Patrão da W52-FC Porto passa em revista o seu percurso na modalidade e fala do caso do momento
Foto: João Fonseca
Adriano Quintanilha, patrão da
W52-FC Porto, escreveu uma carta aberta dirigida aos amantes do ciclismo, onde
passa em revista o seu percurso na modalidade, para depois abordar o escândalo
de doping que se abateu sobre a equipa, impedida pela UCI de competir. O
empresário continua a manter o seu apoio aos ciclistas "até prova em contrário"
Eis a
carta na íntegra
"Caro
Leitor:
Tendo em
conta os muitos equívocos e perplexidades em torno dos relatos sobre o caso de
doping que assola a equipa Calvário Várzea Clube de Ciclismo e que acabou por
conduzir à suspensão provisória da sua licença UCI e à consequente inibição de
participar em provas desportivas, julgo ser importante esclarecer o que na
verdade se passa.
O cuidado
e a preocupação com os nossos patrocinadores, staff e atletas assim o
justificam, e é o que me move neste assunto, levando-me ao seu encontro.
Entrei no
mundo do ciclismo em 1989, de onde me retirei em 2001. Regressei em 2014, tendo
em 2016 celebrado o atual "Contrato de Naming e Licenciamento de
Marca" com o FC Porto, inicialmente através da Vintage Podium e,
posteriormente e até à presente data, através da Associação Calvário Várzea
Clube de Ciclismo.
Não sou,
nem nunca fui um profissional do ciclismo. Toda a minha vida tem sido dedicada,
ao mundo do vestuário, trabalhando árdua e diariamente nas minhas empresas. Por
tal facto, deleguei funções em profissionais com o objetivo de ter uma equipa
vencedora, dotada das melhores condições possíveis, apenas comparáveis às das
equipas que correm ao nível do circuito Mundial World Tour, honrando dívidas
por mim não criadas perante atletas e a UCI, e contratando aqueles que me
pareciam ser os melhores profissionais, sempre cuidando que agissem em estrito
cumprimento de todas as regras desportivas, designadamente do fair play e do
não uso de substâncias dopantes.
Foi,
pois, com a maior surpresa e estupefação que, em abril último, fui confrontado
na minha própria casa, onde me encontrava a descansar, pelos meus atletas e
demais staff, dando-me conta da existência do processo judicial em curso de
inquérito. Vendo o estado de desespero de alguns atletas, logo tratei de me
constituir assistente no mesmo, o que me veio a ser negado. Não obstante,
acreditando nas suas palavras e no facto de as análises efetuadas terem sido
negativas, fiz o que qualquer ser humano com o mínimo de princípios faria:
defender os meus atletas, o que continuarei a fazer até prova em contrário.
Claro está que todo aquele que tiver comprovadamente prevaricado, deve um
pedido de desculpas formal e público, quer a mim próprio quer ao Clube e aos
seus patrocinadores.
Quem
minimamente me conhece sabe que pugno pelos valores da verdade, honestidade e
respeito pela palavra, valores esses que recebi de meus pais, pessoas humildes,
mas gente de bem, razão pela qual não me revejo nesta tentativa de assassínio
de caráter de que sou alvo juntamente com os meus patrocinadores.
Aceito que podemos e devemos fazer sempre
melhor: Clubes, Federação Portuguesa de Ciclismo e Autoridade Antidopagem de
Portugal (ADOP). Por isso, na minha equipa, dei e continuarei a dar instruções
para que a transparência e a tolerância zero sejam regras conhecidas de todos.
Foi nessa linha de atuação que implementámos um Código de Conduta interno,
ajustado à mais recente legislação antidoping.
Finalmente,
desejo que esta carta possa ajudar cada leitor a aproximar-se da verdade que
todos desejamos. Verdade que o ciclismo português exige e merece, sendo certo
que não desistirei tão depressa deste propósito, estando já a preparar o futuro
conjuntamente com os nossos principais parceiros.
Cordialmente
Adriano
Quintanilha”
Fonte: Record on-line
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