Uma fuga e eis uma reviravolta com direito a surpresa na 82ª Volta a Portugal Santander. Se o britânico vencedor, esta terça-feira, em Santo Tirso, Mason Hollyman (Israel Cycling Academy) conseguiu que mais uma escapada resultasse em êxito, Daniel Freitas aproveitou para viver o momento mais significativo da carreira: estar de amarelo na Volta.
"Já
tinha em mente esse objetivo na etapa da Guarda. Tentei hoje, não consegui
vencer a etapa, mas vesti a amarela", afirmou o novo líder.
"A responsabilidade penso que é a mesma
[agora que tem a amarela]. Temos de dar tudo todos os dias. Não vai mudar nada.
Temos de ir à luta". Freitas não escondeu que "é um dia de sonho. Depois de muitos azares este
ano, foi um prémio pelo que tenho lutado e pelos azares que tenho tido",
salientou. A corrida ficou mais emocionante no dia seguinte à folga e deixou
tudo ainda mais em aberto para as últimas cinco etapas.
Etapa
muito movimentada... menos no pelotão
Apesar de ter sido difícil a
formação da fuga nesta 5ª etapa, com 171,3 quilómetros entre Águeda e o
Santuário de Nossa Senhora da Assunção, em Santo Tirso, quando finalmente
aconteceu, surgiram 17 homens na frente. Freitas, da Rádio Popular-Boavista,
integrou o grupo a quem o pelotão deu margem de manobra. A vantagem chegou a
ultrapassar os 10 minutos.
Não houve, na fase inicial, qualquer preocupação pelo facto de o corredor axadrezado ser o melhor classificado entre os fugitivos. Estava à partida a mais de três minutos da liderança e sendo virtual Camisola Amarela poucos acreditaram no sucesso final. Luís Gomes (Kelly/Simoldes/UDO) também estava no grupo muito dedicado a manter a liderança nos Pontos. Ganhou duas metas volantes - Oliveira de Azeméis e Santa Maria da Feira -, mas caiu antes da terceira em Santo Tirso e só depois conseguiu recuperar a posição na fuga.
Os últimos 30 quilómetros
foram bastante animados. Já preocupado, o pelotão onde estava o Camisola
Amarela Santander iniciou uma perseguição mais séria e, após algumas
fragmentações no grupo da frente, mas sem que ninguém ganhasse vantagem, foi
Tomas Contte a arriscar. O argentino do Louletano-Loulé Concelho foi à procura
de glória, mas o britânico Mason Hollyman (Israel Cycling Academy) também
estava decidido a estrear-se como vencedor. Acabou por ser Hollyman de 21 anos
o mais forte na subida para o Santuário de Nossa Senhora da Assunção, uma
subida de segunda categoria.
"Foi um dia divertido e uma grande luta. Fui um dos últimos a entrar [na fuga] e fomos a todo o gás. Havia muito talento naquele grupo. Foi uma fuga incrível. Tentei o melhor no fim para ver do que era capaz", explicou Hollyman. “É a primeira vez que ganho uma corrida em três anos, desde os juniores. Sabia que hoje tinha de arriscar. Estas vitórias não acontecem muitas vezes", salientou, admitindo que só assumiu que a tirada estava ganha a 100 metros da meta.
O veterano Ricardo Mestre
(W52-FC Porto) ainda tentou uma reação ao saltar do grupo perseguidor que se
desfez completamente ao longo dos seis quilómetros da subida, mas restou-lhe
terminar na segunda posição enquanto o argentino foi terceiro. Daniel Freitas,
ao fazer sexto, ficou a contar o tempo e acabou por ver Alejandro Marque
terminar a mais de cinco minutos do vencedor, o que significava que lhe
pertencia a nova liderança da Volta enquanto o espanhol caía para segundo lugar
a 42 segundos. Amaro Antunes (W52-FC Porto) passou para terceiro agora a 47 de
Freitas.
Nas restantes classificações
não houve qualquer mudança. Antunes continua Rei da Montanha (Camisola Bolinhas
Continente), Luís Gomes (Kelly-Simoldes-UDO), apesar de uma queda, conseguiu
manter a Camisola Verde Rubis Gás dos Pontos e o porto riquenho Abner González
(Movistar) manteve a Camisola Branca da Juventude Jogos Santa Casa.
Sentimentos
contraditórios no Boavista
O sucesso da Rádio
Popular-Boavista no final do dia contrasta com a frustração da manhã, uma vez
que dois corredores, João Benta e Tiago Machado, tiveram de abandonar a prova
na sequência de testes positivos à Covid 19, como explicou a equipa. Também do
lado da Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel houve um caso suspeito e, por
precaução, dois corredores abandonaram a prova. Ainda por causa do vírus Sars
Cov2, foram identificados dois outros casos que motivaram a retirada da
formação Euskaltel Euskadi da competição.
As próximas duas etapas serão
longas para o pelotão. Esta quarta-feira a Volta está no Minho. Correm-se 182,4
quilómetros entre Viana do Castelo e Fafe, com partida às 12h35. As três metas
volantes estarão instaladas em Valença (45,2 Km), Ponte da Barca (102,3) e
Póvoa do Lanhoso (151,1).
Fonte: Podium
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