Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
O Campeonato do Mundo em
Kigali prometia um duelo da década entre Tadej Pogacar e Remco Evenepoel, mas o
combate nunca se materializou realmente. Pogacar conquistou a sua segunda
camisola arco-íris, enquanto Evenepoel lutou tanto contra a adversidade como
contra os adversários, sendo forçado a fazer duas trocas de bicicletas
prejudiciais. Os comentadores belgas Karl Vannieuwkerke e José De Cauwer
acreditam que o resultado deixa assuntos pendentes para o Campeonato da Europa
de domingo em França.
Apesar de meses de debate
sobre o percurso ruandês, Vannieuwkerke sentiu que os organizadores silenciaram
os duvidosos. "Foi dito muito acerca deste traçado, mas o Ruanda cumpriu
totalmente as expectativas", disse ele na análise pós-corrida da dupla
para a Sporza. De Cauwer concordou com ele: "Este tinha de ser um Mundial
para os trepadores, e foi precisamente isso que aconteceu".
Ainda assim, Evenepoel
conquistou a prata, que De Cauwer foi rápido a defender. "O Remco terminar
em segundo é um grande feito. Não devemos menosprezar isso, ele deve estar
contente após uma performance tão forte". No entanto, ambos os analistas
concordaram que a maneira como a corrida aconteceu deixou espaço para
frustração.
Os
momentos decisivos
O primeiro ponto de viragem
aconteceu no Monte Kigali, onde o ataque de Pogacar coincidiu com os problemas
de selim de Evenepoel. "Essa subida foi crucial", explicou
Vannieuwkerke. "Pogacar atacou, e Remco perdeu contacto".
Mas De Cauwer descartou
especulações sobre o que poderia ter acontecido: "Esse ‘suponhamos’ é
demais. O que realmente importou veio depois. Essa segunda troca de bicicleta
nunca deveria ter acontecido. Não se pode desculpar, nem mesmo a nível amador".
Na íngreme subida de
Kimihurura, Evenepoel foi forçado a esperar enquanto o caos acontecia atrás.
"Ele sabia que teria de parar lá, porque o carro de apoio simplesmente não
consegue passar quando a corrida se desintegra", apontou De Cauwer. "Foi
nesse ponto que a corrida se perdeu. Ele perdeu 42 segundos enquanto estava
parado".
Vannieuwkerke sugeriu que a
frustração ofuscou o julgamento do belga. "Havia um elemento de desilusão
naquela segunda troca que o impediu de pensar claramente?" perguntou. De
Cauwer ripostou afirmativamente: "Sim. Normalmente, Remco brilha quando
tudo corre a seu favor, mas talvez ele estivesse a perguntar-se: como pôde isto
acontecer-me?"
Oportunidades
perdidas
Houve outros momentos
determinantes. A queda de Ilan Van Wilder, que, se estivesse no grupo, poderia
ter sido uma salvação. "Ele poderia ter dado a sua bicicleta ao
Remco?", questionou Vannieuwkerke. "Sem dúvida", respondeu De
Cauwer. "Tenho dito todo o ano que o Ilan deveria estar sempre ali com uma
reserva. Ele era o segundo da fila e sentimos a sua falta. Isto teria mudado o
resultado? Difícil dizer".
Contudo, o quadro geral era
claro: Pogacar mostrou-se novamente imperturbável. "Mesmo sozinho, ele não
entrou em pânico", disse De Cauwer. "Ele poderia ter duvidado de si
mesmo, mas em vez disso geriu a situação perfeitamente. Isso é a marca do
ciclista mais forte do mundo".
Um novo
confronto aproxima-se
Atenção agora volta-se para o
Campeonato Europeu. A distinção pode não ter o prestígio de um título Mundial,
mas o alinhamento é ainda mais feroz. "Talvez haja um novo confronto no
domingo?" diz Vannieuwkerke com intriga. "Este pode não ter o
prestígio do Mundial, mas o pelotão é ainda mais forte com Jonas Vingegaard e
Joao Almeida também presentes".
De Cauwer, no entanto, olha
mais à frente. "Talvez a verdadeira contenda aconteça na Lombardia uma
semana depois", perspetivou. "Mas por agora, Pogacar mostrou
novamente que é o homem a bater".
Para Evenepoel, a prata em
Kigali foi tanto um consolo como uma oportunidade perdida. Domingo em França
oferece a chance de corrigir isso, mas com Pogacar imparável e novos
desafiantes em jogo, pode ser uma subida ainda mais íngreme.
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