Considera que várias situações relatadas no processo "não são condizentes com a verdade" e revelou que o cliente tem "sofrido algumas pressões externas"
Por: Lusa
Foto: Carlos Gonçalves
Nuno Ribeiro, um dos acusados
num processo judicial com 26 arguidos, quer prestar declarações em julgamento,
disse hoje à Lusa o advogado do antigo diretor desportivo da equipa de ciclismo
W52-FC Porto.
Segundo o advogado que representa
o ex-ciclista, Tiago Máximo, Nuno Ribeiro "entende
que deve prestar declarações", depois de se ter remetido,
inicialmente, ao silêncio, nos primeiros dias do julgamento que decorre da
operação 'Prova Limpa'.
Queria, segundo o seu
representante, "proteger os
ciclistas", mas agora considera existirem "questões no processo" que ainda não foram referidos ou relatado, "mas que são cruciais para a descoberta da
verdade".
De resto, considera mesmo que
várias situações relatadas no processo "não
são condizentes com a verdade" e
revelou que o cliente tem "sofrido
algumas pressões externas".
Ao que tudo indica, as
declarações de Nuno Ribeiro serão prestadas na próxima diligência judicial,
agendada para 08 de março.
O julgamento arrancou na
quinta-feira no pavilhão anexo ao Estabelecimento Prisional de Paços de
Ferreira, distrito do Porto, com vários arguidos, entre eles sete ciclistas, a
confessarem ter-se dopado ou praticado métodos ilícitos.
Vários dos acusados referiram
ainda trocar opiniões e informações com Nuno Ribeiro, ainda que tenham
rejeitado a tese de que seriam obrigados ou instruídos claramente a tomar, mas
que o diretor desportivo sabia destas práticas.
Além disso, foi descrita outra
prática durante competições da equipa de ciclismo, em que o quarto de Nuno
Ribeiro, ou um segundo quarto sem ocupante, teria substâncias para que fossem
tomadas pelos ciclistas, além da colocação de sacos de sangue (para
reintrodução, ou 'transfusão')
no autocarro da equipa.
No julgamento, que arrancou
quinta-feira, todos os 26 arguidos respondem pelo crime de tráfico de
substâncias e métodos proibidos, mas apenas 14 deles respondem pelo de
administração de substância e métodos proibidos, terminando sexta-feira a
audiência dos 10 arguidos que manifestaram intenção de se pronunciarem.
A próxima
sessão está agendada para 8 de março
A Autoridade Antidopagem de
Portugal (ADoP) sancionou os ciclistas presentes, à exceção de Jorge Magalhães,
cujo processo ainda decorre na instância desportiva. Todos cumprem sanções por
dopagem, com sete deles -- João Rodrigues, Rui Vinhas, Ricardo e Daniel Mestre,
Samuel Caldeira, José Neves e Ricardo Vilela com pena reduzida por terem
reconhecido a culpa.
Foram já ouvidos os ciclistas
João Rodrigues, Samuel Caldeira, Rui Vinhas, Daniel Mestre, Ricardo Vilela,
Ricardo Mestre, Daniel Freitas e ainda outros três arguidos, a técnica de
farmácia Carina Lourenço, cunhada de Caldeira, o primo de Vilela Marco Paulo
Vilela Magalhães e Rui Sousa.
Fonte: Record on-line
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