A receita tinha tudo para dar certo! Basta juntar 130
motociclistas num percurso, em redor de Castelo de Vide, que parece ter sido
talhado para passear de moto e adicionar aliciantes propostas históricas, umas
pitadas de museus e alguns castelos para visitar. A estes ingredientes juntar,
de forma pausada, aliciantes gastronómicos e deixar cozinhar ao longo de três
dias de excelente meteorologia. Sirva-se com homenagem ímpar aos motociclistas
e temos uma delícia de passeio, de paladar inesquecível.
Pelo terceiro ano consecutivo, o Moto Clube do Porto levou animada
caravana motociclística À Descoberta de Castelo de Vide, em divertido e bem
recheado fim-de-semana. Depois da Rota do Contrabando (2014) e das Três
Religiões (2015), a Terceira Ronda provou que há muito para descobrir na região
raiana, proporcionando evento mototurístico de eleição, onde nem sequer faltou
importantíssimo contributo do São Pedro, brindando passeata alentejana com
belíssimo céu azul e alguns dos dias mais quentes do ano. Ponto final de
inverno que teima em prolongar-se primavera adentro, o evento organizado pelo
MCP com imprescindível apoio da Câmara Municipal de Castelo de Vide começou,
como já é tradição, com as partidas simbólicas da Praça da Ribeira, no Porto,
mas também de Vila Velha do Rodão e Estremoz, pontos estratégicos para os
motociclistas de todo o País que rumaram à Sintra do Alentejo.
Início de viagem que prometia muita animação, patente na
entusiasmante Ronda das Tascas, compondo o estômago dos participantes com
petiscos regionais ao longo de várias tascas, cafés e restaurantes
castelo-videnses. Tempo para rever amigos, dos mais antigos aos mais recentes,
e por a conversa em dia, contar as últimas anedotas e saber das mais recentes
novidades em ambiente de boa disposição. Preparação para o passeio em caravana
até à vila de Marvão e ao seu castelo alcandorado no topo da serra do Sapoio,
aproveitando o sol e céu completamente limpo de um excelente fim de tarde para
vislumbrar a paisagem desde a vizinha Espanha à distante serra da Estrela.
Visita que abriu o apetite para o jantar de abertura, com a presença do
presidente da edilidade, António Pita, e animado com atuação do Rancho
Folclórico de Nossa Senhora D’Alegria, apresentado de forma magistral por Ana
Júlia, incansável na explicação dos usos e costumes da terra que tão bem a
acolheu. E para ajudar na digestão de tão agradável repasto, nada como uma
caminhada no centro de Castelo Vide, mais ou menos rápida, que domingo era dia
de grande passeata…
Café e vinho, museus e… muitos ossos
Cerca de duas centenas de quilómetros pontilhados por animados
controlos secretos, onde imperou a boa disposição em quadros evocativos da
região, com figuras castiças interpretadas a rigor pelos sempre prestáveis
elementos do MCP. Foi assim na visita ao castelo de Ouguela – logo depois de
paragem atribulada em Alegrete por força de uma prova de atletismo… – onde
ceifeiras, lavradoras e outras trabalhadoras acolheram a caravana à porta do
castelo. Lá dentro, bem aparcadas as motos, passeio pelas muralhas rumo à
petisquice servida pelo Sr. Elísio e “sus muchachos” com excelente vista sobre
algumas das suaves serranias do Alto Alentejo. A mesma equipa que haveria de
preparar mais algumas iguarias nas margens da Barragem do Caia, onde os 130
comensais chegaram depois da visita ao espetacular Centro de Ciência do Café,
único do Mundo e considerado o melhor museu português em 2015, e um saltinho à
não menos formosa Adega Mayor, sonhada por Rui Nabeiro e desenhada por Siza
Vieira. Primeira passagem por Campo Maior antes do regresso para novo banho de
cultura, desta feita com visita ao centro histórico da vila que, apesar de
milenar história, ganhou recente preponderância com o crescimento da indústria
cafeeira. A visita à curiosa Capela dos Ossos, ao Lagar Museu do Palácio do
Visconde d’Olivã ou ao Museu Aberto revelou grandes surpresas, antecipando
turístico regresso a Castelo de Vide com passagem por Arronches, Assumar e pelo
Parque Natural da Serra de São Mamede. Viagem de grande tranquilidade apesar de
alguns contratempos mecânicos, que serviram, essencialmente, para evidenciar a
camaradagem que continua a marcar as relações entre motociclistas. E ninguém
ficou pelo caminho…
Presidente do Moto Clube do Porto hasteou Bandeira Nacional
Com muitas histórias e outras tantas peripécias para contar, a
noite foi de grande animação nos cafés e bares viticastrenses, com impagável
sessão de karaoke e direito a um especialista na confeção de gin tónico
que fez as delícias de muitos notívagos. Que, apesar da escassez de horas de
sono, não faltaram ao toque de ordem para marcar presença na Cerimónia do
Hastear da Bandeira, nos Paços do Concelho, ponto alto das comemorações do 25
de Abril. Momento único na história do Moto Clube do Porto, com o presidente da
Direção, Carlos Gomes, convidado a hastear a Bandeira Nacional ao som d’A
Portuguesa tocada pela Banda dos Bombeiros Voluntários de Castelo de Vide. Foi
a primeira vez que tamanha honra foi concedida a um Moto Clube, importância
sublinhada pelo discurso do presidente da Câmara Municipal que deixou bem clara
o enquadramento e importância dos motociclistas na sociedade. Honrarias que
continuaram na passagem pela barragem de Póvoa e Meadas e no regresso ao Parque
25 de Abril onde, depois de depositado ramo de cravos junto à estátua do Herói
de Abril, Salgueiro Maia, teve lugar o almoço de despedida de um evento que,
garante quem participou, ofereceu uma descoberta única, repleta de momentos
excelentes em verdadeiro hino ao mototurismo. E que logo exigiram que, em 2017,
houvesse mais À Descoberta…
Fonte: Moto Clube do Porto/Parceria Notícias do Pedal
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