Rui Costa, aquele que foi o único ciclista português campeão mundial de fundo, anunciou o seu adeus aos 39 anos
Foto: AFP or licensors
Foi através das redes sociais
que Rui Costa confirmou, esta sexta-feira, o fim de uma enorme carreira
enquanto ciclista aos 39 anos.
O ciclista deixou uma mensagem
de agradecimento a todos os amantes da modalidade, aproveitando para agradecer
a todos aqueles que contribuíram para o sucesso do seu percurso.
«O ciclismo fez-me tão feliz.
Chegou a hora de me retirar. De usufruir da companhia dos meus, de estar
presente nos pequenos grandes momentos e de viver com calma o que tantas vezes
ficou adiado. Fui abençoado por viver o meu sonho, por vencer, por cair e
levantar, e por ter sempre o meu anjinho da guarda comigo em cada curva da
estrada», pode ler-se.
Com um percurso invejável ao
nível de palmarés, tanto a nível nacional como internacional, Rui Costa fez
história por ter sido o único ciclista português a sagrar-se campeão do mundo
de estrada. Foi assim o primeiro luso a vestir a mítica camisola arco-íris de
campeão do mundo.
Em 2013, numa prova decidida
ao sprint, Rui Costa foi mais forte que Joaquim Rodríguez, com final memorável,
que ainda é um 'osso preso' na garganta na rivalidade ibérica. Isto anos depois
de Sérgio Paulinho ter obtido a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas.
A vitória pode-se que foi um
ponto de viragem no ciclismo nacional, depois da era dourada de Joaquim
Agostinho nos anos 70 e 80. "Mudou a mentalidade dos ciclistas
portugueses, demonstrando que o ciclista português pode e deve ter a ambição de
vencer", afirmou Delmiro Pereira, antigo presidente da Federação
Portuguesa de Ciclismo, em declarações a Renascença em 2023.
Características: Rui Costa deu
nas vistas pela capacidade de se destacar em corridas de uma semana ou provas
de um dia. A versatilidade permitiu-lhe atingir grandes resultados. Eficaz nos
contrarrelógios, resistente na montanha, adaptava-se a vários terrenos. Tinha
muitas vezes a capacidade para atacar muito antes da meta, desgastando assim os
adversários, e surpreender com várias vitórias. Inteligente na forma como geria
as corridas, evidenciou-se também nas clássicas como o Grande Prémio de
Montreal que venceu em 2011.
Diz adeus aos 39 anos, ao
serviço da EFEducation-EasyPost, tendo como melhor resultado em 2025 um segundo
lugar na quarta etapa da Volta a Burgos.
Venceu de forma consecutiva a
volta a Suíça, em 2012, 2013 e 2014. Juntou ao currículo os triunfos na Tour de
Abu Dhabi (2017) e da Volta à Comunidade Valenciana (2023).
Aos 13 anos abraça pela
primeira vez o ciclismo, ao serviço da equipa do "Guilhabreu" em Vila
do Conde. Seguiu-se o Santa Maria da Feira. Em 2007 assina o primeiro contrato
ao serviço do Benfica, onde permaneceu dois anos, antes de se mudar para a
equipa Caisse d'Epargne e daí para o Movistar.
Foi nos espanhóis que viveu os
melhores momentos da carreira. Em 2013 venceu duas etapas no tour: (Etapa 16:
De Vaison-la-Romaine a Gap e De Bourg-d'Oisans a Le Grand-Bornand), repetindo
assim o feito de 2011, onde tinha obtido a vitória na 10.ª etapa entre
Saint-Gaudens a Plateau de Beille.
Em 2013, mudou-se para a
Lampre-Merida, que é hoje a UAE Team Emirates. Representou a formação onde
milita durante João Almeida durante seis temporadas, tendo ainda feito parte da
equipa da Intermarché-Circus-Wanty em 2023. Foi nesse ano que teve a última
grande vitória na carreira, com o triunfo numa etapa da Vuelta, conseguido
novamente com uma arrancada eletrizante.
O poveiro é, sem sombra para
dúvida, um dos melhores ciclistas portugueses de sempre, tendo ainda juntado ao
seu currículo três títulos de campeão nacional de fundo (2015, 2020 e 2024) e
outras dois de contrarrelógio (2010 e 2013). Marcou presença por três vezes nos
Jogos Olímpicos - Londres-2012, Rio-2016 e Paris-2024 - tendo como melhor
posição o 10.º lugar na prova de fundo na cidade da garota de Ipanema.
"Hoje fecho um capítulo.
Mas a paixão pelas duas rodas… essa nunca acabará", termina na sua
mensagem.
Fonte: Sapo on-line

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