Rui
Vinhas não podia estar mais feliz por ter Raúl Alarcón como seu sucessor no
historial de vencedores da Volta a Portugal em bicicleta, relevando que só não
desistiu da 79.ª edição porque o seu grande amigo lhe pediu.
“Eu
não posso demonstrar muito, mas toda a gente sabe que eu gosto dele. Ele sabe
melhor do que ninguém quão feliz estou com esta vitória dele”, começou por
dizer à agência Lusa o inesperado vencedor da Volta de 2016.
Inseparáveis
desde que se cruzaram no Louletano-Dunas Douradas há quatro anos, Vinhas e
Alarcón são ‘unha com carne’ e, por isso, Rui Vinhas lá vai assumindo que é
muito suspeito para falar do seu amigo.
“Desde
2013 que somos companheiros de equipa. Aliás, somos companheiros de quarto
desde essa altura. Ajudei muito o Raúl e ele também me ajudou muito. No ano
passado, foi o pilar da minha vitória. Ele e todos os outros colegas. Mas ele
foi o mais especial. Passámos por vários momentos difíceis e conseguimos
ultrapassá-los. O ano em que eu vim para a W52-Quinta da Lixa [2015] não foi
fácil para ele, porque estava sem equipa. Lutámos, lutámos e conseguimos que
ele viesse comigo. Após esse momento difícil, as coisas começaram a melhorar. O
ano passado correu-me bastante bem, este ano está a ser o ano dele”, destacou o
ciclista de Sobrado.
Com
o filho Pedro ao colo, o corredor ‘dragão’, de 30 anos, confessou à Lusa que,
para si, Alarcón é um irmão, tanto que chegou a albergá-lo em sua casa no
período mais complicado da vida do alicantino de Sax em Portugal.
“Desde
o início, não foi fácil para ele estar em Portugal. Ele não queria estar a despender
dinheiro, nessa altura era complicado para ele estar a pagar hotéis. Eu
convidei-o a ficar em minha casa e toda a gente em casa gostou dele. Ele
sentia-se em casa connosco e eu fico muito contente com isso. Ele agradeceu-me
bastante e continua a agradecer. Não me arrependo dos gestos que tive para com
ele. Ele está a ter o que merece e esta vitória é fruto de todo o trabalho e de
todo o esforço dele ao longo dos anos”, defendeu.
Vinhas,
que garante conhecer Alarcón só de olhar para ele – “Às vezes, nem precisamos
de falar. É como se fosse uma pessoa que vive comigo há 20 anos” -, revelou
ainda que só não desistiu desta Volta a Portugal porque o amigo assim o quis.
“Esta
Volta foi bastante difícil em termos emocionais para mim, porque entrei nesta
edição já debilitado, tive uns problemas de saúde [uma gastroenterite].
Estava-me a sentir inútil no apoio ao Rául. Não estava a conseguir retribuir o
apoio que ele me deu no ano passado, mas esforcei-me. Eu queria desistir a meio
da Volta, mas ele pediu-me para ficar ao lado dele, porque iria precisar de
mim. Eu lutei, melhorei um bocadinho na segunda parte, e estive a um nível
aceitável”, explicou.
Apesar
de não ter estado como desejava, o vencedor da Volta2016 assegurou estar feliz.
“Tive um ano positivo em termos de resultados e paguei um bocado a fatura nesta
Volta a Portugal, mas estou contente. O objetivo, como disse no início, era a
equipa ganhar”, concluiu.
Fonte:
Sapo on-line
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