quarta-feira, 28 de julho de 2021

“Tóquio: Ciclismo faz vibrar bancadas em Fuji em modo 'feira popular'”


Prova de contrarrelógio individual conta com a presença de alguns adeptos ao longo do percurso

 

Por: Lusa

Foto: Reuters

A prova de contrarrelógio individual do ciclismo de estrada, no Autódromo Internacional de Fuji, trouxe um ar de 'feira popular' aos Jogos Olímpicos Tóquio'2020, longe do cinzento de arenas vazias na capital nipónica.

Em torno da zona de partidas e chegadas de Fuji, uma das pistas lendárias do automobilismo, encostado ao Monte Fuji, voltaram as bancas de comida, bebida, pipocas, e a animação há muito enjeitada devido à pandemia de covid-19.

O ar era de uma normalidade pré-março de 2020, quando a situação sanitária levou a confinamentos e mais confinamentos um pouco por todo o mundo, e num país em pleno estado de emergência nas principais cidades, este foi um alívio.

Já tinha sido assim no sábado, quando a prova de fundo terminou de novo aqui, e continuou esta quarta-feira em modo de festa, com os ciclistas a irem partindo um a um, primeiro o pelotão feminino e depois o masculino, entre eles Nelson Oliveira e João Almeida.

Das bancas de refrigerantes e até álcool, palavra proibida junto da organização de Tóquio'2020, à variedade na comida, com todo o tipo de fast food, de ramen instantâneo até aos típicos corndogs, uma salsicha frita à americana, tão habituais em corridas de automobilismo.

Atores e dançarinos ensaiavam flash mobs para entreter miúdos, muitos miúdos, mas também graúdos, homens trajados de cores vibrantes borrifavam, de bom humor, os mais afetados pelo calor e a humidade, e o clima era de feira popular.

Longe de uma Tóquio que deixou as bancadas entregues às comitivas de cada país e de cada modalidade, que têm feito o que podem para emular uma qualquer arena de competição pré-2020, Fuji engalanou-se para coroar os últimos campeões de ciclismo de estrada, conhecidos esta quarta-feira.

Nas bancadas, por outro lado, o que se via era o colorido habitual de adeptos de vários países, de vários ciclistas, com japoneses equipados 'à' Julian Alaphilippe, o campeão do mundo francês que até está ausente da prova, mas também como o belga Wout van Aert, um dos favoritos.

Um desses exemplos é o residente em Tóquio Seiichiro Kagemori, de 40 anos, vestido como o campeão belga, com uma camisola da Jumbo-Visma. "Vejo muito ciclismo, o Wout é o meu favorito", diz à Lusa.

Kagemori deu expressão à contrariedade cautelosa da maior parte dos adeptos ouvidos pela Lusa: é "bom estar de volta às provas desportivas", mas está "muito preocupado" com a covid-19.

Os sinais eram de tal forma de outro tempo que até havia lugar a uma sing cam, isto é, uma câmara que focava em elementos do público que cantavam, ou pelo menos faziam de conta, ou nem isso, dadas as máscaras, com elementos digitais acrescentados nas imagens transmitidas para o circuito.

De granizado de várias cores na mão e sem tirar os olhos da pista está Kanako Takizawa, de 32 anos, uma "adepta de todos os ciclistas, mas especialmente de Filippo Ganna", o campeão do mundo que aponta à medalha de ouro.

Também residente em Tóquio, a nipónica já tinha assistido à prova de fundo, no sábado, que considerou "muito bem disputada e interessante, com espetáculo". "Gostava que o Japão recebesse uns Mundiais de estrada a seguir", sonha.

Sobre a presença de público, também admite estar "um pouco" preocupada, mas não quis deixar de ver o desporto de eleição, porque "tinha mesmo de ver as corridas" e seguir com a vida.

Em conversa animada nas bancadas estão o holandês Laszlo Spiff, ao lado da japonesa Ureda Kamada, ambos de 18 anos.

"Viemos porque o Tom Dumoulin pode ganhar isto", admite logo Laszlo, a acabar o secundário antes de voltar aos Países Baixos para estudar na universidade.

Ureda "juntou-se" e o fervor do holandês dispara, sobretudo depois da vitória de Annemiek van Vleuten logo pela manhã. "O Tom deve conseguir o ouro, estou otimista", garante.

Há "muito tempo" que o habitante de Kanagawa, com a família, não assistia a uma prova, mas sente-se "muito seguro". "Isto é ao ar livre, toda a gente está distante, e se os casos não dispararam, acho que deve ser assim", comenta.

Fonte: Record on-line

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