazer o Tour. Já tive
momentos muito bons aqui, momentos menos bons, devido a quedas, problemas de
saúde, mas penso sempre no lado positivo, no que realmente correu melhor.
Ganhei já três etapas. E o Tour é o Tour. Acaba por ser a corrida mais
importante que temos ao longo do ano",
confidenciou, visivelmente feliz.
Em entrevista à agência Lusa,
a partir de Brest, onde este sábado arranca a 108.ª edição da Volta a França, o
ciclista português assumiu que, "especialmente
este ano, fazer parte do oito do Tour é um orgulho".
"Estar
aqui juntamente com o ex-vencedor do Tour, o meu colega Tadej, acaba por ser
muito bom. Temos a responsabilidade de ter de fazer tudo muito bem, porque
temos de tentar defender o título do ano passado. Por isso também aqui estou,
para tentar ajudá-lo da melhor maneira",
reforçou.
Após um ano de ausência, o
poveiro, de 34 anos, regressa a uma corrida de "duras
batalhas e memórias bem frescas", onde venceu três etapas
(uma em 2011 e duas em 2013), em nove participações, e escreveu das mais
bonitas páginas do ciclismo português na última década na 'Grande Boucle', que
concluiu na 18.ª posição em 2012.
Mas, nesta 108.ª edição, Rui
Costa sabe que estar ao lado de Pogacar, "um miúdo com tanto potencial,
uma joia de miúdo, super-humilde e tranquilo" deixa pouca margem para
objetivos pessoais.
"Este
ano acaba por ser um pouco diferente. Acho que a equipa está um bocado traçada
só para um objetivo e o corredor que nos importa é o Tadej, e toda a equipa irá
funcionar à volta do Tadej. Todos os que estamos aqui, estamos para o ajudar.
Não digo que depois, taticamente, mais para a frente, não seja importante meter
um colega na fuga, e até depois possa vir a disputar a etapa. Mas, neste
momento, o único foco que tenho é estar com o Tadej e ajudá-lo nas situações
mais difíceis que sejam necessárias", completou.
Ciente de que a sua
experiência foi um fator de peso na sua seleção - "tudo aquilo que eu recolhi ao longo destes anos espero que possa
ajudar nestas três semanas que iremos ter pela frente" -, Costa confessou que só recentemente foi
escolhido para escoltar o jovem esloveno, de apenas 22 anos, nesta edição.
"Não
estava muito encaminhado para o Tour. Nas últimas três semanas, acho que eles
[diretores desportivos] decidiram [optar por] quem estava mesmo bem
fisicamente, porque já tinham um lote de corredores que iam fazer o Tour, mas
houve bastantes mudanças. Sobretudo, terminar a Volta à Suíça da maneira que
terminei, fê-los mudar a ideia e daí terem optado por trazer-me",
revelou à Lusa o corredor, que foi sétimo na prova suíça que já venceu em três
ocasiões.
O campeão mundial de fundo de
2013 reconheceu ainda que a ausência de Tóquio'2020 também influenciou "um pouco", uma vez que "ao longo de praticamente três anos" teve "um
plano específico a pensar nos Jogos".
"No
ano passado, já não fiz o Tour a pensar nos Jogos - simplesmente eles não foram
feitos. Voltámos a adiar um ano e, no meu calendário, o Tour ficou novamente de
fora a pensar nos Jogos, mas eu acho que a minha vinda ao Tour não tem a ver
com eu ter ficado fora dos Jogos, mas sim com o meu rendimento na Volta à
Suíça", analisou, mostrando aceitar e respeitar a
decisão do selecionador, José Poeira, que convocou Nelson Oliveira (Movistar) e
João Almeida (Deceuninck-Quickstep) para Tóquio'2020.
Concentrado agora na 'Grande
Boucle', Costa aponta Primoz Roglic (Jumbo-Visma), o segundo classificado do
ano passado, como o grande rival do seu compatriota, que lhe 'roubou' a vitória
na penúltima etapa da última edição, considerando que o forte bloco da INEOS,
liderado pelo britânico Geraint Thomas, vencedor do Tour'2018, e o equatoriano
Richard Carapaz, vencedor do Giro'2019, é o outro grande perigo na defesa do
título de Pogacar.
Sobre o percurso, menos
montanhoso do que nas edições anteriores, o ciclista da UAE Emirates admitiu
que "a primeira semana não tem muita
montanha", mas notou que a dureza da corrida "depende sempre da velocidade e do nervosismo",
assim como "do vento e do clima".
"O
Tour acaba por ser sempre duro. Tendo muita montanha ou tendo pouca, a dureza
vai-se acumulando. Eu acredito que quando chegarem as etapas do Alpes, as
coisas vão ao seu sítio. O Tour com muita montanha ou um pouco menos de
montanha, vai ser sempre duro. Será corrido de outra forma, mas as etapas que
às vezes parecem que menos interesse podem ter para uma geral, são as que
possivelmente podem ter mais perigos. Temos de estar sempre de olhos bem
abertos", resumiu.
O experiente português disse
ainda estar "muito feliz" por ter Ruben Guerreiro (EF Education-Nippo)
entre os participantes da 108.ª edição da prova francesa, que termina em 18 de
julho, em Paris, assumindo que é "gratificante"
ver os miúdos do ciclismo português a crescer.
Fonte: Record on-line
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