Prova de contrarrelógio individual conta com a presença de alguns adeptos ao longo do percurso
Por: Lusa
Foto: Reuters
A prova de contrarrelógio
individual do ciclismo de estrada, no Autódromo Internacional de Fuji, trouxe
um ar de 'feira popular' aos Jogos Olímpicos Tóquio'2020, longe do cinzento de
arenas vazias na capital nipónica.
Em torno da zona de partidas e
chegadas de Fuji, uma das pistas lendárias do automobilismo, encostado ao Monte
Fuji, voltaram as bancas de comida, bebida, pipocas, e a animação há muito
enjeitada devido à pandemia de covid-19.
O ar era de uma normalidade
pré-março de 2020, quando a situação sanitária levou a confinamentos e mais
confinamentos um pouco por todo o mundo, e num país em pleno estado de
emergência nas principais cidades, este foi um alívio.
Já tinha sido assim no sábado,
quando a prova de fundo terminou de novo aqui, e continuou esta quarta-feira em
modo de festa, com os ciclistas a irem partindo um a um, primeiro o pelotão
feminino e depois o masculino, entre eles Nelson Oliveira e João Almeida.
Das bancas de refrigerantes e
até álcool, palavra proibida junto da organização de Tóquio'2020, à variedade
na comida, com todo o tipo de fast food, de ramen instantâneo até aos típicos
corndogs, uma salsicha frita à americana, tão habituais em corridas de
automobilismo.
Atores e dançarinos ensaiavam
flash mobs para entreter miúdos, muitos miúdos, mas também graúdos, homens
trajados de cores vibrantes borrifavam, de bom humor, os mais afetados pelo
calor e a humidade, e o clima era de feira popular.
Longe de uma Tóquio que deixou
as bancadas entregues às comitivas de cada país e de cada modalidade, que têm
feito o que podem para emular uma qualquer arena de competição pré-2020, Fuji
engalanou-se para coroar os últimos campeões de ciclismo de estrada, conhecidos
esta quarta-feira.
Nas bancadas, por outro lado,
o que se via era o colorido habitual de adeptos de vários países, de vários
ciclistas, com japoneses equipados 'à' Julian Alaphilippe, o campeão do mundo
francês que até está ausente da prova, mas também como o belga Wout van Aert,
um dos favoritos.
Um desses exemplos é o
residente em Tóquio Seiichiro Kagemori, de 40 anos, vestido como o campeão
belga, com uma camisola da Jumbo-Visma. "Vejo muito ciclismo, o Wout é o
meu favorito", diz à Lusa.
Kagemori deu expressão à
contrariedade cautelosa da maior parte dos adeptos ouvidos pela Lusa: é
"bom estar de volta às provas desportivas", mas está "muito
preocupado" com a covid-19.
Os sinais eram de tal forma de
outro tempo que até havia lugar a uma sing cam, isto é, uma câmara que focava
em elementos do público que cantavam, ou pelo menos faziam de conta, ou nem
isso, dadas as máscaras, com elementos digitais acrescentados nas imagens
transmitidas para o circuito.
De granizado de várias cores
na mão e sem tirar os olhos da pista está Kanako Takizawa, de 32 anos, uma
"adepta de todos os ciclistas, mas especialmente de Filippo Ganna", o
campeão do mundo que aponta à medalha de ouro.
Também residente em Tóquio, a
nipónica já tinha assistido à prova de fundo, no sábado, que considerou
"muito bem disputada e interessante, com espetáculo". "Gostava
que o Japão recebesse uns Mundiais de estrada a seguir", sonha.
Sobre a presença de público,
também admite estar "um pouco" preocupada, mas não quis deixar de ver
o desporto de eleição, porque "tinha mesmo de ver as corridas" e
seguir com a vida.
Em conversa animada nas
bancadas estão o holandês Laszlo Spiff, ao lado da japonesa Ureda Kamada, ambos
de 18 anos.
"Viemos porque o Tom
Dumoulin pode ganhar isto", admite logo Laszlo, a acabar o secundário
antes de voltar aos Países Baixos para estudar na universidade.
Ureda "juntou-se" e
o fervor do holandês dispara, sobretudo depois da vitória de Annemiek van
Vleuten logo pela manhã. "O Tom deve conseguir o ouro, estou
otimista", garante.
Há "muito tempo" que
o habitante de Kanagawa, com a família, não assistia a uma prova, mas sente-se
"muito seguro". "Isto é ao ar livre, toda a gente está distante,
e se os casos não dispararam, acho que deve ser assim", comenta.
Fonte: Record on-line
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