Britânico diz que o seu Tour está 'feito' a partir desta quinta-feira
Por: Lusa
A renovação geracional do
ciclismo britânico aconteceu esta quinta-feira no mítico Alpe D'Huez, com
Thomas Pidcock a superiorizar-se à "lenda" Chris Froome para triunfar
na 12.ª etapa da Volta a França, dececionante no duelo pela amarela de Jonas
Vingegaard.
O Dia da Bastilha foi de
desilusão para os franceses -- não houve nenhum no top 10 da etapa e Romain
Bardet saiu do pódio -, para Tadej Pogacar, incapaz de distanciar o camisola
amarela, e também para Nelson Oliveira, que não aguentou a pedalada da bem-sucedida
fuga do dia, e de festa para os britânicos: Pidcock tornou-se no mais jovem
vencedor de sempre no Alpe d'Huez, Froomey regressou aos momentos felizes e
Geraint Thomas assumiu-se como o derradeiro grande candidato ao top 3 final.
"Não é mau, pois não?",
disparou o jovem ciclista da INEOS, de 22 anos, depois de se ter estreado a
vencer, e logo na emblemática subida, na sua primeira participação na Grande
Boucle.
A história do sucesso do
campeão do mundo de ciclocrosse começou a descer -- recorreu à sua técnica
apurada para destacar-se do grupo de favoritos, comandado pela Jumbo-Visma do
camisola amarela Jonas Vingegaard, e juntar-se à fuga, onde estava o português
da Movistar -- e continuou a subir, com o britânico a atacar a 10 quilómetros
do alto para deixar definitivamente para trás o sul-africano Louis Meintjes
(Intermarché-Wanty-Gobert), segundo a 48 segundos, e o quatro vezes campeão
Froome (Israel-Premier Tech), terceiro a 02.06 minutos.
"Isto fez a minha Volta a
França. Mesmo que descole todos os dias a partir de hoje, não quero saber.
[...] Esta foi, certamente, uma das minhas melhores experiências no ciclismo. É
irreal", disse o primeiro campeão olímpico de XCO a ganhar uma etapa no
Tour, antes de assumir que "foi muito bom" ter colaborado com
Froomey, "uma lenda" que conseguiu bater no Alpe d'Huez.
Se o promissor Pidcock
garantiu que o seu nome ficará para sempre gravado numa das 21 curvas daquela
que é uma das mais emblemáticas montanhas da Grande Boucle, de regresso ao
percurso após quatro anos de ausência, o anterior vencedor naquele lugar, o seu
colega Geraint Thomas, deu um passo importante na luta pelo pódio, ao ser o
único capaz de seguir na roda do dinamarquês da Jumbo-Visma e do esloveno da
UAE Emirates.
A ascensão do vencedor do
Tour'2018 ao terceiro lugar, por troca com Bardet (DSM), foi mesmo a grande
alteração registada na geral, num dia dececionante no duelo entre os dois
primeiros, que chegaram à meta a 3.23 minutos do vencedor, depois de os ataques
de Pogacar não terem dado em nada, e mantêm a diferença de 2.22 entre si.
Após a demolidora primeira
jornada alpina, o pelotão decidiu poupar forças ao longo dos 165,1 quilómetros
entre Briançon e o Alpe d'Huez, oportunidade aproveitada por Nelson Oliveira
para brilhar.
O português da Movistar saltou
para a fuga ao quilómetro cinco e, juntamente com Anthony Perez (Cofidis), Kobe
Goossens (Intermarché-Wanty-Gobert), Neilson Powless (EF Education-EasyPost),
Matis Louvel (Arkéa Samsic) e Sebastian Schönberger (B&B Hotels-KTM),
iniciou os 23 quilómetros da subida ao Galibier -- por uma vertente diferente
da escalada na véspera -- com uma vantagem de mais de um minuto para o pelotão,
superiormente comandado por Wout van Aert.
Ao contrário da UAE Emirates,
a Jumbo-Visma controlou a corrida como quis, autorizando, primeiro, a saída de
Guilio Ciccone (Trek-Segafredo) e Meintjes e, depois, de Froome, mas negando
iniciativas de potenciais perigos para a amarela de Vingegaard.
Passado o Galibier,
destacou-se Pidcock, que deu uma magistral lição de como descer -- fez lembrar
o maestro Vincenzo Nibali - para se juntar rapidamente ao seu veterano
compatriota, com os dois britânicos, representantes de duas gerações do
ciclismo do seu país, a fazerem um verdadeiro contrarrelógio por equipas para
se unirem aos homens da frente.
A fuga chegou ao sopé da
Croix-de-Fer com mais de seis minutos de vantagem para o pelotão, uma diferença
que, depois de aumentar, perante a passividade de uma Jumba-Visma apostada em
obrigar outros a trabalhar, foi decaindo ao longo dos 29 quilómetros da
contagem de categoria especial, que condenaram o sonho de Nelson Oliveira de se
estrear a vencer no Tour.
Quando chegaram à entrada do
Alpe D'Huez, para enfrentarem os derradeiros 13,8 quilómetros da tirada, com
uma pendente média de inclinação de 8,1%, e as suas 21 emblemáticas curvas,
Froome, Pidcock, Ciccone, Meintjes e Powless continuavam a ter o pelotão a seis
minutos, suficientes para que os fugitivos discutissem entre si a etapa.
O jovem da INEOS atacou a mais
de 10 quilómetros da meta e foi aguentando a perseguição do sul-africano e do
tetracampeão, de 37 anos, que procurava a sua primeira vitória em etapas no
Tour desde 2016 e a primeira desde que a sua carreira foi revolucionada (e
menorizada) pela grave queda que sofreu no Critério do Dauphiné de 2019.
No grupo de favoritos, foi o
ritmo imposto por Primoz Roglic a originar a primeira seleção, com David Gaudu
(Groupama-FDJ) e Nairo Quintana (Arkéa Samsic) a perderem o contacto, antes de
Pogacar acelerar, a quatro quilómetros do alto, para levar na roda apenas o
camisola amarela.
O fogacho do bicampeão em
título e melhor jovem do Tour foi momentâneo, mas serviu para demonstrar que
Thomas, terceiro a 02.26, está no melhor momento de forma desde que foi
segundo, atrás do colega Egan Bernal, na edição de 2019, e que Bardet, agora
quarto a 2.35 de Vingegaard, precisará de um dia muito inspirado para ficar no
pódio.
A 109.ª Volta a França
despediu-se dos Alpes, com Oliveira no 74.º lugar, a mais de uma hora e 40
minutos do camisola amarela, e ruma, na sexta-feira, a Saint-Étienne, cidade
que acolhe o final da 13.ª etapa, que começa em Bourg d'Oisans 192,6
quilómetros antes.
Fonte: Record on-line
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