Por: Ivan Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
O Rapencross de Lokeren voltou
a provar porque é uma das provas mais imprevisíveis do calendário de
ciclocrosse. Desta vez, o protagonista foi Joris Nieuwenhuis, que protagonizou
uma exibição de autoridade e conquistou a sua segunda vitória da época no Troféu
X2O, num dia em que Thibau Nys teve uma tarde diametralmente oposta, marcada
por problemas mecânicos, quedas e frustração.
Nieuwenhuis, que parece estar
cada vez mais confortável na lama, assumiu o comando da corrida a meio da prova
e nunca mais olhou para trás.
“Assim que entrei na frente,
senti que tinha o controlo da corrida”, disse o holandês no final. “Mesmo com
um pequeno deslize na areia, sabia que o ritmo era suficiente.”
O
contraste de Nys: da glória à frustração
Ainda debaixo do impacto do
seu triunfo em Koppenberg, Thibau Nys alinhou em Lokeren com ambição e
confiança, mas o dia começou mal e só piorou. Um arranque desastroso deixou-o
enterrado no pelotão e, a partir daí, uma série de problemas com a bicicleta dianteira
e múltiplas trocas de mota destruíram qualquer hipótese de recuperação. A
frustração do campeão europeu foi evidente, com o belga a gesticular em
desespero por mais de uma vez.
O infortúnio ficou completo
com duas quedas na areia nas voltas finais, que o afastaram definitivamente da
luta pelos lugares cimeiros. No final, Nys saiu de Lokeren sem pontos
significativos e com uma expressão de resignação, lembrando que no ciclocrosse
a linha entre o triunfo e a ruína é perigosamente fina.
A
corrida: Nieuwenhuis dispara, Vanthourenhout responde
O início da corrida foi
frenético, com Victor Vandeputte a disparar da linha de partida. Mas quando
Joris Nieuwenhuis e Michael Vanthourenhout assumiram o comando, o ritmo subiu
de forma drástica. Atrás deles, Vandeputte e Emiel Verstrynge lutavam para se
manter próximos, enquanto Laurens Sweeck começava a perder terreno.
A meio da corrida surgiu o
momento decisivo: Nieuwenhuis lançou o ataque que o isolou na frente.
Vanthourenhout ainda conseguiu reaproximar-se após uma paragem rápida nas
boxes, mas o holandês da Baloise Trek Lions voltou a acelerar, quebrando o
elástico de forma definitiva.
A partir daí, foi uma exibição
de força e controlo. Mesmo um ligeiro erro na secção de areia não o
desconcentrou, Nieuwenhuis remontou imediatamente e manteve o ritmo até cruzar
a meta em solitário.
O pódio e
os sobreviventes do caos
Michael Vanthourenhout, que
vinha de um abandono no Koppenbergcross, limitou-se a rodar com consistência
até ao segundo lugar, um resultado que lhe devolve confiança. Atrás, a luta
pelo pódio proporcionou o drama da tarde: Vandeputte recuperou após um início
irregular e, nas últimas voltas, ultrapassou Emiel Verstrynge, garantindo o
terceiro posto com uma margem confortável.
O Top 6 ficou completo com
Verstrynge (4.º), Niels Michels (5.º) e Laurens Sweeck (6.º), num dia em que os
favoritos tiveram destinos opostos.
Duas
corridas, dois mundos
O Rapencross deixou duas
histórias distintas:
Joris Nieuwenhuis consolidou o
seu estatuto de força dominante deste início de inverno, somando vitórias e
confiança.
Thibau Nys, pelo contrário,
aprendeu que a lama pode ser impiedosa até com os mais talentosos, e que a
euforia de um dia pode transformar-se em frustração no seguinte.
O ciclocrosse voltou a mostrar
o seu caráter imprevisível, um desporto onde o talento e a forma são
essenciais, mas a resiliência e o controlo emocional são, muitas vezes, o que
distingue os campeões.
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