Diretor da equipa reconhece, porém, importância do triunfo de Frederico Figueiredo para o ciclismo nacional
Por: Lusa
Foto: Pedro Ferreira
A Glassdrive-Q8-Anicolor
pretende a vitória na 84.ª Volta a Portugal, sem pretender novamente ocupar os
três lugares do pódio, com Rúben Pereira a admitir, no entanto, que a vitória
de Frederico Figueiredo seria benéfica para o ciclismo nacional.
"Esse
é um objetivo muito arrojado. Acho que contento-me apenas com o objetivo de
ganhar. Esse é o nosso objetivo. Saímos com esse objetivo de ganhar. Não temos
uma meta de fazer primeiro, segundo e terceiro. Nem de ganhar um maior número
de etapas", resumiu o diretor da Glassdrive-Q8-Anicolor,
ao ser questionado sobre se ambicionava repetir o tri do ano passado.
Rúben Pereira recordou, em
declarações à Lusa, que em 2022 a sua equipa também não pretendia colocar
Mauricio Moreira, Frederico Figueiredo e António Carvalho, agora na
ABTF-Feirense, no pódio, mas "a corrida
é que se proporcionou assim".
"E
se nós olharmos friamente, foram os próprios adversários que levaram a que a
equipa fizesse primeiro, segundo e terceiro. Porque a corrida foi assim até
praticamente à decisão final, que foi a Senhora da Graça e o contrarrelógio. E,
como é óbvio, quando juntas ciclistas que têm uma polivalência muito grande,
tanto na montanha como no contrarrelógio, e terminas com o contrarrelógio a
Volta a Portugal, a probabilidade de fazer primeiro, segundo e terceiro o ano
passado foi grande. Foi o que aconteceu",
notou.
Apesar de os 'amarelos' terem dominado a seu bel-prazer
a temporada velocipédica nacional, o diretor desportivo reconhece que "não é fácil" defender o título de vencedores da Volta a
Portugal.
"Não
podemos esconder a pressão que temos, mas acho que temos em todas as corridas,
pelo facto de o plantel que nós temos, da época que temos vindo a fazer. Mas
também retira um bocado a pressão, no sentido que temos um grupo muito forte. E
temos corredores como o Mauricio, como o Frederico, como o Artem, como o James,
que nos dão bastante segurança. Como é óbvio, este é um desporto de pressão. É
uma modalidade em que temos de saber lidar com a pressão. É assim mesmo. Mas
também concordo, e esta será a minha opinião, nós somos uma das equipas
candidatas à vitória final, mas não somos a única equipa",
argumentou.
Com o campeão e o vice-campeão
em título nas suas fileiras, e com Artem Nych e a surpreendente contratação
James Whelan como outros potenciais candidatos, quem é que será, afinal, a
aposta da Glassdrive-Q8-Anicolor?
"Nós
não saímos com um líder definido. Nós saímos com uma estratégia definida, e
essa estratégia é ganhar a Glassdrive. Esse é sempre o nosso objetivo. E esta
foi sempre a mensagem que eu passei. Nós não temos adversários internos. Os
nossos adversários são as outras equipas. E nós iremos correr dessa forma muito
agressiva. Para nós, é exatamente igual ganhar com o Artem, ganhar com o
Mauricio, ganhar com o James. Se me perguntares a mim se o ciclismo precisa da
vitória do Frederico, ou um português, precisa. E eu sei disso",
confessou.
Se o Frederico ganhar, Pereira
afirma: "todos nós ganhamos".
"O ciclismo nacional ganha. Para o
ciclismo nacional, é bom ter um novo ídolo, digamos assim, português. Ter uma
referência como o Frederico, que já o é - para mim já o é, como é óbvio -, mas
se conseguir ganhar a Volta a Portugal é um estatuto que acaba por publicamente
ser criado à volta dele, enquanto ciclista. Temos a noção que seria importante
para a modalidade", reforçou.
Mas, ainda assim, o principal
coletivo nacional irá correr "sempre
para salvaguardar os objetivos da equipa", embora
Figueiredo possa ver, finalmente, recompensado pelo seu 'sacrifício' na passada edição, quando
aguardou por Moreira numa altura em que o uruguaio passava dificuldades e 'entregou' a vitória na Volta.
