Por:
Lusa
Foto:
EPA Eddy Merckx
Fogos-de-artifício
assinalaram esta quinta-feira os 100 dias para o início da 106.ª edição da
Volta a França, com Eddy Merckx a materializar a crescente expectativa para o
segundo arranque da prova em Bruxelas.
Há
meses, talvez mesmo desde que foi anunciado o percurso da próxima edição, que o
Tour é uma presença constante, mas discreta no coração da Europa. Quaisquer que
sejam as artérias percorridas, lá está ele, Eddy Merckx, em tons de amarelo, à
espreita, num dos cartazes (e são às centenas) que anunciam que, pela segunda
vez na história, o 'Grand Départ' da Volta a França acontecerá na capital
belga.
A
essa presença omnipresente, juntava-se a fachada de um edifício, na esquina da
praça de Brouckère, que se apresentava apenas como a sede do que há de vir e
que, desde hoje, é a 'Maison du Tour', onde os curiosos poderão conhecer o
extenso programa que antecipa a desejada visita da corrida e que inclui duas
exposições, uma dedicada ao centenário da camisola amarela e outra mais
genérica, sobre a história daquele que é o terceiro evento desportivo com maior
impacto a nível mundial.
Até
hoje, a febre da Volta a França estava contida - embora já em novembro o diário
belga La Dernière Heure tenha noticiado a lotação esgotada nos hotéis da cidade
para aqueles 06 e 07 de julho, dias em que o serpentear do pelotão irá celebrar
não só o arranque da prova rainha do ciclismo mundial, mas também assinalar os
50 anos desde a primeira vitória no Tour de Merckx, o maior ícone desportivo
nacional.
No
entanto, a 100 dias do 'Grand Départ', o cenário finalmente mudou.
Pontualmente, às 18:00 horas (menos uma hora em Lisboa), uma banda a imitar a
orquestra de Kusturica deu o mote para o início das festividades.
À
medida de que a praça de Brouckère, polvilhada de bicicletas amarelas, se
compunha para receber o seu campeão, Alfred Ransom deambulava por ali, tentando
perceber de onde teria uma melhor vista para o palco, onde mais de uma hora
depois Eddy Merckx iniciaria a contagem decrescente para a 106.ª edição da
'Grande Boucle'.
"Sou
um fã do ciclismo. Sigo o Tour todos os anos, até vou a França ver etapas. Este
ano, a corrida está aqui. É algo excecional para mim, ver a Volta a França
começar na Bélgica. De qualquer forma, iria a França, mas é muito
especial", confessou à Agência Lusa o sexagenário de Liège.
Com
a sua mochila do Tour, camisola amarela vestida e guarda-chuva a condizer,
Ransom discorreu sobre o seu amor pelo ciclismo, dizendo mesmo que adora
"todos os ciclistas, apesar de preferir os belgas". E, entre os
nacionais, as suas preferências são as óbvias: o campeão olímpico Greg Van
Avermaet e o combativo Tim Wellens, "um vizinho e um exemplo para todos os
corredores".
Mas
o seu herói, como não podia deixar de ser, é só um: "Conheço o Merckx.
Seguia-o quando era miúdo. Tive a oportunidade de o encontrar várias vezes,
cheguei mesmo a rolar com ele, num treino. Foi uma grande emoção, é uma bonita
recordação".
Hoje,
Alfred Ransom adicionou outra à sua coleção de memórias daquele que é
considerado por muitos como o melhor ciclista de todos os tempos, quando viu o
'Canibal', cinco vezes vencedor da Volta a França, subir ao palco situado em
frente à 'Maison du Tour'.
Anunciado
como um embaixador da Bélgica e dos belgas, Merckx foi recebido entre aplausos
e com uma viagem em imagens à história dos 100 anos da camisola amarela -
estavam lá vencedores clássicos, como Jacques Anquetil, Bernard Hinault e
Miguel Indurain, aqueles que, com ele, detêm o recorde de vitórias no Tour, e
contemporâneos, como Chris Froome, Alberto Contador ou Cadel Evans.
"Espero
que a partida do Tour seja uma grande festa para os bruxelenses e para a
Bélgica", resumiu o sempre parco em palavras Merckx, antes de carregar no
botão vermelho que iniciou oficialmente a contagem para o 'Grand Départ' e
'inundou' o centro de Bruxelas de fogos de artifício.
Fonte:
Record on-line
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