Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A La Flèche Wallogne que se
realizou ontem, debaixo de chuva, frio e estradas traiçoeiras, levantou muitos
temas de conversa e acabou com outros tantos.
A corrida faz-se na estrada e
ontem os adeptos da modalidade, mesmo aqueles que só costumam assistir pela
televisão aos últimos quilómetros da corrida, acabaram por ficar presos ao ecrã
durante toda a corrida.
Tudo porque Mattias Skjelmose
tinha impingido a Tadej Pogacar a primeira derrota da época no passado domingo
na Amstel Gold Race. De todos os lados surgiram comentários e opiniões sobre o
sprint, sobre a forma de como Remco Evenepoel e Skjelmose chegaram a Pogacar...
quando tudo e todos já tinham sentenciado a corrida após o ataque do esloveno
da UAE Team Emirates - XRG, entregando antecipadamente a vitória na abertura
das Ardenas ao Campeão do Mundo.
A corrida faz-se na estrada.
Pogacar não pode vencer sempre, embora ganhe quase sempre. Os fãs dele ficaram
boquiabertos, os que não são fãs afiaram as garras e dispararam em direção ao
ciclista, alegando que "ele estava cansado" e que "estava a
pagar o preço" por ousar ser um ciclista diferente dos outros, que gosta
de atacar e não se conforma com tacticas ou estratégias.
Para Tadej Pogacar todas as
corridas são para vencer. Quando ele sobe ao pódio, mesmo que não ocupe o lugar
mais alto, sabemos que esteve na luta. E não são muitos, ou muito poucos, na
história do ciclismo, que podem alegar o mesmo.
Ontem todos esperavam a
vitória de Pogacar. Mas lá bem no fundo, muitos estavam à espera que ele
fraqueja-se. Esperavam ver Remco Evenepoel, Mattias Skjelmose ou Tom Pidcock,
entre muitos outros, bater o Campeão do Mundo. Mas, a corrida faz-se na estrada
e o Mur du Huy colocou cada um no seu lugar.
Skjelmose havia caído, Remco
estava lá, Healy, Pidcock, Vauquelin... A UAE controlava a frente da corrida
dentro do último quilometro e alguém disferiu um ataque. Pogacar responderia,
para de seguida aumentar o ritmo. Ninguém foi capaz de o acompanhar. Lá em
cima, na meta, uma vantagem sobre o segundo classificado como já não se via há
alguns anos.
No entanto há uma fotografia
que vale mais que mil palavras. O Campeão do Mundo dava as últimas pedaladas e
esticava os braços para os lados, palmas das mãos abertas, boca fechada.
Uma imagem muito forte. A boca
fechada tem duas leituras, mas o foco estará só numa.
O silencio a que remeteu os
seus críticos.
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