Ciclista belga falou da sua desistência na mais importante prova do ano
Por: Fábio Lima
Foto: AP
Apontado à partida como um dos
candidatos ao pódio do Tour, e até para se intrometer na batalha pela vitória
com Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard, Remco Evenepoel desistiu da prova
francesa durante a 13.ª etapa, numa altura na qual andava efetivamente a lutar
pelo pódio. Os sinais de cansaço, de estar fora da sua forma habitual, vinham
sendo dados, especialmente na subida ao Hautacam, numa 12.ª etapa na qual foi
7.º (a 3:35 de Pogacar), e ainda no contrarrelógio do dia seguinte, a sua
especialidade de sempre, onde foi apenas 12.º. A resposta para todas aquelas
dificuldades chegou esta quinta-feira, numa longa publicação no Instagram, que
começa no período de inverno, em que procurava recuperar de um 2024 bastante
exigente.
"Senti sempre que era
tudo à pressa. Nunca me senti eu mesmo. Mas continuei a acreditar, não queria
desistir do meu sonho. Pensávamos que o tempo em recuperação me daria o
descanso necessário. mas na realidade o meu corpo nunca teve uma pausa. Estava
na reserva ainda antes do Tour começar", assumiu o belga, que pouco antes
do Tour teve novo percalço. Uma fratura numa costela nos campeonatos nacionais
de contrarrelógio belgas.
"Não era o mais
complicado, mas não era o ideal. Então, comecei a mais dura prova do Mundo com
uma costela partida e um corpo cansado. Não era a melhor combinação. Mas não
desistir do objetivo pelo qual lutei tanto tempo". "Apesar de tudo,
dei tudo de mim. Consegui ganhar uma etapa, vestir a camisola branca durante
vários dias e estar na parte superior da tabela. A primeira semana correu bem,
considerando tudo. Mas na segunda o preço desses esforços começou a aparecer.
Estava a aguentar-me, mas sabia que não estava no meu melhor. Até que,
finalmente, o meu corpo disse 'basta'. Doze dias depois, quebrei. Tudo o que
carregava apanhou-me. Mas não quis desistir. Lutei o máximo que consegui",
garantiu o belga, campeão olímpico de fundo e contrarrelógio em Paris'2024.
"Aquele dia foi um dos
mais brutais e onde mais vulnerável me senti na minha carreira. Quebrei e,
estranhamente, sinto-me orgulhoso disso", assumiu o ciclista da Soudal
Quick-Step, que a fechar a sua longa carta deixa uma mensagem bem poderosa.
"Deixar o Tour foi uma
das decisões mais difíceis que tomei desde há muito tempo. Mas era a certa. Por
uma vez, ouvi o meu corpo. E espero que este momento envie uma mensagem,
especialmente para os mais jovens que estão a ver: É normal parar. É normal
sentirmo-nos cansados. É normal sermos humanos. Por vezes, dar um passo atrás é
a coisa mais forte a fazer. Vou tirar um tempo para descansar e
recuperar".
Fonte: Record on-line
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