O que é o Craving alimentar?
O craving alimentar representa
um fenómeno comum do comportamento alimentar. É definido como uma vontade
instantânea, persistente e incontrolável de ingerir um certo tipo de alimento
hedónico, seja ele doce (bolachas, chocolate, sobremesas, …) ou salgado e rico
em gordura (batatas fritas, frutos oleaginosos com ou sem sal, pipocas…). Este
fenómeno pode não representar um problema caso ocorra de forma esporádica e em
dias de maior gasto calórico.
Representa um problema quando,
por exemplo, interfere negativamente na saúde dos indivíduos, se prejudicar o
rendimento ou performance desportiva ou se comprometer o processo de perda de
peso. Em situações mais extremas, pode estar associado a problemas como a falta
de gestão alimentar, baixa autoestima, baixa gestão emocional e eventualmente
desordens alimentares. São agravantes do craving: fatores psicológicos,
isolamento social, stress físico, ansiedade, negatividade e fatores genotípicos
que promovem a tendência para a compulsividade alimentar.
O comportamento alimentar, onde
se insere o craving, consiste na ação perante os alimentos que são desejados.
Essa ação pode ser: incontrolável, caso a ingestão de certos alimentos ocorra
pelo descontrolo; emocional, se ocorrer um aumento da ingestão de forma
dependente do estado emocional; cognitivo caso o indivíduo consiga restringir
certos alimentos, mesmo se sentir fome.
O craving noturno é muito
frequente, fenómeno que ocorre perante um atraso circadiano do padrão alimentar
devido a stress ou alterações hormonais (cortisol, serotonina, leptina,
melatonina, citocinas,…). Advém como recompensa psicológica e fisiológica, caso
não tenha sido cumprida uma ingestão nutricional adequada ao longo do dia. Não
realizar o pequeno-almoço poderá ter um efeito agravante da desregulação do apetite.
A qualidade de sono também interfere com a desregulação do apetite ao longo do
dia devido a alterações hormonais associadas a uma noite mal dormida.
De forma a procurar o
tratamento mais adequado, é necessário compreender a origem e causa do craving.
Em situações mais graves, por exemplo, após desenvolvimento de uma doença do
comportamento alimentar, ou pioria do estado de saúde, deve-se recorrer a ajuda
médica multidisciplinar. Caso ocorra, apenas, uma alteração da gestão do
apetite ao longo do dia, ocorrendo, com alguma frequência, situações de
compulsão alimentar, e se, por isso, os objetivos desportivos, ou, por exemplo,
de perda de peso, não estiverem a ser cumpridos, a ajuda nutricional será
essencial. O nutricionista será necessário para ajudar na melhoria das escolhas
alimentares, alteração de hábitos alimentares e planeamento de estratégias, em
conjunto, de forma a avaliar a situação e articular, com o indivíduo, as
melhores estratégias personalizadas.
A simples alteração de hábitos
poderá ser essencial para o processo de controlo do craving (por exemplo):
.Não comprar alimentos que
promovam o fenómeno de craving;
.Estipular um número fixo de
refeições a realizar por dia (regularidade metabólica);
.Planear essas refeições com
antecedência;
.Ingerir pequeno-almoço;
.Se craving noturno: ingerir
um iogurte proteico sólido uma hora após o jantar.
Referencias: (1). Abdella HM, Farssi HOE, Broom DR, Hadden DA,
Dalton CF. Eating behaviours and food cravings; influence of age, sex, BMI and
FTO genotype. Nutrients. 2019;11(2):1–16.
Fonte: FTP
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