Ciclista voltou a Pegões Velhos após fazer história no Giro e tinha à espera meia centena de familiares e amigos
Por: Lusa
Cerca de meia centena de
familiares e amigos do ciclista Ruben Guerreiro surpreenderam o camisola azul
do Giro'2020, à chegada a Pegões Velhos, numa receção em que nem faltou a
bênção do padre da paróquia.
Após um dia intenso, que
começou com a viagem de Milão para Lisboa, logo de manhã, e prosseguiu com uma
tarde recheada de compromissos com a comunicação social na capital, o vencedor
do prémio da montanha foi recebido já perto das 21:00 com bolo, champanhe,
balões e várias t-shirts azuis estampadas com a foto da vitória na nona etapa,
em Roccaraso, onde vestiu pela primeira vez a camisola com que acabou a
corrida.
"Tanta gente",
exclamou, visivelmente surpreendido, mas já de pé, dentro do carro, a acenar
através do teto de abrir, antes de sair e ser 'engolido', na medida do
possível, pelas saudades de todos aqueles que torceram e vibraram à distância
com o feito do ciclista da Education First.
É que, em plena pandemia de covid-19, a maior parte dos cumprimentos foram visivelmente mais comedidos, apesar de o pai não esconder o "orgulho" que lhe invadia a alma enquanto aguardava pela chegada do seu campeão.
"Estamos todos
orgulhosos. É pena os tempos não estarem de outra maneira, senão a festa era
mais rija", garantiu António Guerreiro à Lusa.
Já refeito das emoções,
admitiu que esta "foi a maior" proeza do seu filho mais velho e que
depois de o ver a ser campeão "do nacional de juniores, de sub-23, da
Volta do Futuro e do campeonato nacional de elites" o coração já está
'treinado' para as emoções.
"Se não morri até agora,
também já não será por isso. O que me falta vê-lo fazer? Penso que falta-lhe ir
ao 'Tour'. Espero que vá e faça um bom resultado", desejou o responsável
por incutir o 'bichinho' das bicicletas no filho, que começou muito novo a
segui-lo nos passeios de BTT.
O agricultor, de resto,
percebeu desde cedo a apetência do filho, que "nunca teve medo de andar de
bicicleta, a descer ou a subir", até vir a tornar-se no primeiro português
a sagrar-se 'rei' da montanha numa grande volta, apesar de a região onde
cresceu não ser propriamente montanhosa.
"Acho que faz parte da
genética dele e também já há alguns anos que faz estágios na Serra da Estrela e
na Serra Nevada", explicou António Guerreiro.
Conhecedor da geografia da
região, o presidente da Junta de Freguesia de Santo Isidro de Pegões lembrou
que o "Ruben, quando está em casa, treina diariamente e vai todas as
semanas à Serra da Arrábida", a cerca de 50 quilómetros.
"O Ruben [Guerreiro]
encheu-nos de orgulho, soube levar bem alto a freguesia de onde é natural e
residente. É um orgulho por tudo o que representa e merece, porque é uma pessoa
humilde e feliz a fazer o que faz. Isto podia ser uma receção feita de outra
forma, mas a pandemia assim nos obriga", lamentou António Miguens.
O ciclista, por sua vez, não
parecia notar a diferença no acolhimento e não escondia a alegria, mas, dado o
adiantado da hora, já dava sinais de precisar de mais do que o bolo e o
champanhe que ia servindo aos presentes, ao perguntar bem alto onde seria o
jantar.
"O que me apetece para o
jantar? Tudo menos arroz e massa", desabafou em declarações à agência
Lusa, ávido de uma dieta diferente da que cumpriu durante, pelo menos, as três
semanas de competição.
Mas, antes do jantar e até
mesmo de servir o bolo, o ciclista de Education First recebeu a bênção do padre
da paróquia, que abriu a porta da igreja de Santo Isidro para pedir aos
presentes que se juntassem a ele numa "oração pelo Ruben" e de
"agradecer a Santo Isidro por o Ruben estar de volta".
O ciclista de Pegões Velhos
tornou-se, aos 26 anos, no primeiro português a conquistar uma camisola de uma
grande volta ciclista internacional, ao conquistar o prémio da montanha no
'Giro' de Itália, além de vencer a nona de 21 etapas da 'corsa rosa'.
A 103.ª edição da Volta a
Itália em bicicleta terminou no domingo, com a vitória do britânico Tai
Geoghegan Hart (INEOS), numa edição em que outro português, João Almeida
(Deceuninck-QuickStep), também brilhou, ao envergar a camisola rosa de líder
durante 15 dias, antes de terminar no quarto lugar.
Fonte: Record on-line
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