Foi o checo de 22 anos quem ergueu os braços na meta, após 04:36.26 horas na estrada
Por: Lusa
Castelo Branco é
definitivamente a cidade-amuleto de João Matias (Tavfer-Ovos
Matinados-Mortágua), que hoje vestiu pela primeira vez a camisola amarela na
Volta a Portugal, após uma quarta etapa conquistada pelo ciclista checo Daniel
Babor (Caja Rural).
Foi o checo de 22 anos quem
ergueu os braços na meta, após 04:36.26 horas na estrada, no entanto foi de
Matias a maior das festas: quando passou o risco, atrás de Babor e do espanhol
Andoni López de Abetxuko (Euskaltel-Euskadi), o português, ainda a alta velocidade,
perguntou na direção do seu staff ‘É minha?’.
Longa foi a espera, mas o sonho do pistard de Roriz (Barcelos) finalmente
cumpriu-se graças às bonificações, que ‘despromoveram’ Rafael Reis (Glassdrive-Q8-Anicolor) para o
segundo lugar da geral.
“É um
momento especial. Quem fez aí a capa do livro da Volta deste ano e meteu a foto
do ano passado, comigo a vencer aqui em Castelo Branco, com a camisola amarela,
parece que estava a adivinhar. Eu não adivinhava, mas sabia que era possível.
Nunca baixei os braços […] É um sonho concretizado. Já não sou um menino, mas
os sonhos são para ser cumpridos, seja quando seja, por isso estou superfeliz,
estou super orgulhoso”, descreveu.
Talvez premonitoriamente, a
organização da Volta ilustrou o livro da 84.ª edição com uma foto da primeira
vitória da carreira do corredor de 32 anos na prova, conseguida precisamente
nesta cidade, colorindo a camisola verde e branca da Tavfer-Ovos
Matinados-Mortágua de amarelo, a mesma cor que Matias vai envergar na subida à
Torre, num dia que para ele será memorável e que servirá para testar as forças
dos candidatos à geral, na qual Reis é segundo ‘à
condição’, a dois segundos, e o alemão Lukas Meiler (Voralberg)
é terceiro, a seis.
Ao contrário do que aconteceu
desde o início desta edição, hoje a fuga tardou em formar-se; foi preciso
esperar pelo quilómetro 34 da ligação de 184,5 entre Estremoz e Castelo Branco
para que João Macedo (Credibom-LA Alumínios-Marcos Car), os espanhóis Raúl Rota
(Rádio Popular-Paredes-Boavista) e Unai Iribar (Euskaltel-Euskadi), e o
neerlandês Yanne Dorenbos (Kern-Pharma) se juntassem na frente.
A perseguição ao quarteto, que
chegou a ter uma vantagem próxima dos quatro minutos, foi inevitavelmente
assumida pela Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua, apostada em fazer o pleno nas
etapas ao sprint desta Volta a Portugal ou levar Matias à amarela.
No Monte Paleiros, Macedo
tentou distanciar-se para amealhar pontos para a montanha e levou consigo Rota,
que decidiu seguir a solo, quando ainda faltavam mais de 90 quilómetros para a
meta, levando a própria equipa a aconselhá-lo a aguardar pelos outros três
fugitivos.
A fuga prosseguiu sem maior
interesse do que a picardia entre os dois ciclistas das equipas portuguesas,
com Macedo e Rota a marcarem-se como se estivessem na pista, na subida à Serra
de São Miguel, a segunda de três contagens de terceira categoria da jornada.
Na aproximação à meta, as
quedas foram-se sucedendo, aparentemente sem gravidade, o jovem de 21 anos da
Credibom-LA Alumínios-Marcos Car assegurou a camisola da montanha e a fuga foi
perdendo vantagem, sendo anulada a cerca de 12 quilómetros do final.
Houve ainda várias tentativas
solitárias, já dentro de Castelo Branco, mas o empedrado da Avenida Nuno
Álvares é eterno palco de sprints, com o de hoje a ‘oferecer’ a
primeira vitória profissional a Babor, de 23 anos.
“Finalmente,
finalmente. Estou feliz por todos os pódios, mas isto é um bónus para mim. É o
meu primeiro ano como profissional, e tive um pouco de dificuldades, apenas com
lugares no top 10 em janeiro, por isso estou feliz”,
resumiu o checo da Caja Rural, que já tinha sido segundo (na segunda etapa) e
terceiro (na terceira etapa) nesta Volta a Portugal.
No entanto, o primeiro triunfo
profissional de Babor não foi isento de polémica: após cortar a meta, o novo
líder da classificação por pontos dirigiu-se imediatamente a António Carvalho
(ABTF-Feirense), com o português a reagir intempestivamente e a rejeitar o
pedido de desculpas.
“Eu vou
passar pela direita e ele mete-me a mão na coxa, puxa-me para trás. A verdade é
que ganhou. Ganhar assim, sujeito a provocar quedas na parte final, é injusto.
Ele foi imprudente, não pensou em mais nada a não ser em ganhar a etapa”,
acusou o terceiro classificado da Volta2022, ainda antes de Babor dizer que
para si o “assunto” estava encerrado depois da tentativa de pedido de
desculpa.
Polémicas à parte, a Volta
‘despede-se’ finalmente dos sprints e dirige-se para as montanhas, com a quinta
etapa a ligar Mação ao alto da Torre, ponto mais alto de Portugal continental,
onde a única contagem de categoria especial desta edição aguarda os ciclistas,
após 184,3 quilómetros, os últimos 20 sempre a subir.
Com as diferenças entre os
candidatos ainda cifradas na casa dos 20 segundos, é o uruguaio Mauricio
Moreira (Glassdrive-Q8-Anicolor), campeão em título, quem parte em vantagem, já
que é quinto da geral, a sete segundos de Matias.
Fonte: Sapo on-line
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