Depois de um 2022 de sonho, que o catapultou para o estatuto de melhor ciclista português do pelotão nacional, Frederico Figueiredo teve uma época mais discreta
Por: Lusa
Frederico Figueiredo não saiu
desiludido de 2023, nem com os seus resultados, nem com a sua equipa, a
Sabgal-Anicolor, apesar de reconhecer que lhe faltou uma vitória na Volta a
Portugal em bicicleta, onde teria corrido de forma diferente.
“Consegui
começar a época a ganhar, em abril, na Clássica [Aldeias] do Xisto, e depois
mantive sempre um bom nível, tanto a trabalhar, como na discussão de corridas.
Acabo também por estar na discussão do [Grande Prémio] Douro [Internacional],
que o [Luís] Mendonça ganhou. Mesmo dentro da nossa equipa, com tantos ‘galos’,
acho que acaba por ser um balanço positivo”,
resumiu à Lusa, recordando ainda a vitória na terceira etapa do Troféu Joaquim
Agostinho.
Depois de um 2022 de sonho,
que o catapultou para o estatuto de melhor ciclista português do pelotão
nacional, Frederico Figueiredo teve uma época mais discreta, mas ainda assim o
pragmático trepador de São João de Ver recusa-se a falar de desilusão quando
olha para 2023.
“Só ficou
a faltar-me uma vitória na Volta a Portugal se calhar, [assim a temporada]
estava equivalente ao ano anterior. Também tenho de ser sincero, porque em
Portugal não há assim tantas chegadas ao alto que me favoreçam e tenho de
aproveitá-las da melhor forma. Eu aproveitei no Xisto, aproveitei no Agostinho,
faltou aproveitar uma na Volta a Portugal. Não deu”,
lamentou.
Não que ‘Fred’ não
tenha tentado tentou e muito, talvez mais do que qualquer outro, mas o tão
apetecido triunfo em etapas acabou por não chegar, do mesmo modo que também a
sua anunciada candidatura à vitória final ‘fracassou’ foi apenas sétimo, devido a “um conjunto de fatores”.
“A etapa
da Serra [da Estrela] não nos correu da melhor maneira, como no ano passado,
nem como nós estávamos a contar que corresse. […] Estava tudo a correr muito
bem e em 20 quilómetros as coisas acabaram por virar. Acho que esse aí foi o
fator que mais contribuiu para eu não ter estado na disputa da Volta a Portugal
até mais tarde”, analisou.
Da conversa com o vice-campeão
e ‘rei’ da montanha da Volta2022 percebe-se que aquelas duas dezenas
de quilómetros da subida à Torre, da quinta etapa, nos quais tudo correu mal à
agora Sabgal-Anicolor (a começar pelo ‘naufrágio’ do então campeão em título Mauricio Moreira, logo
na Covilhã), o marcaram, pois é a eles que regressa quando é questionado sobre
se teria feito algo diferente naqueles dias de agosto.
“[Hesita]
se calhar… agora, analisando as coisas, não teria arrancado como arranquei
[rumo à Torre] se soubesse que o Jimmy [Whelan] não estava nas melhores
condições. Se calhar, tinha-me resguardado mais um bocado, não teria dado tanto
nas vistas e, se calhar, a corrida era completamente diferente. Lembro-me na
etapa da Serra de toda a gente responder aos meus ataques e aos ataques dos
outros ninguém responder. Se calhar, teria corrido de uma maneira muito mais
fria e muito mais na defensiva e teria corrido melhor. Mas isto é um balanço
que faço agora. Se na altura soubesse estas coisas, era diferente, muito
diferente”, admite.
Figueiredo foi,
destacadamente, o ciclista mais marcado da 84.ª edição da prova ‘rainha’ do
calendário velocipédico nacional, com os seus ataques a motivarem respostas
prontas dos líderes das equipas portuguesas, mas também das estrangeiras, algo
que o corredor de 32 anos atribui ao respeito que foi conquistando no pelotão,
sobretudo após as suas exibições em 2022, quando venceu autoritariamente no
Observatório de Vila Nova (Miranda do Corvo) e vestiu a amarela durante cinco
dias, antes de a perder no ‘crono’ final para Moreira.
“Depois
da Volta a Portugal do ano passado, se calhar muita gente estava com receio que
eu chegasse à Covilhã, arrancasse e fosse por ali fora”, nota
o também terceiro classificado da Volta2020, assumindo ainda que o facto de
Rúben Pereira ter dito à Lusa antes do início da Volta que a sua vitória seria
boa para o ciclismo português talvez também não tenha ajudado.
Apesar das declarações do seu
diretor desportivo e de ser o grande favorito ao triunfo final após o ‘ocaso’ de
Moreira, ‘Fred’ acabou ‘vítima’ não só da excessiva marcação dos adversários, mas
também de táticas confusas da sua equipa, que preferiu apostar em vários
líderes e acabou com três ciclistas no top 10 mas nenhum no pódio, aliás como
fez ao longo de toda a temporada.
“Mágoa
com a equipa não pode ficar. O ter muitos galos para o mesmo poleiro podes ver
pelo lado positivo e pelo negativo: pelo positivo, tira-te muita pressão,
porque se tu falhares, há sempre alguém por trás [que te dá garantias]. Se tens
um dia mau, dificilmente haverá dois ou três ciclistas a terem um dia mau, e
isso é bom. Pelo lado negativo, se calhar acaba por não te dar o protagonismo
que tu poderias ter. Há que saber lidar com a situação, não podemos encarar de
maneira negativa”, concluiu.
Fonte: Sapo on-line
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