Por: Ivan Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Omar Fraile põe ponto final a
uma longa e sólida carreira profissional após treze épocas no pelotão, a última
com a INEOS Grenadiers. O basco, vencedor de etapas no Giro e no Tour, além de
campeão de Espanha, deixa um legado marcado pela agressividade e pelo trabalho
de equipa fiável. Mas não terminou a carreira como desejava.
Fraile, agora com 35 anos,
retirou-se após uma carreira muito bem-sucedida, que inclui vitórias na Volta a
França de 2018; na Volta a Itália de 2017; duas classificações da montanha na
Volta a Espanha, em 2015 e 2016; o título nacional espanhol em 2021 e triunfos
noutras provas World Tour como a Volta à Romandia e a corrida da sua terra
natal: a Volta ao País Basco.
A despedida, porém, chega com
algum amargo de boca, sobretudo por não ter conseguido competir na Volta a
Espanha 2025, prova que aguardava com especial expectativa. Falou de tudo numa
entrevista ao Marca. “Se me dissessem quando comecei, não acreditaria; estou
muito feliz com o que fiz. O melhor momento? A vitória na Volta a França de
2018, foi espetacular.” Fraile queria ter corrido a Vuelta 2025 para se
despedir do pelotão, mas não teve essa oportunidade.
“Ficou-me a espinha de não ter
participado na Volta a Espanha 2025. Gostaria de lá ter estado, preparei-me
para isso e sentia-me bem. Mas a equipa decidiu não me incluir na convocatória.
Foi decisão deles e fiquei com esse sabor amargo. Mas não vale a pena remoer
muito.” Ainda que tivesse terminado a corrida, o desfecho seria num parque nos
arredores de Madrid, uma vez que protestos invadiram o percurso no circuito
final.
O
ciclismo de hoje não é muito humano
Fraile estreou-se como
profissional em 2012, passou vários anos no escalão Pro Continental, onde
ganhou notoriedade como um ciclista muito combativo, e após ingressar na INEOS
Grenadiers em 2022 tornou-se um gregário fiável para muitos dos líderes da equipa.
“Na minha carreira vivi pelo menos três estilos diferentes de ciclismo.”
E o atual é, de longe, o mais
duro: “O de hoje é decididamente pouco humano e muito exigente. E isso torna
muito difícil um ciclista fazer 15 épocas de carreira. A forma atual de correr
gera muito desgaste mental e físico. Paga-se esse esforço mais tarde. As
equipas são agora empresas e isso significa que todos estão a olhar para os
resultados: tens de chegar a cada corrida a 100 por cento.”
Nesta fase, tornara-se muito
difícil para Fraile somar resultados e também a capacidade para ser um
super-gregário na equipa britânica se esbatiu, pelo que 2025 pareceu o ano
natural para pendurar a bicicleta. Agora, aponta a outras prioridades na vida.
“Neste momento só procuro
tranquilidade, poder desfrutar da família e ter algum tempo livre. Acho que me
pressionar agora para decidir o que fazer seria um erro. Depois de tantos anos
a fazer o mesmo, preciso de entender para onde quero ir e, acima de tudo, de
ter tempo à disposição”, concluiu.
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