Corredor russo da Glassdrive, de 28 anos, destacou-se no último dia e ficou com a ‘amarela’ numa corrida marcada pelo mau tempo... que não estragou a festa
Por: André Antunes Pereira
Foto: João Fonseca
Photographer
O Grande Prémio Internacional
das Beiras e Serra da Estrela regressou em força e proporcionou três dias de
muito espetáculo. O percurso já era duro e exigente, mas as condições
climatéricas muito adversas dificultaram ainda mais a tarefa do pelotão. Mas a festa
do ciclismo fez-se na mesma e o vencedor só ficou decidido na última etapa.
Artem Nych (Glassdrive)
conquistou a camisola amarela final e a 1ª vitória da carreira ao fazer 2º na
chegada à Guarda, depois de uma tirada duríssima (a mais longa da prova) com
quatro contagens de montanha a 1ª categoria no alto da Torre foi o maior
desafio - e marcada pelo nevoeiro, a chuva e o frio, especialmente quando os
corredores pedalavam em plena Serra da Estrela.
O ciclista russo, de 28 anos,
foi apenas superado na meta por Abel Balderstone, da Caja Rural, equipa
espanhol a que arrebatou outras duas etapas (2ª e 3ª), ambas conquistadas com
grande autoridade por Iúri Leitão. O português voltou a demonstrar, depois da
vitória na Volta à Grécia, no início deste mês, ser o sprinter luso em melhor
forma.
A 5ª edição da corrida, que
não tinha saído para a estrada nos últimos três anos, devido às várias
contingências da pandemia, iniciou-se na sexta-feira com uma jornada dupla e,
durante a manhã, realizou-se um contrarrelógio por equipas que ligou Seia a
Gouveia. A especialidade é cada vez menos vista nas provas nacionais e
internacionais, mas serviu para ditar as primeiras diferenças e aí começou
também o domínio espanhol em termos de vitórias de etapas. É que a formação da Burgos
foi a mais rápida do ‘crono’ e, por ter sido o primeiro corredor da equipa a
cruzar a meta, Pelayo Sánchez tornou-se no primeiro camisola amarela da
corrida. À tarde, na etapa que ligou Fornos de Algodres a Figueira de Castelo
Rodrigo, Sánchez ‘cedeu’ a camisola a um companheiro de equipa, o
compatriota Eric Fagúndez, mas recuperou-a imediatamente no dia seguinte quando
o pelotão viajou de Penamacor até Pinhel.
Na etapa rainha, Pelayo
Sánchez foi 3º a cruzar a meta, mas perdeu muito tempo e caiu para a mesma
posição na geral final.
Se entre as equipas
estrangeiras o protagonismo ficou dividido entre Burgos e Caja Rural, das
formações nacionais o destaque foi naturalmente a Glassdrive. É que além da
vitória na geral individual, a equipa de Águeda também levou para casa as
camisolas azul (montanha) e branca (juventude), por Frederico Figueiredo e
Duarte Domingues, respetivamente. Este último, note-se, só foi chamado na
véspera do arranque da prova e foi o substituto de Mauricio Moreira. O corredor
uruguaio, vencedor da Volta a Portugal do ano passado, foi baixa de última hora
devido a uma infeção num ouvido.
Prova
atraiu muito público
Apesar do mau tempo que se fez
sentir durante quase todo o trajeto, a corrida originou grande interesse junto
da comunidade. Nas partidas e nas chegadas, mas também nas restantes
localidades dos 16 concelhos que a corrida visitou, houve sempre uma grande
afluência de público incansável no apoio aos ciclistas.
"Grupo
muito forte"
A vitória de Artem Nych foi um
presente de aniversário para o diretor desportivo da Glassdrive. Rúben Pereira
fez 31 anos no domingo e correu - de bicicleta - para felicitar o ciclista
russo. Um momento de felicidade coletiva que, segundo o próprio, serviu para
libertar "alguma tensão" sentida no início da etapa rainha.
"Estamos
a falar de um Grande Prémio Internacional e tem muito peso para a nossa equipa
ganhar uma prova destas com um pelotão de qualidade. Sabíamos da nossa
responsabilidade, mas também sabíamos que os adversários estavam bastante bem e
hoje em dia não é fácil ganhar no nosso ciclismo",
analisou Rúben Pereira ao nosso jornal.
Sobre Nych, o responsável da
Glassdrive sublinhou que "mereceu a
vitória, pois tem feito uma grande época", mas Rúben
Pereira preferiu destacar a força de toda a equipa: "Venceu o Artem, mas somos realmente muito fortes
enquanto grupo e equipa. É isso que nos distingue das outras estruturas. O
Artem teve grande apoio de todos, sobretudo do Frederico Figueiredo, e vai
retribuí-lo no futuro".
Carlos
Santos: "Já estamos a preparar o próximo ano"
A Associação de Municípios da
Cova da Beira (AMCB) alinha pelas ambições de Carlos Pereira quanto ao futuro
da corrida.
"Estamos
em crer que no próximo ano consigamos ter etapa a chegar ou passar na Serra de
Béjar, com a província de Salamanca a associar-se. Será internacional nos dois
sentidos. Alem de termos equipas de fora, também cruzarmos a fronteira. Já
tivemos uma experiência, quando recebemos uma etapa da Volta a Castela e Leão,
agora queríamos replicar e levar a nossa prova a território espanhol",
disse Carlos Santos, diretor da AMCB. "Já
estamos a preparar o próximo ano e será em período idêntico, mas com a
expectativa que seja melhor em termos climatéricos",
desejou.
Quanto à edição de 2023, e no
que ao impacto económico diz respeito, refere que "foi expectável", tendo sentido "grande adesão das pessoas",
numa corrida que proporcionou "forte
divulgação do território".
NÚMEROS
2 etapas foram ganhas pelo mesmo ciclista. O português
Iúri Leitão (Caja Rural), de 24 anos, superiorizou-se em dois sprints.
16
concelhos da região foram
visitados pelo pelotão ao longo dos quatro dias de prova.
44
ciclistas concluíram a corrida,
sendo que à partida eram 115, de 17 equipas nacionais e estrangeiras. Números
mostram bem a dureza da prova, sobretudo da última etapa que foi à Torre.
Fonte: Record on-line
Sem comentários:
Enviar um comentário