Texto e fotos: José Morais
Alcanhões,
no distrito Santarém, foi o nosso destino este primeiro domingo 1 de outubro,
fomos participar no 2º passeio de cicloturismo organizado pelo Núcleo de
Cicloturismo “O Cantinho do Avô”, um passeio do calendário oficial da Federação
Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB), que contou com
o seu apoio.
A
cerca de 80 quilómetros da capital, fica Alcanhões, uma vila ribatejana,
ficando a sul da capital de distrito Santarém, teve a presença dos romanos, na parte norte da vila, e
encontram-se ruínas daquilo que foram balneários tipicamente romanos, foi
também ocupada pelos mouros antes da conquista de Santarém, local onde já
existia uma povoação.
Também no século 14, aquele lugar teria servido de ponto de encontro da
Corte Real, destacando-se a sua presença sobretudo nos reinados de D. Pedro I e
D. Fernando nos Paços Reais de Alcanhões, como comprovam as crónicas de Fernão
Lopes.
Foi aqui, em Alcanhões, que se acordou a paz com Castela e Aragão numa
situação de grande instabilidade política no reinado de D. Fernando. Foi também
aqui que se engendrou o plano definitivo para o assassinato de D. Maria Teles,
que era casada com o infante D. João (filho de D. Inês de Castro e de D. Pedro
I) e que era irmã da rainha D. Leonor Teles. A herdeira do trono era D.
Beatriz, filha do rei.
O assassinato não passava de um pretexto para celebrar o casamento entre
o infante D. João e D. Beatriz e, assim, estaria encontrado o herdeiro ao
trono. Então, o infante D. João, antevendo a possibilidade de vir a ser Rei de
Portugal, decide matar a sua própria mulher, D. Maria Teles em Coimbra. E
assim, partem de Alcanhões, onde delinearam o plano definitivo para o
assassinato da irmã da rainha D. Leonor, "às pressas". Por este
motivo é que, ainda hoje, as pessoas naturais de Alcanhões são adjetivados de
"apre”.
E se Alcanhões é uma Vila cheia de história, o passeio deste domingo
também o foi, um passeio sem dúvida bem organizado, tanto antes, como durante,
ou após o mesmo, com a organização a esmerar-se por dar o seu melhor, tentando
satisfazer assim todos os que participaram.
Olhando
o evento:
Bem
cedo começaram a chegar os participantes, oriundos de diversos locais, com
destaque para Tavira, Crato, Coimbra, Pombal, Leiria, Grande Lisboa, e alguns
do distrito de Santarém. Confirmando as suas inscrições, preparando as
máquinas, que os levaria a percorrer os cerca de 60 quilómetros do trajeto, o
qual foi dividido em duas partes, ambas com partida e chegada ao “Cantinho do
Avô”, a saída ocorreu pelas 9 horas, e a chegada cerca da 12.45, num trajeto de
dificuldade praticamente baixa, e propicia a rolar.
Tivemos
uma boa assistência na estrada, o apoio da GNR, e o excelente trabalho na segurança
pelo Grupo de Motard Bispos do Asfalto a toda a caravana.
Com
uma velocidade propícia à prática do cicloturismo, tentando que o longo pelotão
não se partisse, a velocidade foi boa, dando para rolar, porem, temos de
manifestar aqui uma parte negativa do evento, que em nada beneficia a
modalidade, e envergonha um pouco a organização, não por culpa desta, mas por
culpa de alguns participantes que não souberam respeitar a mesma.
Quase
no final das pedaladas, e como acontece muitas vezes noutros eventos, às vezes
é necessário reduzir a velocidade, e muitas vezes parar, para que tudo se
reagrupe, e o pelotão possa circular junto. Primeiro porque é uma segurança
para todos, já que às vezes se introduzem viaturas que não pertence à caravana,
pondo em risco quem pedala, ou mesmo parar, tudo em prol da segurança.
É
certo de que muitos não gostam desta última opção, mas as regras são para
cumprir, existe uma organização, e ela é responsável pelo evento, mas… aqui
existiu sem dúvida uma falta de respeito, e quando o pelotão parou, muitos
foram os que continuaram, ignoraram, pedalando sem proteção, tendo sido mais à
frente obrigados a parar pela GNR, para depois reagrupar todo o grupo.
Não
posso deixar passar em branco esta atitude, que em nada beneficia a modalidade,
e nos relatórios feitos pelas autoridades, em nada é positivo, ainda mais, participantes
inscritos no evento, desobedecendo à organização, no caso de haver um acidente,
a companhia de seguros pode criar obstáculos, o que em nada abona a favor.
Sendo
assim, e passando este momento nada agradável, quem vai participar num passeio
organizado e legalizado, tem de ter em conta uma coisa, obedecer a quem
organiza, respeitar, tendo sem dúvida o direito no final a colocar as suas
queixas, mas terá acima de tudo de respeitar ao longo do passeio, caso não
goste ou não esteja de acordo, noutras edições apenas não deve participar,
andando assim livremente por onde quiserem, caso contrário terão de se sujeitar
às regras.
Tivemos
assim um excelente passeio, tirando esta parte negativa, com um excelente abastecimento,
com uma diversidade enorme, tanto liquido como sólido, tivemos um almoço final
maravilhoso, e um convívio tarde dentro, lembranças para todos, alusivas ao
passeio, lembranças especiais para todas as mulheres, e no final a promessa de
todos poderem estar presentes na 3ª edição em 2018.
Temos
mais uma vez de dar os parabéns à organização pela forma como mais um ano se
esmerou por agradar, tentando fazer o seu melhor, uma organização que junta um
número sem dúvida imenso de pessoas, com o Núcleo a apoiar no início do
passeio, durante o passeio a pedalarem e a orientarem, e no final, também eles
a servirem todos os participantes, não esquecendo, todas as senhoras que
estiveram por trás, na cozinha para que no final nada faltasse, e tudo corresse
bem.
Mas,
como a solidariedade terá de estar acima de tudo, temos de relembra que neste
passeio existiu uma queda, um elemento de Trajouce, sofreu um aparatoso
acidente a meio do percurso, uma vala disfarçada na estrada deu origem a que
fosse ao chão, foi transportado ao hospital, temos de referir a rápida
intervenção dos Bombeiros de Pernes, e esperemos que não seja nada de grave, e
que recupere rapidamente, e possa voltar ao pelotão rapidamente.
Finalizo,
dando mais umas vezes os parabéns à organização, continue assim, o cicloturismo
merece passeios destes, e da nossa parte esperamos poder voltar em 2018, na sua
3ª edição, num domingo com eleições, onde existiu tempo para pedalar e ir votar.
Até
lá ficam os votos de bons passeios, boas pedaladas.
Fonte: Notícias do Pedal/Parceria FPCUB
Pode visualizar mais fotos em: https://photos.google.com/share/AF1QipMiN7a4mQLq35Ts6JfUohsenbcW1lx7xmmlRdLq_icUaZ9_yMg1fxUqEiLhR3jFzQ?key=eDYtRFQ3d0hDcjhGTGk5UEpMM3hzNFlqOW9qU2Z3
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