Por: Lusa
O ciclista Tiago Machado
(Efapel) continua a treinar na estrada em segurança, até por ter "muito
medo da covid-19", explicando à Lusa que continua a "fazer
figas" para que a Volta a Portugal se realize.
É da freguesia de Abade de
Vermoim, na sua terra natal de Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga,
onde vive, que Tiago Machado parte para cada treino em cima da bicicleta, uma
experiência que o atleta da Efapel já cumpria antes de ser levantado o estado
de emergência, que vigorou em Portugal entre 17 de março e 3 de maio.
Os ciclistas de alto
rendimento já podiam realizar treinos individuais durante o período em que
vigorou o estado de emergência, que o ciclista explica, em entrevista à Lusa,
ter sido "um período fora do normal".
Neste tempo, evitou "sair
para a estrada com chuva ou o piso molhado". "Não queria correr
riscos desnecessários, sabíamos que o Serviço Nacional de Saúde estava 'pela
hora da morte'. Uma simples queda podia levar-me lá", refere.
Segundo o corredor, os novos
tempos, que poderão trazer mais ciclistas para a estrada, terão de trazer a
consciência "de que a covid-19 ainda não passou" e que é preciso
manter o distanciamento social.
"Tenho muito receio de
ficar doente. Sempre que vejo alguém ao longe, olho para trás para ver se posso
ir para outra faixa de rodagem, se não der, abrando e espero que haja tempo, ou
viro [para outra rua] mal possa", conta, sobre um estado de espírito que
"vai durar enquanto o consciente se lembrar que é para andar à
distância".
Mesmo com "muito medo
disto", e depois de alternar treinos na estrada com treinos em casa, no
rolo, com ou sem auxílio de plataformas virtuais de simulação de circuitos, os
treinos na rua permitirão não só "manter a forma" como também
"desconectar do que se vê na comunicação social, que é só covid-19".
Com a incerteza a pairar sobre
o calendário competitivo, suspenso desde março, o ciclista de 34 anos lembra
que a Volta a Portugal é "o objetivo máximo da equipa, e de todas as
equipas nacionais", e, para já, tem feito "figas" para que a
prova, para já marcada para decorrer de 29 de julho a 09 de agosto, possa
realizar-se.
Além do "espetáculo"
que Machado, expectante "das novas normas para saber o que vai mudar na
modalidade", espera que o pelotão possa dar, esta corrida é também "a
grande montra do ciclismo nacional".
"É onde grande parte dos
patrocinadores vêm o investimento ter retorno, e seria muito mau para o
ciclismo e o desporto em geral se a Volta não existisse. Mesmo quem não é um fã
assíduo, naqueles 15 dias assiste à Volta, é o grande evento do verão. Vamos
ter fé que vai estar na estrada este ano", aponta, esperançoso.
Além de evitar outras pessoas
quando sai "exclusivamente" para os treinos, num momento em que não
se lembra "de estar com amigos ou família" sem ser a mulher e o
filho, Tiago Machado tem 'fugido' também de "pessoas que querem os seus 15
segundos de atenção".
O ciclista refere-se a
comentários nas redes sociais, em que "pessoas que não têm um mínimo de
educação vêm destilar ódio", ao pedirem-lhe "para ficar em
casa". "Mas depois pedem isto a um atleta profissional, e vamos
pesquisar no Strava, por exemplo, e vê-se que estas pessoas faziam treinos na
mesma", atira.
Fonte: Record on-line
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