Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A revelação do percurso da
Volta a Itália 2026 desencadeou de imediato especulação no podcast Kop over Kop
da Eurosport, onde os analistas sugeriram que o traçado é invulgarmente
favorável a ciclistas de perfil para as clássicas, mesmo aos que normalmente
apontam à Volta a França.
Com uma sequência de finais
explosivos, terreno ondulado e um longo contrarrelógio, a questão latente é se
algumas das estrelas mais versáteis do pelotão poderão ponderar um desvio de
foco para Itália.
A conversa ganhou força quando
Jeroen Vanbelleghem destacou o número invulgar de oportunidades para ciclistas
mais pesados e explosivos. No programa, defendeu: “Para um tipo de corredor
como Wout van Aert ou Mads Pedersen, é um grande Giro se estiverem na dúvida”.
Foi a sugestão mais clara até
agora de que o percurso poderá, pelo menos teoricamente, persuadir corredores
que costumam construir toda a época em torno do Tour.
Um “Giro
moderno e equilibrado” que alarga o leque
Ao dissecar o traçado, Sander
Valentijn sublinhou como esta edição parece invulgarmente aberta, e Jeroen
Vanbelleghem não hesitou em rotulá-la de “Giro moderno” e “equilibrado” no
desenho. Realçou que a corrida oferece algo para todos: “Há um pouco de tudo e
para diferentes tipos de corredores”.
Crucialmente, ligou isso
diretamente aos todo-o-terreno de estilo clássico que, em regra, encontram uma
Grande Volta demasiado limitativa. Vanbelleghem mapeou um leque amplo de
oportunidades, citando a “etapa 2”, seguidas das “4, 5, 8 e 9”, e depois salientando
a “13… e a 11, na verdade, também já” como terreno talhado para ciclistas com
punch e potência. As semanas seguintes, acrescentou, mantêm a tendência: “A
etapa 17 acho muito boa para eles e na etapa 18 tens um final íngreme com um
murinho”.
O seu veredito resumiu como a
corrida parece invulgarmente aberta: “Em todas as semanas tens um par de
oportunidades para todos os perfis, incluindo os sprinters”.
Esse equilíbrio contrasta com
o que espera na Volta a França, onde o mesmo perfil encontra menos
oportunidades naturais. Como resumiu Valentijn, face ao Tour deste ano,
corredores como Van Aert e Van der Poel “saem com muito menos”.
Poderão
mesmo os grandes nomes virar costas ao Tour? “Seriam precisos bolsos fundos”
Se o percurso em si
entusiasmou os analistas, a possibilidade de atrair estrelas globais para
Itália gerou maior cepticismo. Valentijn assumiu o desejo de que 2026 seduza
mais cabeças de cartaz para o Giro, mas Jan Hermsen foi taxativo na avaliação
da probabilidade: “Não creio que essa vá ser a escolha deles”.
Acrescentou que a ambição de
fazer duas corridas só seria realista se a RCS fizesse um esforço financeiro
sério: “Deveria ser possível combinar, mas então a organização teria de abrir
os cordões à bolsa”. Duvidou que isso aconteça, argumentando que os organizadores
vão “meter todo o dinheiro no Vingegaard”.
Vanbelleghem corroborou com
informação fresca: “Ouvi hoje que é quase certo que o Vingegaard vai ao Giro”.
E, dada a versatilidade do
dinamarquês, deixou claro que as características do percurso contam bem menos a
esse nível: “Corredores como o Vingegaard lidam com todos os tipos de
percurso”.
Um Giro
talhado para atacantes, mas quem arrisca?
Ao longo do debate, um tema
repetiu-se: este é o Giro mais acolhedor em anos para corredores que combinam
potência de clássicas com resistência de Grande Volta. Com nove etapas
assinaladas por Vanbelleghem como oportunidades reais, a edição de 2026 está feita
à medida da corrida agressiva.
Resta saber quem terá coragem
para passar essa porta. A tradição, as exigências dos patrocinadores e a força
gravitacional da Volta a França continuam a moldar as escolhas das maiores
estrelas. O painel reconheceu o apelo deste Giro, mas também a realidade de que
romper com o modelo Tour-primeiro é uma decisão arrojada e financeiramente
complexa.
Ainda assim, para nomes como
Van Aert, Pedersen e Van der Poel, o Giro raramente foi tão tentador. Se alguém
der esse passo poderá definir não só o carácter da corrida de 2026, mas também
a direção do planeamento das Grandes Voltas no ano seguinte.
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