domingo, 13 de agosto de 2023

“Capa do livro da Volta 'previu' amarela de João Matias”


Foi o checo de 22 anos quem ergueu os braços na meta, após 04:36.26 horas na estrada

 

Por: Lusa

Castelo Branco é definitivamente a cidade-amuleto de João Matias (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua), que hoje vestiu pela primeira vez a camisola amarela na Volta a Portugal, após uma quarta etapa conquistada pelo ciclista checo Daniel Babor (Caja Rural).

Foi o checo de 22 anos quem ergueu os braços na meta, após 04:36.26 horas na estrada, no entanto foi de Matias a maior das festas: quando passou o risco, atrás de Babor e do espanhol Andoni López de Abetxuko (Euskaltel-Euskadi), o português, ainda a alta velocidade, perguntou na direção do seu staff ‘É minha?’. Longa foi a espera, mas o sonho do pistard de Roriz (Barcelos) finalmente cumpriu-se graças às bonificações, que ‘despromoveram’ Rafael Reis (Glassdrive-Q8-Anicolor) para o segundo lugar da geral.

“É um momento especial. Quem fez aí a capa do livro da Volta deste ano e meteu a foto do ano passado, comigo a vencer aqui em Castelo Branco, com a camisola amarela, parece que estava a adivinhar. Eu não adivinhava, mas sabia que era possível. Nunca baixei os braços […] É um sonho concretizado. Já não sou um menino, mas os sonhos são para ser cumpridos, seja quando seja, por isso estou superfeliz, estou super orgulhoso”, descreveu.

Talvez premonitoriamente, a organização da Volta ilustrou o livro da 84.ª edição com uma foto da primeira vitória da carreira do corredor de 32 anos na prova, conseguida precisamente nesta cidade, colorindo a camisola verde e branca da Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua de amarelo, a mesma cor que Matias vai envergar na subida à Torre, num dia que para ele será memorável e que servirá para testar as forças dos candidatos à geral, na qual Reis é segundo ‘à condição’, a dois segundos, e o alemão Lukas Meiler (Voralberg) é terceiro, a seis.

Ao contrário do que aconteceu desde o início desta edição, hoje a fuga tardou em formar-se; foi preciso esperar pelo quilómetro 34 da ligação de 184,5 entre Estremoz e Castelo Branco para que João Macedo (Credibom-LA Alumínios-Marcos Car), os espanhóis Raúl Rota (Rádio Popular-Paredes-Boavista) e Unai Iribar (Euskaltel-Euskadi), e o neerlandês Yanne Dorenbos (Kern-Pharma) se juntassem na frente.

A perseguição ao quarteto, que chegou a ter uma vantagem próxima dos quatro minutos, foi inevitavelmente assumida pela Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua, apostada em fazer o pleno nas etapas ao sprint desta Volta a Portugal ou levar Matias à amarela.

No Monte Paleiros, Macedo tentou distanciar-se para amealhar pontos para a montanha e levou consigo Rota, que decidiu seguir a solo, quando ainda faltavam mais de 90 quilómetros para a meta, levando a própria equipa a aconselhá-lo a aguardar pelos outros três fugitivos.

A fuga prosseguiu sem maior interesse do que a picardia entre os dois ciclistas das equipas portuguesas, com Macedo e Rota a marcarem-se como se estivessem na pista, na subida à Serra de São Miguel, a segunda de três contagens de terceira categoria da jornada.

Na aproximação à meta, as quedas foram-se sucedendo, aparentemente sem gravidade, o jovem de 21 anos da Credibom-LA Alumínios-Marcos Car assegurou a camisola da montanha e a fuga foi perdendo vantagem, sendo anulada a cerca de 12 quilómetros do final.

Houve ainda várias tentativas solitárias, já dentro de Castelo Branco, mas o empedrado da Avenida Nuno Álvares é eterno palco de sprints, com o de hoje a ‘oferecer’ a primeira vitória profissional a Babor, de 23 anos.

“Finalmente, finalmente. Estou feliz por todos os pódios, mas isto é um bónus para mim. É o meu primeiro ano como profissional, e tive um pouco de dificuldades, apenas com lugares no top 10 em janeiro, por isso estou feliz”, resumiu o checo da Caja Rural, que já tinha sido segundo (na segunda etapa) e terceiro (na terceira etapa) nesta Volta a Portugal.

No entanto, o primeiro triunfo profissional de Babor não foi isento de polémica: após cortar a meta, o novo líder da classificação por pontos dirigiu-se imediatamente a António Carvalho (ABTF-Feirense), com o português a reagir intempestivamente e a rejeitar o pedido de desculpas.

“Eu vou passar pela direita e ele mete-me a mão na coxa, puxa-me para trás. A verdade é que ganhou. Ganhar assim, sujeito a provocar quedas na parte final, é injusto. Ele foi imprudente, não pensou em mais nada a não ser em ganhar a etapa”, acusou o terceiro classificado da Volta2022, ainda antes de Babor dizer que para si o “assunto” estava encerrado depois da tentativa de pedido de desculpa.

Polémicas à parte, a Volta ‘despede-se’ finalmente dos sprints e dirige-se para as montanhas, com a quinta etapa a ligar Mação ao alto da Torre, ponto mais alto de Portugal continental, onde a única contagem de categoria especial desta edição aguarda os ciclistas, após 184,3 quilómetros, os últimos 20 sempre a subir.

Com as diferenças entre os candidatos ainda cifradas na casa dos 20 segundos, é o uruguaio Mauricio Moreira (Glassdrive-Q8-Anicolor), campeão em título, quem parte em vantagem, já que é quinto da geral, a sete segundos de Matias.

Fonte: Sapo on-line

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