Rui Oliveira 39.º na prova de fundo para elite do Mundial de Estrada
Por: José Carlos Gomes
Rui Oliveira foi hoje o melhor elemento de
Portugal na prova de fundo para elite do Campeonato do Mundo de Estrada,
terminando na 39.ª posição a corrida de 268,3 quilómetros, disputada entre
Antuérpia e Lovaina, na Flandres, Bélgica.
A prova, muito rápida e com muita luta pela
colocação desde o início, começou a decidir-se a cerca de 60 quilómetros da
meta, na passagem pelo último setor de empedrado do circuito da Flandres (a
volta maior fora da malha urbana de Lovaina).
Nessa altura, Portugal contava com três
corredores no pelotão principal. Nelson Oliveira e Rui Oliveira bem colocados,
como estiveram ao longo de toda a corrida, e João Almeida um pouco mais atrás,
embora em recuperação de lugares face a momentos anteriores.
Com cinco homens adiantados, onze outros
corredores desferiram um ataque no paralelo. Foi uma jogada tática de risco encabeçada,
sobretudo, pelos coletivos francês e belga. Quando acontece este ataque, Rui
Oliveira estava a sofrer um momento de quebra física, não conseguindo
responder. João Almeida ainda estava longe das posições cimeiras. Nelson
Oliveira manteve-se atento na cabeça do pelotão, assumindo, nesse momento, a
perseguição.
Alguns quilómetros mais adiante, ainda no
circuito fora de Lovaina, o pelotão, comandado pelo dinamarquês Michael Valgren
fica muito próximo dos homens mais adiantados. O nórdico resolveu acelerar para
fazer a “ponte”, o que viria a conseguir. Nelson Oliveira explica a visão do
momento desde dentro da corrida.
“Quando salta o Valgren, quem
estava na roda dele era o Michael Matthews e o Peter Sagan. Eles ficaram a
olhar um para o outro. Eu estava na roda deles e não consegui passar naquele
momento. Creio que tinha pernas para ir com o Valgren, mas naquele momento
chave não saí e depois já não havia nada a fazer, a não ser lutar para honrar a
camisola até à meta”, narra o anadiense.
Michael Valgren conseguiria junta-se, de facto,
à frente, e ainda subiu ao pódio. Foi um dos corredores mais fortes na fase
final da corrida, mas nada comparável com o francês Julian Alaphilippe, que
revalidou o título em grande estilo. Foram dele os ataques decisivos da
corrida, selecionando os melhores.
Na derradeira ofensiva, a cerca de 17
quilómetros da meta, o gaulês isolou-se e nunca mais foi visto pelos
adversários. Cortaria a meta ao fim de 5h56m34s (média de 45,147 km/h), com
tempo para celebrar antecipadamente e pedir aplausos ao numeroso e entusiaste
público da Flandres. Num apertado sprint a quatro pelas medalhas, o neerlandês
Dylan van Baarle conquistou a prata e Michael Valgren o bronze.
Rui Oliveira foi o melhor português, cortando a
meta na 39.ª posição, a 6m27s do vencedor. João Almeida, foi 47.º, a 6m31s, e
Nelson Oliveira chegaria no 55.º lugar, a 6m40s.
“Foi uma corrida louca, a lutar
todo o dia pela colocação. Sabíamos que seria muito difícil estando dos trinta
primeiros para trás, por isso tentámos fazer a corrida na frente. Tentámos e
lutámos, mas há dias em que não dá para ir com os primeiros, mas estou
orgulhoso de ter corrido com esta equipa”, afirma Rui Oliveira.
João Almeida também destaca o envolvimento
coletivo: “Demos o que tínhamos, sempre como
equipa, estivemos sempre unidos. Claro que não conseguimos o resultado que
ambicionávamos. Pessoalmente tive bastantes dificuldades nos paralelos, num
estilo de provas para o qual ainda me falta experiência. Não estive bem
colocado ao longo da corrida, porque era um percurso em circuitos, com muitas
viragens, sprintar a seguir… Não é bem o meu forte e ainda tenho de trabalhar
estes aspetos para o futuro”.
André Carvalho e Rafael Reis não terminaram a
corrida. O palmelense esteve sempre bem colocado até ao primeiro setor de
empedrado do circuito da Flandres. Aí sofreu um furo e a roda que lhe foi
colocada pela assistência neutra ficou a travar, atrasando irremediavelmente o
corredor. André Carvalho chegou no pelotão principal à segunda de três incursões
pelo circuito de Lovaina, mas ficaria preso numa queda que se deu metros
adiante do famalicense, provocando um corte que não voltaria a ser fechado.
Fonte: Federação Portuguesa Ciclismo
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