Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Mauricio Moreira, uruguaio de
30 anos, falou ao Cycling District sobre a ausência na Volta a Portugal de
2025, a decisão da equipa e a rescisão contratual que se seguiu. O antigo
vencedor da prova não escondeu a frustração, mas mostrou-se sereno quanto ao
seu percurso e às acusações que o rodearam.
“Estava consciente de que
podia fazer uma boa Volta. Os ciclistas têm aquele local de treino onde vão
fazer testes, onde chegam à conclusão de que estou a andar bem ou não estou a
andar nada, e naqueles momentos eu sentia que estava a andar bem, que estava a
fazer bons números. Isso levava-me a pensar que, apesar de ter tido um ano tão
irregular, tão cheio de altos e baixos, de desistências nas corridas, de
marretadas na cabeça, porque são coisas psicologicamente muito duras, podia dar
o meu melhor. Não vou dizer que podia ganhar ou que podia fazer pódio, mas
acreditava que estava em forma para o fazer”, explicou o uruguaio.
De fora
da Volta a Portugal
Segundo revelou, a decisão de
o deixar fora da principal prova do calendário português partiu da própria
estrutura da equipa. “Basicamente foi uma falta de rendimento, uma falta de
continuidade e preparação que levou a tomar a decisão de que eu ficava de
fora”, afirmou, considerando que essa decisão “não foi justa”.
Depois de não ter sido
convocado para a Volta a Portugal, Moreira sentiu que algo mudou dentro da
formação. “Foram um conjunto de decisões a partir daquele momento que,
basicamente, não percebo. Não percebo quando há pessoas que têm uma ideia
concreta na cabeça e, apesar de ter provas que mostram o contrário, eles não
querem vê-las. Não há maneira de haver um consenso. Quando dizes que existe uma
coisa que não existe, com provas que não são contundentes… Eu tenho as provas
que me deixam completamente tranquilo. A pessoa em concreto que desencadeou
isto tudo saberá quais são as suas razões, para mim essas razões não me dizem
nada.”
O uruguaio reagiu ainda aos
rumores que circularam sobre uma alegada notificação relacionada com doping.
“Isso dá-me vontade de rir. Nunca fui notificado. Eu não culpo as pessoas que
dizem aquilo, simplesmente dá-me muita pena. Como já disse, e voltamos a 2023,
numa entrevista na etapa da Torre, as pessoas falam porque da boca para fora é
muito fácil falar. Falar é de graça. Todas as pessoas falam, ‘olha aquele tem
um problema’. Mas não têm consciência de que as palavras que dizem, fazem
muitos mais danos do que uma chapada na cara ou qualquer outra coisa. Dá-me
pena, porque acusações assim a uma pessoa fazem muito dano.”
"Isso
vem de pessoas que nunca andaram numa bicicleta"
Com 30 anos, Moreira sublinhou
o peso dessas acusações numa carreira construída com esforço e sacrifício.
“Levo mais de metade da minha idade a ser profissional, a sofrer, a conseguir
ser o melhor, a conseguir resultados. Ser um bom atleta, um bom ciclista, uma
boa pessoa. E acusações assim danificam isso tudo. E muitas vezes esses
comentários são de pessoas que nunca andaram numa bicicleta. Magoa-me porque
isso vai afectar aquilo que eu consegui com suor e esforço.”
O uruguaio revelou também que
o conflito interno teve origem numa figura com influência sobre os atletas.
“Não vou entrar em muitos detalhes porque é uma situação muito complexa. Só
posso dizer que não foi uma pessoa da direcção da equipa. Quando essa pessoa
tem certo ‘poder’ sobre os atletas, eles (direção ed.)acreditam. Ele disse que
eu nunca mais vou ter um bom rendimento na minha vida, que nunca mais ia andar
bem, que a minha vida não era compatível com o ciclismo.”
Moreira garante que tentou
provar o contrário, mas sentiu resistência. “Eu fiz tudo para provar a essa
pessoa o contrário. Mesmo se, com exames e provas, essa pessoa não quer ver, é
um problema dessa pessoa. Eu não vou contrariá-lo, não vou meter uma arma na
cabeça de ninguém e dizer ‘tens de acreditar’, ou porque tenho aqui X provas e
tu tens que as ver. Somos todos seres humanos e vemos as coisas de forma
diferente.”
No fim, reconhece que o caso
acabou por ter reflexo na decisão da equipa para a Grandíssima. “Isso
reflectiu-se na direção da equipa. Obrigou a equipa a tomar uma decisão.”
Apesar de tudo, Mauricio
Moreira garante que sai sem rancores. “Obviamente não é um ambiente de trabalho
bom, não há compatibilidade e por isso decidimos seguir caminhos diferentes”,
afirmou, agradecendo à formação de José Azevedo “pela oportunidade que me deu,
embora tenha sido curta”.
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