Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Depois de uma época marcada
tanto pelo sucesso como pela turbulência, Jasper Philipsen prepara-se para
redefinir a sua identidade como ciclista. O belga da Alpecin-Deceuninck, em
declarações ao Tutto Bici Web após terminar o seu ano no Critérium de Singapura,
admitiu que o seu foco está a mudar dos sprints em pelotão compacto para o
terreno brutal e imprevisível das Clássicas da primavera.
“A equipa está a tentar
orientar-me mais para as Clássicas, especialmente no início da época”, explicou
Philipsen. “Naturalmente isso significa concentrar-me menos nos sprints puros,
mas isso não é um problema. Lutar por vitórias em corridas com que eu sonho,
como a Roubaix, é algo especial.”
Uma nova
identidade para um sprinter maduro
Aos 27 anos, Philipsen entra
numa fase da carreira em que muitos ciclistas procuram reinventar-se. Conhecido
pela sua aceleração letal e resistência, o belga reconhece que chegou a um
ponto em que as margens de progresso são pequenas, mas ainda acredita poder
evoluir.
“Tentamos sempre melhorar, mas
quando chegamos a um certo nível, os ganhos são menores”, confessou. “Já não é
como quando se tem 15 anos e se pode acrescentar 20 watts todos os anos. Agora
trata-se de afinar o motor e encontrar pequenas melhorias.”
Essa evolução poderá
transformá-lo de um dos melhores sprinters do mundo num ciclista capaz de lutar
por vitórias nas corridas de um dia mais duras do calendário. “É um bom
desafio”, afirmou. “Ganhar sprints em pelotão compacto é uma coisa, mas lutar
pela vitória nas maiores corridas de um dia é uma sensação completamente
diferente.”
Derrotar
Pogacar: o enigma das Clássicas
Entre os rivais que podem
travar o sonho de Philipsen está Tadej Pogacar, cuja estreia na Paris-Roubaix
em 2025 surpreendeu o pelotão. O belga reconhece o talento do esloveno, mas
acredita que o coletivo da Alpecin-Deceuninck pode ser a chave.
“Não nos concentramos muito
nos rivais, mas se o Tadej estiver na linha de partida, é obviamente um dos
favoritos, seja numa Clássica plana ou montanhosa”, analisou. “Ele é quase
imbatível, mas com a nossa equipa e com o Mathieu van der Poel, temos força
para jogar uma carta como equipa e tentar vencê-lo.”
Philipsen sublinha a
importância do espírito coletivo, sobretudo ao lado do campeão do mundo. “Com o
Mathieu lá, sabemos que podemos tornar a corrida agressiva e imprevisível. É
nessa altura que estamos no nosso melhor.”
A
velocidade ainda corre nas veias
Apesar das novas ambições,
Philipsen não tenciona abandonar o seu território natural: as chegadas rápidas.
A Volta a França continua a ser o ponto alto da sua temporada e o seu principal
objetivo competitivo.
“A A.S.O. tenta sempre tornar
a corrida mais emocionante. Estas alterações significam que há mais cenários
possíveis, desde um sprint compacto a ataques tardios. Vai tornar as etapas
mais abertas e mais interessantes.”
Tendo já vestido a Camisola
Amarela na Volta a França e a vermelha na Volta a Espanha, o belga procura
agora combinar a sua potência de sprinter com a versatilidade necessária para
brilhar nas Clássicas empedradas.
A campanha de 2026 promete ser
o início de uma nova fase para Jasper Philipsen – menos previsível, mais
versátil e, talvez, mais completa. O belga sabe que o sucesso nas Clássicas
exige mais do que força bruta: requer posicionamento, resistência e uma mentalidade
táctica afiada.
“O ciclismo tem sempre a ver
com paixão e emoção. É isso que nos faz seguir em frente, seja qual for o
objetivo”, concluiu.
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