Ex-diretor desportivo acusa Adriano Quintanilha de financiar doping para equipa de ciclismo
Por: Lusa
Foto: Carlos Gonçalves
O ex-diretor desportivo da
W52-FC Porto Nuno Ribeiro disse esta quinta-feira em tribunal que
"todos" os ciclistas da equipa "se dopavam", acrescentando
que o antigo presidente do FC Porto Pinto da Costa desconhecia o esquema de
doping.
Nuno Ribeiro, que falou há 10
dias pela primeira vez no julgamento da operação 'Prova Limpa', com 26
arguidos, incluindo ex-ciclistas, e que decorre num pavilhão anexo ao
Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, continua hoje a prestar
declarações.
Na sessão de 18 de novembro, o
arguido afirmou que havia doping durante todo o ano na equipa de ciclismo,
financiado e incentivado pelo patrão Adriano Quintanilha, "mestre da
manipulação, que queria ganhar a todo o custo".
O antigo diretor desportivo,
que, a seu pedido, fala na ausência dos restantes arguidos, alegando pressões e
ameaças, concretizou na manhã de hoje que "todos [os ciclistas da equipa]
se dopavam", pois, só assim, conseguiriam vencer, situação que era do
conhecimento de "toda" a estrutura da equipa de ciclismo, incluindo
dos dirigentes.
Nuno Ribeiro contou que Pinto
da Costa acompanhou a equipa em algumas provas, sobretudo nas mais importantes,
como a Volta a Portugal, afirmando que o antigo presidente do FC Porto
"não sabia do esquema de doping" que existia no seio da equipa.
O vencedor da Volta a Portugal
de 2003 reiterou que era o arguido Adriano Teixeira de Sousa, conhecido como
Adriano Quintanilha e patrão da equipa, quem financiava o doping na equipa,
dando dinheiro aos ciclistas para que adquirissem os produtos ilícitos.
Nuno Ribeiro disse que os
atletas confiavam em si e que falavam com ele sobre doping, nomeadamente se
deviam tomar um determinado produto ou outro, e que se limitou a dar a sua
opinião, voltando a negar que tenha instigado a toma dessas substâncias pelos
ciclistas.
Perante a resposta, o advogado
de Adriano Quintanilha perguntou ao arguido se este tinha formação médica, ao
que Nuno Ribeiro respondeu negativamente.
O arguido revelou que, como
diretor desportivo, ganhava 2.500 euros mensais, sublinhando que
"nunca" transportou envelopes com dinheiro entregues por Adriano
Quintanilha, o que acontecia, por exemplo, com ciclistas.
Ribeiro revelou na sessão de
18 de novembro que Quintanilha já o abordou três vezes para que "assumisse
a culpa toda", em troca de 2.000 euros por mês durante dois anos, o que
nunca aceitou, acrescentando ter saído do último encontro "cheio de
medo", pois Quintanilha "ameaçava, insultava e humilhava todos".
Hoje, o advogado do antigo
patrão da equipa perguntou ao arguido a razão pela qual aceitou encontrar-se
uma segunda vez com o seu constituinte, num hotel, uma vez que se sentiu com
medo e ameaçado, após a primeira reunião, que aconteceu num armazém.
"[porque Adriano
Quintanilha] Veio falar tranquilo", respondeu Nuno Ribeiro.
O julgamento prossegue à tarde
com o fim das declarações do antigo diretor desportivo.
O presidente do coletivo de
juízes pediu a presença dos restantes arguidos da parte da tarde, para que o
tribunal lhes comunique o que Nuno Ribeiro disse em julgamento.
Os 26 arguidos respondem por
tráfico de substâncias e métodos proibidos, mas apenas 14 por administração de
substância e métodos proibidos.
Entre estes estão Adriano
Teixeira de Sousa, conhecido como Adriano Quintanilha, a Associação Calvário
Várzea Clube De Ciclismo -- o clube na origem da equipa -, o então diretor
desportivo Nuno Ribeiro e o seu 'adjunto' José Rodrigues.
João Rodrigues, Rui Vinhas,
Ricardo Mestre, Samuel Caldeira, Daniel Mestre, José Neves, Ricardo Vilela,
Joni Brandão, José Gonçalves e Jorge Magalhães são os ex-ciclistas da W52-FC
Porto julgados por tráfico de substâncias e métodos proibidos, assim como
Daniel Freitas, que representou a equipa de 2016 a 2018.
Fonte: Record on-line
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