Por: Ivan Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Sem Mathieu van der Poel nem
Jasper Philipsen à partida da etapa 20 da Volta a França, poucos esperariam que
a Alpecin-Deceuninck voltasse a erguer os braços na Volta a França. Mas foi
precisamente isso que aconteceu na penúltima etapa da Grand Boucle de 2025, com
Kaden Groves a protagonizar uma exibição autoritária que lhe valeu uma vitória
de prestígio, alcançada não com a sua habitual ponta final, mas com um ataque a
solo de grande classe.
A 20.ª etapa, com 184
quilómetros e um perfil acidentado logo desde o início, anunciava-se como
território propício a uma fuga bem-sucedida. O ritmo alto desde os primeiros
quilómetros e as subidas iniciais fragmentaram o pelotão, com inúmeros
ciclistas a tentarem integrar o grupo da frente. Ben Healy fez parte dessa
ofensiva inicial, mas viu-se neutralizado por Kévin Vauquelin e Tobias Haaland
Johannessen, atentos à sua movimentação por motivos de classificação geral. No
final, seria Jordan Jegat a tirar maior proveito do dia, ao conseguir entrar na
fuga e, com isso, saltar para o Top 10 da geral, ultrapassando Ben O'Connor
numa das últimas oportunidades competitivas da corrida.
A chuva intensa complicou
ainda mais a terceira semana e tornou o arranque particularmente penoso para um
pelotão já desgastado. Ainda assim, acabou por formar-se uma fuga forte e bem
composta: Romain Grégoire, Matteo Jorgenson, Jordan Jegat, Simone Velasco, Iván
Romeo, Tim Wellens, Kaden Groves, Frank van den Broek, Harry Sweeny, Ewen
Costiou, Matteo Trentin, Jake Stewart e Pascal Eenkhoorn compunham o grupo que
lutaria pela etapa.
Wout van Aert tentou reagir a
partir do pelotão, atacando na Côte de Thésy e colando-se a Axel Laurance. A
Jayco AlUla colaborou na perseguição, na tentativa de manter Ben O’Connor
dentro do top 10 da geral. Contudo, tanto o ataque de Van Aert como o esforço
da equipa australiana seriam infrutíferos.
Na frente da corrida, Harry
Sweeny desferiu um ataque em conjunto com Jegat e depois isolou-se na liderança
durante vários quilómetros. Contudo, o vento de frente e o desgaste acabariam
por ditar o seu fim, sendo apanhado a 26 quilómetros da meta, numa fase da
corrida em que quedas e dificuldades nas subidas causaram várias vítimas.
Foi nesse momento que Kaden
Groves leu na perfeição o desenrolar da etapa. Com Grégoire e Romeo a perderem
contacto depois de cairem numa curva escorregadia, o australiano manteve-se com
Stewart e Van den Broek, e a 17 quilómetros do fim lançou o ataque decisivo.
Ninguém foi capaz de responder. Groves, tradicionalmente um sprinter,
surpreendeu com uma performance digna de um ciclista de clássicas, mesmo ao
estilo de Mathieu van der Poel, aguentando a vantagem até à meta e selando uma
vitória surpreendente para a Alpecin-Deceuninck.
Frank van den Broek terminou
em segundo lugar, com Pascal Eenkhoorn a fechar o pódio. Um dia memorável para
Groves, e uma afirmação clara de que, mesmo sem os seus dois líderes habituais,
a Alpecin continua a ser uma equipa para levar muito a sério.
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