Alcançou o triunfo na quarta etapa e a liderança da geral da 'Algarvia'
Por: Lusa
Foto: Lusa
O "melhor contrarrelógio" da
carreira de Remco Evenepoel valeu-lhe este sábado a vitória na quarta etapa e a
liderança da geral da 48.ª Volta ao Algarve em bicicleta, com o prodígio belga
a acariciar o 'bis' na prova portuguesa.
O cenário estava preparado: a
pequena legião de fervorosos e fiéis adeptos da 'coqueluche'
do ciclismo belga deslocou-se a Tavira, munida de bandeiras da Flandres e de
cartazes, aqueceu as vozes, e aguardou para testemunhar o triunfo do jovem
líder da Quick-Step Alpha Vinyl, que hoje superou o medo das descidas para
cumprir os 32,2 quilómetros do 'crono' em 37.49 minutos, a uma 'estonteante'
média de 51,089 km/h, e deixar a concorrência na geral a uma distância
considerável.
"Fizemos
um bom reconhecimento do contrarrelógio. O vento estava forte, tornava-se
perigoso a descer, por isso não corri nenhum risco. Estou feliz por ter
sobrevivido sem qualquer problema. A subir, dei tudo, sem hesitar, fui ao
máximo. Penso que hoje, em termos de 'feeling' e de potência, fiz o meu melhor
contrarrelógio de sempre", descreveu.
Embora o trauma da terrível
queda na Volta à Lombardia, que em agosto de 2020 o 'atirou' para uma
convalescença de oito meses devido a uma fratura de bacia, ainda paire em cada
descida, Evenepoel beneficiou quer do conhecimento do intrincado percurso --
reconheceu-o ainda na pré-época, no estágio que a equipa belga fez no Algarve
-, quer das suas incomparáveis aptidões para deixar o bicampeão europeu da
especialidade, o suíço Stefan Küng (Groupama-FDJ), a impensáveis 58 segundos.
A prestação sobressalente do
ciclista de 22 anos valeu-lhe o terceiro triunfo em etapas na prova portuguesa
(em duas participações) e deixou-o ainda bem lançado para repetir a vitória na
'Algarvia', que conquistou em 2020, uma vez que o seu mais direto perseguidor
na geral, o britânico Ethan Hayter (INEOS), está a 01.06 minutos, o mesmo tempo
que o 'vice' de 2021 e terceiro na etapa perdeu no 'crono' para o vencedor.
Com o Malhão à vista -- a 48.ª
edição termina no domingo, no alto da emblemática subida algarvia, após 173
quilómetros desde Lagoa -, Evenepoel poderá ter garantido hoje a amarela final,
precisando 'apenas' de
controlar a corrida e reagir racionalmente aos mais do que prováveis ataques da
INEOS, que também tem o colombiano Daniel Martínez no quarto lugar, a 01.30, e
do norte-americano Brandon McNulty (UAE Emirates), quinto no 'crono' de hoje e
terceiro da geral, a 01.25.
"Haverá
um grande caos, uma grande luta para nos colocarem sob pressão, mas tenho 100%
confiança nos rapazes. [...] Mas também tentaremos ganhar a etapa amanhã
[domingo]", revelou.
Muito se falou sobre a
excessiva quilometragem do 'crono'
-- uns longuíssimos 32,2 quilómetros, a maior distância desde 2013 -, mas a
maior dificuldade do exercício individual contra o cronómetro de hoje era o
desenho do percurso, extremamente técnico e impróprio para não especialistas.
Após uma saída plana, mas com
vento lateral, de Vila Real de Santo António, o permanente sobe e desce, com
curvas em gancho, piso irregular e, a espaços, povoado de areia/terra,
complicou a missão dos ciclistas, destacando-se entre eles, inevitavelmente,
aqueles que melhor se dão no contrarrelógio.
Os melhores tempos
provisórios, antes da chegada dos candidatos à geral, foram um desfile de
especialistas, desde o campeão belga, Yves Lampaert (Quick-Step Alpha Vinyl), a
Rafael Reis (Glassdrive-Q8-Anicolor), o melhor contrarrelogista do pelotão
nacional, que fixou o cronómetro em 41.15 minutos -- haveria de ser o melhor
português e também o melhor representante das equipas lusas, na 23.ª posição, a
03.25 minutos do belga.
"Eu
acho que seguramente vão baixar dos 40 minutos",
antecipava 'Rafa' à agência Lusa, ainda sentado na 'cadeira quente', explicando que o
percurso exigia "bastante força na parte inicial" e que, a partir do
18 quilómetro, tinha "curvas que
assustam um bocado", com o "muito vento" a ser
preponderante.
Mas nem Reis poderia imaginar
que as suas previsões seriam largamente melhoradas, primeiramente por Küng, com
um 'super' tempo de 38.47 minutos na meta, e depois por Evenepoel, que, tal
como nas anteriores etapas, ainda teve tempo para descomprimir nos 'rolos'
antes da cerimónia de pódio.
Tenso nas jornadas anteriores,
o belga conseguiu hoje finalmente descontrair: "Estou
muito feliz por ter 'aberto' uma diferença tão grande [na geral], não esperava
ganhar com uma diferença tão grande".
Fonte: Record on-line
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