"Eu
não digo que o Fred deixou o Maurício ganhar. O Fred foi um verdadeiro capitão
e foi um verdadeiro colega de equipa. Nós saímos com uma missão muito grande do
ano passado, porque foi difícil o ano de 2021. Só quem viveu esse ano da Volta
de 2021, da queda com o Mauricio, é que sentiu aquilo que nós sentimos enquanto
equipa. Porque perdemos sendo os mais fortes",
lembrou.
O diretor da equipa de Águeda
referia-se à queda do uruguaio no contrarrelógio da última etapa da prova 'rainha' do ciclismo português, que
hipotecou a possibilidade de roubar a amarela a Amaro Antunes, entretanto
desclassificado por doping.
"E nós
tínhamos como objetivo dar essa vitória ao Mauricio, até para que ele ficasse
tranquilo com ele mesmo. Que o nosso dever enquanto equipa ficasse ali sanado.
E, como é óbvio, o Fred no ano passado foi totalmente um exemplo do que é um
colega de equipa, do que é o desportivismo. Respeitou aquilo que era a nossa
missão, e também por vontade própria dele, que era levar o Mauricio à vitória
final. Se este ano tivermos que inverter os papéis, claro que sim, isso poderá
acontecer", assumiu.
A favor do trepador português
de 32 anos estão também os quilómetros finais do 'crono'
desta edição, que termina em Santa Luzia, ponto mais alto de Viana do Castelo,
com Pereira a notar a sua evolução no exercício individual e a revelar que
Figueiredo trabalhou "bastante o
contrarrelógio este ano".
"Eu
acredito que o Frederico, talvez o contrarrelógio, não seja tão decisivo para
ele na Volta deste ano. Porque acredito que possa fazer diferença até chegar ao
contrarrelógio. Acredito nisto. O percurso que foi delineado para a Volta a
Portugal deste ano é um percurso muito exigente",
avaliou.
Para o diretor da
Glassdrive-Q8-Anicolor, a 84.ª edição "favorece
um corredor poderoso, mas também favorece um trepador",
elencando quem vê como principais favoritos, além dos seus homens.
"O
ABTF tem o António Carvalho, que foi contratado, direcionado à Volta a
Portugal. E é um corredor que tem por obrigação, pelo seu historial, estar
entre os melhores. O Afonso Eulálio, que foi uma das pérolas em que eu
trabalhei no último ano, é um corredor que está em evolução e é um corredor que
eu acredito que possa estar entre os 10 melhores da volta. O Tavira tem o Delio
Fernández, tem o próprio Álvaro Trueva, que são corredores que podem também
estar entre os melhores. A Efapel é uma equipa que conta com vários ciclistas
de top 10, que em outras equipas estiveram sempre na frente da Volta a
Portugal: Henrique Casimiro, Emanuel Duarte, [Aleksandr] Grigorev, Joaquim
Silva, Tiago Antunes", enumerou.
Há ainda Luís Fernandes (Rádio
Popular-Paredes-Boavista), que foi quarto em 2022, Luís Gomes, da
Kelly-Simoldes, que este ano, segundo Pereira, "fez
uma preparação mais direcionada a ir pela geral e não para etapas", e o
seu companheiro colombiano Adrián Bustamante, "que também será um corredor
a ter em conta", mas também Vicente García de Mateos e
Jesus del Pino (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho), que "são dois corredores que na Volta sempre andaram
bastante bem".
"E
os estrangeiros", indicou ainda, elegendo os austríacos da
Voralberg e os espanhóis de Caja Rural e Kern Pharma como potenciais 'ameaças'.
Equipa
Glassdrive-Q8-Anicolor
Equipa: Artem Nych (Rus),
Fábio Costa (Por), Frederico Figueiredo (Por), James Whelan (Aus), Luís
Mendonça (Por), Mauricio Moreira (Uru) e Rafael Reis (Por).
Diretor desportivo: Rúben
Pereira.
Fonte: Record on-line
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