Ciclista da Euskaltel-Euskadi passou pelo nosso país de bicicleta, depois de ter saído de Santiago de Compostela
Por: Lusa
O espanhol Luis Ángel Maté
(Euskaltel-Euskadi) está a fazer por estes dias uma "volta da Volta a Espanha", de
Santiago de Compostela até casa, em Marbella, num exercício de quase mil
quilómetros de regresso "às origens do
ciclismo".
"Está
a ir muito bem. Tenho estado por Portugal [saiu quinta-feira]. Quis aproveitar
porque a Vuelta terminava em Santiago de Compostela, um grande destino de
cicloturistas, porque era a minha 10.ª edição, e também o regresso à elite da
Euskaltel-Euskadi", conta o ciclista de 37 anos à agência
Lusa.
Nesta "vuelta de la Vuelta", Maté tem
pela frente quase mil quilómetros desde o local habitual de culto e
peregrinação - e também ponto de referência para muitos ciclistas -, onde
terminou a Volta a Espanha, até ao sul, e à Marbella a que chama casa. Entrou
em Portugal cedo e, na quarta-feira, na terceira etapa, desceu de Oliveira de Azeméis
até ao centro, antes de, na quinta-feira, partir de Vila de Rei para deixar o
país, após uns 226 quilómetros que gozou longe do ritmo do profissionalismo.
A descomprimir da última grande Volta do ano, pôde ainda dar foco e destaque ao seu intento de fazer dos quilómetros pedalados em cicloturismo "uma maneira de reivindicar as origens do ciclismo". "Está a tornar-se demasiado 'tecnificado'. Tudo se mede, todos os pesos e variáveis... estamos a robotizar um pouco o desporto. Estamos a reivindicar as suas origens, de quando uma criança pega na bicicleta para desfrutar", afirma à Lusa.
Na viagem, apaixonou-se por
Portugal, revela. "Conhecia bem o
Algarve, é próximo de casa e aí tinha ido mais vezes, mas o Norte e as zonas
que atravessei... É estupendo, com pessoas muito acolhedoras e gastronomia
muito excecional, com paisagens e caminhos maravilhosos para o cicloturismo. É
um país que me agrada muito", declara.
Este ano, de resto, foi oitavo
no Grande Prémio Torres Vedras -- Troféu Joaquim Agostinho, um dos seus
resultados de destaque na temporada. Antes, já tinha passado pelo país em 2020,
para correr a Volta ao Algarve, então ainda ao serviço da francesa Cofidis, em
duas presenças fugazes numa carreira longa entre o pelotão de elite europeu.
Aos 37 anos, o corredor viveu a 10.ª Vuelta do palmarés, acabando em 30.º, no
regresso à ribalta da renascida Euskaltel, e decidiu embarcar numa viagem até
casa diferente, que mostrasse outra relação com a bicicleta.
Quase arrancou com o
"amigo" Alejandro Marque (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel), para
quem só tem palavras elogiosas. "É um dos melhores ciclistas espanhóis,
com um palmarés invejável, toda a gente gosta dele. Une-nos uma grande
amizade", atira. Sem o campeão da Volta a Portugal em 2013, vem descendo
pela península e, à Lusa, não deixa de comentar as "possibilidades
tremendas" do ciclismo português, que "merece uma equipa própria de
elite", até porque ele próprio esteve quase a correr em solo luso.
Foi quando era ainda sub-23,
tinha "muito contacto com Vidal Fitas" e esteve em várias
concentrações com a formação de Tavira, onde se juntou a nomes como o
compatriota David Blanco ou Ricardo Mestre, Samuel Caldeira ou David
Livramento. "Quase assinei contrato com eles, não o fiz, mas gostava. Porque
não [correr em Portugal]? A Volta a Portugal sigo-a sempre e agrada-me
muito", comenta.
A estrada continua debaixo de
duas rodas até sábado, com quilómetros e quilómetros para pedalar até poder
"aproveitar para estar com a família e descansar", mas as pernas
pesam menos agora do que na Vuelta. "Vou no meu ritmo, como quando quero,
paro quando quero. [...] É importante para mim correr desta forma, corta com o
stress do profissionalismo. Entendo que haja gente para quem o ciclismo seja
apenas um trabalho. Para mim, é muito mais do que isso, é uma paixão e uma
forma de vida", remata.
Fonte: Record on-line
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