terça-feira, 26 de julho de 2022

“O Tour de França 2022 e o oito ideal”


Por: José Morais

Terminou mais um Tour de França, foi sem dúvida memorável a edição de 2022, foram 21 de competição, que pode ser interpretada de diversas formas, uma será o desempenho dos ciclistas, onde se destacaram diversas áreas, a classificação geral, as vitórias nas etapas, a montanha, o contrarrelógio, o trabalho gregário, e muitas mais coisas, ora vejamos.

 

Wout van Aert da equipa da TJV

 

Foi o número um, e tem de ser o primeiro desta lista, Van Aert neste Tour não teve palavras, com três etapas, o luxo verde e gregário para Vingegaard, fonte de muito espetáculo quase todos os dias, hoje é o melhor do mundo, com o ciclista a poder ser colocado em qualquer missão, ele cumpre a mesma, superando as expectativas.

Porque se o mesmo tiver de ganhar, ele ganha, que é hora de poder salvar Jonas nos pavés, porque isso ele salva, se é hora de terminar e fazer explodir Pogacar no Hautacam, porque ele explode e faz, a versatilidade faz dele uma peça invejável e única para qualquer equipa, como é perfeito, um ciclista que pode ver em tudo e que nessa mistura de liberdade e responsabilidades, é notado pelo quanto ele é um bom ciclista.

 

Bob Jungels da equipa da ACT

 

Aqui temos de ressaltar a recuperação deste ciclista luxemburguês, depois de dois anos com problemas físicos e ainda má sorte, ele foi conseguiu mostrar novamente que tinha pernas, e estava bem como antigamente, conseguiu um triunfo parcial com uma exibição de 60 km, sendo a subida mais forte de uma fuga de nível, levando seu rosto para um AG2R dizimado na ausência de O'Connor, além disso, ele manteve uma regularidade decente para terminar em 12º da geral, algo que nem sequer foi forçado no início da prova, deixando claro que todos se quiserem, podem voltar ao que eram, e que o talento brilha por conta própria quando a saúde e o destino não são cruzados de forma negativa ao longo do caminho.

 

Primoz Roglič da equipa da TJV

 

Foi o homem-chave da conquista de Vingegaard, com um conceito muito pessoal, o exemplo que Roglic dá é de admirar, já que com lesões, e aparentemente com duas vértebras fraturadas, ele também demonstrou ser profissional, não parou e continuou na prova, e onde mesmo assim conseguiu atacar fortemente Pogacar na Galibier o qual contribui para sua crise subsequente, mas demonstrou o bom companheiro que é, pois naquela época ele ainda tinha poucas chances de fazer algo por si mesmo, mas, ele para ele pouco importava as suas mazelas, decidindo sacrificar-se nas poucas opções em benefício do coletivo da equipa, é foi um profissional em todos os sentidos da palavra, com respeito total por todos.

 

Tadej Pogačar da equipa da UAD

 

Foi o segundo na geral, venceu três etapas, sabendo a pouco por tudo que ele é, mas apesar de derrotado, é um ciclista que continua a ganhar prestígio, é alguém que que tem todos contra ele, mas sendo fiel ao seus valores combativos, nunca deixou de ser ele próprio, algo que é típico no ciclismo ofensivo o qual ele sempre incutiu desde a sua incursão de elite, mesmo não tendo pernas, ele nunca parou de tentar perturbar Vingegaard, e a isso chama-se atitude, o que numa era de muitas estrelas isso é exigido, perdendo da melhor maneira, mas um guerreiro até ao fim.  

 

Geraint Thomas da equipa da GD

 

Quando iniciou o Tour, era talvez a menor expetativa da Ineos, mas enganou, e acabando por ser o que melhor resultados conseguiu, com um desempenho acima de qualquer expetativa que se esperasse, foi dos mais regulares, e ficando quase ao nível tanto de Vingegaard ou Pogacar, com os seus 37 anos, resistiu, a demostrar no final no pódio a sua validade, onde demostrou que usando a experiencia a mesma é fundamental, já que sempre conseguiu gerir as suas perdas e os momentos mais críticos, para não esvaziar as suas condições físicas, que poderiam comprometer o pódio, conseguiu assim fazer a coisa certa, com um resultado muito positivo.  

 

Magnus Cort Nielsen da equipa da EFE

 

Com um Giro de Itália muito difícil, onde as suas condições físicas não eram as melhores, Magnus Cort Nielsen consegui recupera bem no Tour, sendo um showman em viagem no seu país, tentando nas suas fugas mostrar a sua camisola, mas o seu dia grande foi  a vitória no decimo dia de prova, que deu a única alegria à sua equipa neste Tour, juntamente com o colega Powless, a quem teve de ajudar nos dia que tiveram os paralelos pela frente, ele esteve no seu auge, e recebeu reconhecimento por isso, não em apenas nos resultados, mas em espetáculo dado, já que os seus sucessos muitas vezes são gerados por dias muito divertidos.

 

Jasper Philipsen da equipa da ACD

 

Esta foi sem dúvida uma edição do Tour um pouco cruel para os velocistas, onde podiam brilhar muito pouco, e para o melhor velocista, não foi o melhor, após alguma frustração em 2021 por ter alcançado diversos segundos lugares, em 2022 conseguiu recuperar, e deu um salto de qualidade, mas temos de referir que além dos seus dois triunfos parciais, conseguiu ser o velocista mais regular, e sofreu por alguns posicionamentos em alguns dias, algo que vai ter de continuar a trabalhar, e a polir, porem ele possui pernas para ser um dos melhores da modalidade, algo que ele já demostrou no seu máximo, com a Alpecin também a continuar a mostrar o quanto ele pode fazer, mesmo com um orçamento tão pequeno que a equipa possui.

 

Jonas Vingegaard da equipa da TJV

 

Por fim, Jonas Vingegaard, a conquista do mesmo foi composta por diversos fatores fora dele, a equipa, a estratégia, o sacrifício dos outros, algo que sem isto nada poderia ter sido útil, se o dinamarquês não tivesse a condição que tinha, com o ciclismo ofensivo da Jumbo, e a entrega de Roglic, não seria de nenhuma utilidade se Jonas Vingegaard não pudesse chegar ao fim, desta forma teremos de lhe dar mérito, apesar do mesmo poder ser um pouco desvalorizado, o dinamarquês tinha a obrigação de vencer Pogacar, o mesmo ciclista que no inicio do Tour tudo indicava que era imbatível no entender de muitos, Jonas Vingegaard foi superior ao ciclista esloveno, o qual sempre que Pogacar atacava, ele respondia às suas ofensiva quando ele queria, mostrando que era ele que estava no comando, e disse que aqueles dias em que não fazia diferença, era mais pela falta de iniciativa dele, do que por uma igualdade, o que Pogacar sempre foi uma ilusão, foram assim dois triunfos parciais, a montanha e o mais importante, a geral, levando a camisola para casa, e que agora pode abrir-se as portas para uma rivalidade memorável da era moderna do ciclismo.

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