Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Cinco vezes vencedor de
Grandes Voltas, poucos ciclistas na geração actual se aproximam do sucesso de
Primoz Roglic em corridas de três semanas. Ainda assim, a Volta a França
continua a ser a grande lacuna no palmarés do esloveno. Em 2025, Roglic decidiu
arriscar, apostando numa desafiante combinação: disputar a Volta à Itália antes
de rumar a Paris.
"Na sua cabeça, a Volta a
França continua a ser o grande objetivo. É a única que ainda não
conquistou", afirma Marc Lamberts, treinador de Roglic na Red Bull - BORA
- hansgrohe, em entrevista à WielerFlits. Ainda que a ambição esteja clara, Lamberts
admite que o plano não foi unânime. "A equipa apoiou a decisão de fazer o
Giro. O Primoz foi quem decidiu alinhar no Giro e no Tour. Conversámos muito
sobre isso, mas, para ser honesto, eu não era a favor."
O técnico explica que, teoricamente, a Volta a Espanha sempre foi o terreno mais favorável para Roglic: "Ele apresenta sempre os seus melhores números na Vuelta e venceu-a quatro vezes por uma razão. As subidas são mais curtas e íngremes, de 20 a 30 minutos, o que se adapta muito melhor ao seu perfil do que as subidas longas e sustentadas do Giro ou do Tour, que podem durar até uma hora."
Mesmo com a possibilidade de
conquistar uma quinta vitória em Espanha e estabelecer um novo recorde, Roglic
preferiu focar-se no que ainda lhe falta. "Quando se ganha a Vuelta quatro
vezes e o Giro uma, e resta apenas uma corrida por conquistar, faz sentido
persegui-la enquanto ainda é possível. Talvez até contra o bom senso",
reconhece Lamberts. "Mas eu compreendo e apoio-o."
O treinador destaca ainda uma
mudança na mentalidade do seu atleta: "O Primoz já não corre atrás de
recordes. Claro que quer ganhar todas as corridas onde alinha, continua a ser
um competidor feroz, mas já não sente que precisa de vencer. A pressão diminuiu
bastante em comparação com anos anteriores."
Roglic parte para a Volta à
Itália com muito menos pressão, mas com ambição intacta. "Para ser franco,
ele não está preocupado em adicionar mais uma Vuelta, outro Giro ou até uma
vitória na Catalunha ao seu palmarés. Chegou a um ponto da carreira onde coloca
tudo em perspetiva. Encontra-se em paz consigo próprio, muito mais do que há
uns anos. Já não precisa de provar nada a ninguém. Mas quando corre, dá tudo. A
Volta a França, essa, ainda lhe vai trazer algum stress."
Apesar disso, Roglic mantém
vivo o desejo de vencer novamente em Itália e Lamberts analisou o que será
necessário para conquistar uma segunda Maglia Rosa: "A última semana será
decisiva. Temos também a etapa de gravilha e dois contrarrelógios. Ele precisa
de estar no seu melhor nesse momento." O treinador admite que o nível
atual de Roglic está próximo do que apresentou na última Vuelta, mas considera
o percurso do Giro menos favorável. "Ainda assim, acredito que é
claramente candidato ao pódio. Pode vencer, mas tudo tem de correr bem. O tempo
e sobretudo uma corrida limpa na etapa de gravilha."
E quanto
à tão desejada Volta a França?
"Continua a ser um dos
melhores ciclistas de Grandes Voltas. Mas sejamos realistas, o Tadej Pogacar e
o Jonas Vingegaard ainda estão num patamar acima. Remco Evenepoel é outro
candidato de topo e o Primoz terá de disputar com ele o terceiro lugar no
Tour", avalia Lamberts. "Mas no Giro, com os dois primeiros ausentes,
tudo dependerá da força de Juan Ayuso. Provavelmente será o seu principal
adversário. No entanto, com a experiência e a força do Primoz, nunca se pode
descartá-lo."
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